Alerta em RO: Fogo avança para Unidades de Conservação

Os focos de queimadas começam a aparecer dentro das Unidades de Conservação de Rondônia. Situação que tende a piorar muito neste fim de semana com a chegada de uma frente-fria. O sistema frontal deve provocar ventos fortes no Estado, o que contribui para a propagação dos focos já existentes.
Daniel Panobianco - O fogo avança Brasil adentro tomando proporções não vistas há anos. A forte estiagem que atinge grande parte do Brasil contribui para a rápida propagação dos focos de queimadas, inclusive no sul da Amazônia que, ao contrário do que foi divulgado pelos centros de pesquisas locais, de que este ano não teríamos estiagem intensa em Rondônia, o mesmo não pode ser dito, pois a água falta em muitas localidades desde o final de abril. Rios estão secando rapidamente, áreas de represamento não comportam mais a necessidade com o pouco armazenamento e agora, os focos de queimadas assustam no agravante da seca.
Somente na passagem das 10 horas desta sexta-feira, os satélites detectaram em todo o Brasil, mais de mil focos de queimadas, a maioria no centro-norte brasileiro. Um outro ponto importante de incêndio foi observado ao sul de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, o que em Rondônia - conforme a direção dos ventos - contribui para o aumento da fumaça nas camadas mais elevadas da atmosfera.
Durante a última passagem na noite desta quinta-feira, os mesmos satélites detectaram um grande perigo em Rondônia: Fogo nas UCs (Unidades de Conservação) do Estado.
Segundo dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que disponibiliza dados on-line a usuários cadastrados na instituição, em solo rondoniense o fogo atingiu parte das seguintes UCs:
- Reserva Biológica do Cuniã – pertencente ao município de Porto Velho, às margens do rio Madeira, já na divisa com o Estado do Amazonas.
- Reserva Biológica do Jaru – pertencente aos municípios de Ji-Paraná e Vale do Anari, no leste do Estado.
- Parque Nacional do Pacaás Novos – pertencente aos municípios de Governador Jorge Teixeira, Alvorada d’ Oeste e São Miguel do Guaporé, no centro-oeste do Estado.
Em todas essas áreas foram detectados mais de dois focos de queimada, com maior registro na Reserva Biológica do Cuniã, com 6 focos ao todo.
Na reserva Biológica do Jaru, foram 2 focos de queimadas observados dentro do município de Vale do Anari.
Já no Parque Nacional dos Pacaás Novos, o fogo atingiu uma grande área dentro do município de São Miguel do Guaporé.
Todas essas áreas, reservas, parques e florestas são protegidos por leis estaduais e federais, com a única finalidade de preservar a região, como um santuário ecológico do ecossistema de Rondônia. Acontece que todos os anos, fazendeiros da região que utilizam o fogo para a limpeza de área para a renovação de pastagem e até mesmo a queima da floresta na expansão agrícola, perdem o controle ao colocar fogo na mata e em conjunto com a longa estiagem, os focos se proliferam rapidamente. O mesmo aconteceu ano passado em parte da Reserva Biológica do Jaru, que teve a floresta intacta totalmente tomada pelo fogo, com morte de milhares de espécies de animais.
Mesmo sendo uma área protegida por lei, seja ela estadual ou federal, o risco de fogo é eminente, ainda mais com uma longa estiagem como esta de agora, em que os pesquisadores locais teimam em dizer que está tudo normal, tudo dentro da média.
Agora é tempo sim de tempo seco e de fogo em Rondônia, mas acontece que o período de estiagem começou muito antes do calendário normal. Já no mês de abril, a água das chuvas não caia em diversos municípios, o que agora veio a contribuir para a catástrofe avistada bem antes.
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