Queda na proporção de brasileiros católicos reflete distanciamento da realidade da população

Sabrina Craide*
 Agência Brasil

A redução da proporção de católicos no país é reflexo das posições da Igreja Católica, cada vez mais distanciadas da realidade do país, na avaliação da antropóloga Christina Vital, pesquisadora do Instituto de Estudos da Religião (Iser). Pesquisa divulgada esta semana mostrou que o número de católicos no país continua caindo.

Nesse sentido, para a pesquisadora, a escolha do Brasil para sediar a 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe pode demonstrar um investimento do Vaticano no país. “O papado é uma organização religiosa, mas é também um centro político muito importante. Então, as tomadas de decisão são sempre muito estratégicas do ponto de vista político e religioso”, afirma.

Sobre a migração de católicos para as igrejas evangélicas, a pesquisadora acredita que haja uma "falta de diálogo com o povo" por parte da Igreja Católica. Segundo ela, as posições do Vaticano estão muito distantes da realidade atual da população. “Enquanto a Igreja Católica ainda se posiciona contra a relação sexual antes do casamento e métodos anticoncepcionais, a sociedade cada vez mais vem falando de experiências de morar junto antes de casar. Isso implica no rompimento com um dogma”, diz Vital.

A pesquisadora acredita que as pessoas deixaram de declarar que são católicas pelo simples fato de estarem no Brasil, como acontecia décadas atrás, e estão em busca de novas identidades religiosas. “Antigamente, se nascesse no Brasil já era considerado católico, não precisava freqüentar a igreja, participar de liturgia para ter uma identidade católica”, diz ela.

* colaborou Aline Bravim