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Política - Nacional

Vazio de poder ameaça integridade da Amazônia


 

Deputados e senadores vão à Amazônia e comprovam a ameaça à soberania da região. 


CHICO ARAÚJO
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BRASÍLIA — O vazio de poder na Amazônia é uma ameaça à soberania brasileira sobre aquela região. O alerta vem de um grupo de deputados e senadores que, na semana passada, visitou a Amazônia a convite do Comando do Exército. "Essa parte do Brasil, maior que a Europa, não pode continuar com um vazio de poder", alertou o deputado Ruy Pauletti (PSDB-RS), em discurso nesta segunda-feira na Câmara.

Para ele, a atuação do Estado brasileiro deve ser mais forte na Amazônia, "uma região cobiçada por forças internacionais". "Lá (na Amazônia) se encontra grande parte dos interesses nacionais, representado não só pelas ONGs, mas por pessoas que, dentro de nosso País, tramam, para que a Amazônia seja considerada patrimônio nacional. A Agência Amazônia tem alertado constantemente sobre o vazio do Estado naquela região.

"Cheguei hoje mais guerreiro da selva, mais amazônida. Recebi um banho de conhecimentos e cheguei mais solidário com a causa da Amazônia", afirmou, em seguida, o deputado Vital do Rego Filho (PMDB-PB), outro que visitou a região. A comissão, formada por dez deputados e o senador Magno Malta (PR-ES), passou 48 horas na Amazônia. Ali, eles foram recebidos pelo chefe do Comando Militar da Amazônia (CMA), general-de-Exército Augusto Heleno Pereira. Do general, os deputados ouviram um relato dramático das dificuldades enfrentadas pelas Forças Armadas na região. 

Vazio de poder ameaça integridade da Amazônia  - Gente de Opinião
Rego Filho quer Exército equipado /GILBERTO NASCIMENTO
Rego Filho explicou que o general Heleno falou das dificuldades, mas o fez com "uma empolgação, uma brasilidade e um nacionalismo que encantou a todos". Além de conhecer a realidade da tropa, os deputados ainda assistiram verdadeiras missões humanitárias empreendidas pelos militares na fronteira brasileira. Tiveram conhecimento, por exemplo, que um fuzil usado pelos militares que atuam na Amazônia tem mais de 40 anos de uso, enquanto os países vizinhos — é o caso da Venezuela — estão cada vez mais armados.

"Não estamos preparados para a guerra. Somo um País de paz, mas precisamos ter um mínimo de condições bélicas para superar as ameaças, que não são institucionais, mas vêm pela droga e pelo contrabando de madeira, por todos esses efeitos", lembrou Rego Filho. A reestruturação das Forças Armadas é uma necessidade porque, segundo o deputado, em muitas áreas da Amazônia a única presença viva do Estado brasileiro está no Exército. Nessas áreas os militares se ocupam, além da segurança, de servir os seus e ao povo.

Ameaça de internacionalização

Ele reconhece que não é fácil fazer uma vigilância em mais de 11 mil quilômetros de fronteira com apenas 28 mil homens. Para o deputado, esse contingente é insuficiente para garantir a segurança da Amazônia. Para justificar o aumento do efetivo na Amazônia, Rego Filho utilizou o exemplo da fronteira do México com os Estados Unidos. A região, de apenas 2,5 mil quilômetros, é vigiada pelo triplo de militares que o Brasil tem para vigiar as fronteiras amazônicas.

Assustado com a situação, o deputado alertou que a Amazônia corre perigo diante do vazio de estado. "Estamos diante de diversas ameaças: da biopirataria, do narcotráfico, da internacionalização da Amazônia; ameaça, muitas vezes, subliminar de algumas organizações que estão trabalhando de forma sorrateira nesse sentido". Para Régio Filho, o Brasil enfrenta sérias e graves ameaças à sua soberania. "A Amazônia é nossa, é do povo brasileiro e dos seus representantes que têm que guardá-la".

Átila Lins, do PMDB do Amazonas, também concorda com as posições levantadas pela comissão de deputados e senadores que foi à região. "É preciso uma ação mais efetiva em defesa da Amazônia. O Brasil precisa conhecer as necessidades da Amazônia e defender a região", disse. Para Lins, o governo brasileiro precisa urgentemente adotar medidas para integrar efetivamente a Amazônia ao Brasil. "Não entregar, mas integrar com ações efetivas, com plano de desenvolvimento exeqüível para garantir dignidade aos 22 milhões de brasileiros que lá vivem".

Lins admite que a região corre risco de internacionalização. "Percebemos que há um forte interesse internacional pela Amazônia — que é nossa — e, por isso, precisamos cuidar melhor daquela região" .

Viciado em Amazônia

Para Alceni Guerra (DEM-MG), ex-ministro da Saúde do governo Collor, o governo brasileiro precisa preciso encontrar, com muita inteligência e sabedoria, maneiras de desenvolvermos a população da Amazônia e levá-la ao progresso sem entregarmos esse patrimônio, que é a nossa floresta amazônica, a nossa riqueza vegetal.

Em aparte a Lins, Guerra confessou ter ficado "viciado" em Amazônia no período em que fui ministro de Estado. "Tínhamos lá dois graves problemas: a cólera entrando pela água, por Tabatinga, invadindo a Amazônia inteira e, logo acima, uma província de ianomâmis com febre amarela", contou. Naquela época, assuntos envolvendo ianomâmi significava primeira página de qualquer jornal do mundo. Por conta desse fator, Alceni diz que evitou não anunciar ao Brasil a febre amarela entre os ianomâmis.

"Optei por trabalhar em silêncio. Levei equipes do Brasil inteiro. Vacinamos 4 mil índios ianomâmis na selva, em silêncio. No dia da minha saída do ministério, atrevi-me a contar e ganhei do Conselho Federal de Medicina um processo de expulsão e cassação do meu registro médico porque não havia notificado a febre amarela entre os ianomâmis", contou.

Guerra disse que, devido ao problema, andei pela Amazônia durante meses e meses de helicóptero, barco, avião. "Foi aí conheci um pouco da Amazônia e aprendi a amá-la".

Jobim depõe na quarta

Na quarta, 31, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, vai depor na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara. Ele foi convocado para falar da remuneração dos militares federais e aparelhamento das Forças Armadas. Jobim foi convocado a pedido do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). Hoje, a remuneração média dos militares é a menor entre os servidores da União.

Além de ganhar mal, o militar não usufrui dos mesmos direitos trabalhistas que os civis. Eles, por exemplo, não pode se sindicalizar, fazer greve ou qualquer outro tipo de manifestação, e nem direito ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.

Fonte: A Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião

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