Deputados acionam Interpol para investigar assassinato de estudantes na Bolívia

Ainda sob a comoção popular que se transformou as mortes de dois estudantes universitários brasileiros(um acreano e uma estudante do Mato Grosso)s na cidade boliviana de Santa Cruz de La Sierra, os deputados federais Fernando Melo (PT) e Sérgio Petecão (PMN) estiveram ontem, em Brasília, no Departamento de imigração e Assuntos Jurídicos do Itamaraty. O objetivo foi pressionar diretamente a chancelaria brasileira para interceder junto ao Governo boliviano para que investigue a fundo a morte dos estudantes e dê uma resposta convincente aos familiares das vítimas e à própria opinião pública. As mortes ganharam as manchetes da imprensa boliviana e brasileira em virtude da violência utilizada e possíveis ligações com o crime organizado e narcotráfico.

Ex-secretário de segurança pública, o deputado Fernando Melo disse que o importante agora é investigar o envolvimento das vítimas com os autores do crime. Até porque, segundo ele, é possível se tratar de execuções resultantes de acerto de contas entre facções rivais. Por isto mesmo, é preciso alertar e proteger os demais estudantes para que não venham a ser as próximas vítimas em potencial.Para isto, afirmou Melo, a participação da polícia local e consulado brasileiro em Santa Cruz é fundamental para dar um mínimo de segurança aos estudantes brasileiros.Por seu lado, o deputado Sérgio Petecão insistiu que tanto o governo brasileiro quanto a polícia boliviana precisam adotar ações concretas e imediatas até mesmo para dar alguma tranqüilidade aos pais dos estudantes brasileiros,principalmente acreanos, aflitos com as notícias e sem poder estar junto dos filhos.

Diplomacia

A embaixadora Mitzi Gurgel, diretora do Departamento, se comprometeu com os parlamentares a entrar em contato com o consulado de Santa Cruz, acompanhar o desenrolar das investigações e prestar todo o tipo de assistência e informações tanto aos familiares das vítimas quanto aos pais de estudantes brasileiros na Bolívia. A diplomata pediu ainda que todas as informações acerca das vítimas e as circunstâncias das mortes sejam enviadas ao Itamaraty e á própria polícia boliviana. " O Itamaraty fará tudo o que estiver a seu alcance", resumiu. O problema,segundo a diplomacia brasileira, é que muitos estudantes brasileiros se encontram em situação irregular na Bolívia, o que dificulta até mesmo sua identificação para uma ação efetiva do Ministério das Relações Exteriores. Aliás, são os estudantes irregulares, via de regra, que servem de alvo preferencial da bandidagem, muitas vezes achacados e expostos a todo tipo de chantagem.

Em seguida, os deputados rumaram á embaixada da Bolívia para uma audiência direta com o encarregado de Assuntos Consulares,Álvaro Araoz. Na reunião, foi informado que uma irmã da primeira vítima ,o estudante de medicina, jefferson Parro, havia entregue á polícia boliviana uma lista contendo dez nomes de pessoas possivelmente envolvidas no assassinato do estudante e com o crime organizado.O estudante poderia ter sido morto em conseqüência de um acerto de contas devido a um desentendimento com um menor dias antes.O diplomata boliviano Álvaro Araos fez questão de frisar,no entanto, que estes crimes são fatos isolados que não podem comprometer a relação amistosa tradicional entre os dois países. Os deputados, então, decidiram apelar à Polícia Federal para participar das investigações juntamente com a polícia boliviana.

Da embaixada, os dois parlamentares foram direto ao Departamento de Polícia Federal, onde solicitaram a participação direta da instituição na elucidação dos crimes contra os estudantes brasileiros em Santa cruz de La Sierra. Ficou decidido ainda incluir a Interpol nas investigações já que pode se tratar de um plano organizado de intimidação contra estudantes brasileiros.Sérgio Petecão e Fernando Melo resolveram ainda viajar nas próximas semanas para a cidade de Santa Cruz ,onde pretendem conversar diretamente com os estudantes para tentar encontrar uma solução definitiva ao problema que aflige os universitários. 

Fonte: ac24horas