Quinta-feira, 5 de março de 2009 - 06h37
Por Thalif Deen, da IPS
Nações Unidas O trabalho das mulheres em suas casas continua sendo, além de gratuito, "invisível e incomensurável", afirmou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon. A maioria das tarefas domésticas, entre elas cozinhar, limpar e cuidar dos membros da família, são desempenhadas por mulheres que nada recebem por isso, recordou a ONU em um informe. "Em muitas regiões, o trabalho na casa inclui coleta de água e lenha, cultivo de alimentos e cuidados de pequenos rebanhos", acrescenta o estudo, apresentado na sessão anual da Comissão das Nações Unidas sobre o Estatuto da Mulher.
Nesse estudo, de 20 páginas, Ban considera que não se reconhece nem avalia a contribuição deste trabalho invisível ao desenvolvimento social e econômico, apesar de ser essencial para a reprodução da força de trabalho e para o bem-estar das sociedades. Também alerta que a iniqüidade e a discriminação baseadas em gênero contribuem com o persistente desequilíbrio na divisão do trabalho entre homens e mulheres, e que perpetuam os estereótipos do "macho provedor" e da "encarregada de cuidar da família". Assim, "o potencial de mulheres e meninas para participar da educação, capacitação, mercado de trabalho e esfera pública se restringe", acrescenta.
A Organização Internacional do Trabalho avalia que a participação das mulheres no mercado de trabalho remunerado cresceu significativamente, até chegar a 46,4% em todo o mundo em 2007. Mas, sua parte no trabalho doméstico não-pago é desproporcional. As mulheres tendem a trabalhar muito mais horas por semana do que os homens, se somarmos a atividade remunerada e a não remunerada, e têm, como consequência, menos tempo para o lazer e o sono. Os homens têm mais tempo de trabalho remunerado, segundo a OIT.
O tempo dedicado pelas mulheres ao trabalho não remunerado em casa mais do que duplica o dos homens, concluiu o Instituto de Pesquisas sobre Desenvolvimento Social da ONU após analisar a situação em na Argentina, Coréia do Sul, Índia, Nicarágua, África do Sul e Tanzânia para um estudo publicado no ano passado. Mais da metade das latino-americanas sem emprego e entre 20 e 24 anos mencionaram as atividades que realizam gratuitamente em casa como a principal razão de estarem excluídas do mercado de trabalho remunerado, segundo a Comissão Econômica da ONU para a América Latina e o Caribe (Cepal).
Os estudos especializados sugerem que a participação dos homens no trabalho doméstico avança com lentidão, menos em países como Canadá e Dinamarca. As autoridades canadenses incluíram em seus formulários de censo, desde 1996, perguntas sobre as três áreas de trabalho não remunerado principais: trabalho doméstico, cuidado com as crianças e dos idosos. "O secretário Ban e eu estamos fortemente comprometidos com a igualdade de gênero, o poder das mulheres e o importante trabalho desta Comissão", disse segunda-feira, na abertura da sessão da conferência em Nova York, a subseceretária-geral das Nações Unidas, Asha-Rose Migiro.
Migiro aplaudiu a determinação da comissão de se concentrar em suas duas semanas de sessão na questão de homens e mulheres dividirem igualmente as responsabilidades, principalmente o cuidado com as crianças e os doentes no contexto da pandemia de Aids. "O desequilíbrio e a iniqüidade em compartilhar essas tarefas entre homens e mulheres persiste na esfera pública e na privada, e também no trabalho remunerado e não remunerado", acrescentou a subsecretária-geral. A maioria do trabalho em casa e do cuidado dos familiares nos países industriais e em desenvolvimento é feito por mulheres e crianças, alertou Migiro. Isso, acrescentou, restringe as oportunidades de emprego, educação, capacitação e participação na vida pública.
Isto ocorre apesar de segundo Migiro os homens estarem obrigados a ter um papel ativo em suas famílias, que, como as comunidades e sociedades, sofrem as consequências de suas omissões. A pandemia de Aids ilustra claramente a necessidade de muitos atores da vida social incluídos Estado, setor privado e sociedade civil participarem no cuidado dos mais necessitados. Trata-se afirmou de uma tarefa urgente que exige um enfoque exaustivo.
"Devemos reconhecer o trabalho não remunerado e o cuidado desempenhados em casa e em nível da comunidade, e valorizar sua contribuição ao desenvolvimento social e econômico. Isso obriga a melhorar as medições desse trabalho nas contas nacionais", disse Migiro. Mas, além disso, "Devemos reduzir a carga de tempo e de esforço que essas tarefas consomem" das mulheres, acrescentou. Com este objetivo é preciso investir em melhorar a qualidade e a disponibilidade de serviços de cuidados de crianças, idosos, doentes e incapacitados, bem como o acesso ao transporte, à água potável, ao saneamento e à energia.
"Também devemos atender as responsabilidades de mulheres e crianças no cuidado da casa, devido à pandemia de Aids, e encontrar mecanismos para fortalecer o papel dos homens", disse a funcionaria da ONU. "Além do mais, devemos aprovar e implementar normas e políticas que promovam a reconciliação do trabalho remunerado e as responsabilidades familiares, tanto para homens como para mulheres", concluiu Migiro.
Fonte: IPS/Envolverde
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