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DIÁLOGO ENTRE UM HOMEM DA ROÇA E UM CANDIDATO


DIÁLOGO ENTRE UM HOMEM DA ROÇA E UM CANDIDATO - Gente de Opinião

José Amauri Clemente -
2004
Peça teatral - Todos os direitos reservados

Candidato- Boa tarde meu senhor

Com licença, posso entrar?

Matuto- Fique a vontade dotor!

Se quiser pode sentar,

O que o traz a minha sala

Bote aí a sua mala

Sente, vamo cunvessar.

 

- É uma honra dotor

Lhe ver na minha chopana

Acho que vi o sinhô

Ta com umas quatro sumana

Quando me viu deu a mão

È muita satisfação

Vê-lo na minha cabana

 

Candidato

-Pois é meu senhor amigo

Estou aqui novamente

E vim conversar contigo

E fico muito contente

Do senhor me receber

Ouvir o que tenho a dizer

Muito educadamente

 

- Como o senhor deve saber

A eleição está perto

Vim aqui lhe oferecer

Ajuda de peito aberto

Pois eu sou um candidato

A mais um novo mandato

E sei que seu voto é certo.

 

- Durante esse meu mandato

Muita gente eu ajudei

Desde o valente ao pacato

A todos apreciei

Ajudei muitos carentes

Dei remédios aos doentes

Fiz a minha parte bem sei.

 

- Por isso estou confiante

O senhor é sabedor

Quero seguir adiante

Ajudando o eleitor

E quem confiar em mim

Vai ver minha luta sim!

Em favor do agricultor

 

- Tenho plano em minha mente

Pra esse novo mandato

Pra ajudar minha gente

Sempre foi esse o meu ato

É gente como o senhor

Que um fiel eleitor

Que me faz ser candidato

 

- Tenho projeto e plano

Pra fazer esta estrada

Daqui pro final do ano

Falta pouco ou quase nada

Vou lhe trazer energia

Geladeira e água fria

E também água encanada

- A madeira dessa casa

Ta na hora de trocar

Aquele fogão de brasa

Não serve pra cozinhar

Vou dar-lhe fogão a gás

E lhe farei muito mais

Se o senhor em mim votar

Matuto

- Sua cunvessa é bunita

Difícil inté de intender

O sinhô é mermo artista

E Sabe cuma fazer

Agora cum paciênça

Se o sinhô me dé licença

Eu quero lhe responder

  

- Seu dotor me oiça bem

O que tenho pra lhe dizer

Eu sei que não sou ninguém

Pra falar pra vosmicê

Mais hoje criei corage

Num vô lhe dá homenage

Quero só lhe esclarecê.

 

- Esclarecer uns assunto

E lhe preguntar tomem

Agora que tamo junto

Só nós dois e mais ninguém

Me diga com realeza

Por que com tanta riqueza

Tu só ajuda quem já tem

 

- Ta cum quase quato ano

Que o sinhô veio aqui

Se num me foge dos prano

Nesse mermo canto aí

O sinhô me premeteu

Até hoje espero eu

Pra o sinhô me acudi.

 

- Lembro tudo direitinho

A mulé muito doente

Lhe serviu um cafezinho

O sinhô muito contente

Premeteu me ajudar

Bastava só eu votar

Pra no esquecer dagente.

 

- Euvotei no seu partido

E no sinhô cum certeza

Meu voto num foi vendido

Digo isso cum firmeza

Eu votei pruque pensava

Que quando o sinhô falava

Tinha voz de realeza.

 

-Minhamulé já morreu

Por farta de um dotor

Pois ninguém me socorreu

Eu procurei o sinhô

Mais lá do seu gabinete

Nem me mandou um lembrete

Pra ajudar quem votô

 

- Por eu sê anafabeto

Fiquei pelo derradero

Meu fio deixou meu teto

É serventede pedreiro

Trabaia pra um dotor

Assim como é o sinhô

E ganha pouco dinheiro

 

- Pruque que nas inleição

Agente tem tanto valor

Nos dar até refeição

Inchada pro agricutor

E depois que tudo passa

Nem um pacote de massa

Agente ganha do sinhô.

 

- Pode parecer ingano

Mas o sinhô ganha munto

Já faz parte do meu prano

Em lhe tratar desse assunto

Hoje na oportunidade

Pra saber dessaverdade

Por isso que eu lhe pregunto

 

- Pro que qui o sinhô num acode

O pobre necessitado

Miserave que não pode

Nem arrumar um bucado

De cumida pros seus fio

Que vive num disafio

E sem dormir sossegado.

 

- Pruque é que quando passa

As mardita inleição

Rí da gente e acha graça

Passa nem dá cum a mão

Dexa nós no desingando

Só depois de quato ano

Vem nos dá satisfação?

 

- Sabe mermo seu dotor

Fico inté inveigonhado

Pois se eu fosse o sinhô

Ficava mermo calado

E não prometia nada

Pra num armar mais cilada

Pro pobre necessitado

 

- Achei muito interessante

Quando o sinhô chegou

Vistido muito elegante

Me chamou de “meu senhor”

Eu num sô é nada disso

Sô pobre sem compromisso

Sinhô mermo, é o sinhô.

 

- Lhe procurei muitos dia

O sinhô num me atendeu

Talvez pruque num podia

Ou então se esqueceu

Do que disse aí sentado

Ante de ser deputado

Tumando café mais eu

 

-Se quizer café de novo

Eu faço, trago e lhe dô

È assim que trato o povo

Sou apena um eleitor

Se quizer cumida eu boto

Mais num me peça seu voto

Que eu num voto num sinhô

Candidato já nervoso.

 

- Não senhor muito obrigado

Tenho pressa de sair

Vou visitar outros lares

Antes mesmo de partir

Tenho outros eleitores

Tenho que dar-lhe os valores

Depois apareço aqui.

 

Matuto

- Seu dotor pro derradeiro

Deixe eu mostrar seu fracasso

Sei que tem muito dinheiro

Pode até junta de masso

Sou pobre vou lhe dizer

Aquilo que eu prometer

Pode acreditar que eu faço.

 

- Vá im paz fique cum Deus

Pegue aqui na minha mão

Dê lembrança lá aos seus

Candidato as eleição

Sô um caboco sem nada

Más, qué subir procure escada

Mas nas minhas costas não.

Fonte: Lúcio Albuquerque

 

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