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Política - Nacional

PMDB e atuais prefeitos são os maiores vencedores das eleições



Com a eleição definida em 5.517 dos 5.563 municípios do País, o PMDB é o partido que mais elegeu prefeitos. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a legenda soma 1.200 prefeitos eleitos, contra 784 do PSDB, 548 do PP, 546 do PT, 497 do DEM e 413 do PTB. Avaliando-se apenas as capitais, o PT alcançou 6 prefeituras, das 15 disputas que foram definidas no primeiro turno. PMDB, PSDB e PSB venceram em duas capitais cada um.

O resultado, segundo alguns cientistas políticos, representa uma vitória para os partidos que apóiam o governo federal, ainda que a capacidade de transferência de votos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva possa ser questionada. O índice de reeleição também foi relevante, e é explicado em parte pelo bom desempenho da economia nos últimos quatro anos, favorecendo as administrações municipais que ampliaram a capacidade de gastos. "Aconteceu o que chamamos de efeito bem-estar, que favorece os prefeitos que estão no poder", acredita o cientista político Paulo Kramer. Nas capitais, já no primeiro turno, 13 prefeitos conseguiram se reeleger, e os outros sete que entraram na disputa foram para o segundo turno.

Esse "fenômeno" ajudaria a explicar ainda o "baixo grau" de vitórias verificado entre os parlamentares que disputaram a cadeira de prefeito. Dos 93 deputados que disputaram as eleições municipais no último domingo, 13 foram eleitos no primeiro turno (13,9%) e 14 disputarão o segundo turno, marcado para o dia 26 de outubro. Desses, 10 encabeçam a chapa e quatro concorrem pela vice-prefeitura. Nas eleições de ontem, 3 senadores também estavam na disputa, mas nenhum obteve vitória ou conseguiu ir para o segundo turno.

Em 2004, 11 dos 85 deputados que concorriam às eleições foram eleitos em primeiro turno, ou seja, 12,9% do total, um ponto percentual a menos do que na disputa do último domingo.

Dificuldades

Para o cientista político David Fleischer, muitos deputados já haviam percebido o "ambiente favorável à reeleição dos atuais prefeitos" e nem chegaram a disputar o cargo. Além disso, ele lembra que, em muitos casos, os parlamentares disputaram entre si nos mesmos municípios, como é o caso de Porto Alegre, onde os deputados Maria do Rosário (PT-RS), Manuela D'Ávila (PCdoB-RS), Luciana Genro (Psol-RS) e Onyx Lorenzoni (DEM-RS) concorreram contra o atual prefeito da capital, José Fogaça (PMDB). A apuração levou Fogaça e Maria do Rosário para o segundo turno.

Já o cientista político Ricardo Caldas acredita que o baixo índice de eleição dos parlamentares reflete "a desmoralização da classe política, que se acelerou nos últimos dez anos". Segundo Caldas, os eleitores também tendem a preferir os políticos com carreira local em detrimento daqueles que se lançam em disputas nacionais e "se contaminam" em Brasília.

Fortalecimento do governo

Em relação à distribuição das forças políticas, David Fleischer considera que a base aliada ao governo federal saiu vitoriosa da disputa, ainda que o presidente Lula não tenha conseguido transformar seus altos índices de popularidade em vitórias dos candidatos petistas no primeiro turno em locais "estratégicos", como São Paulo e São Bernardo do Campo (SP).

Fleischer cita algumas disputas "emblemáticas" para explicar a opção do eleitorado nas últimas eleições. A principal, destaca, foi o caso de Belo Horizonte, onde o candidato Márcio Lacerda (PSB) será forçado a disputar o segundo turno com o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), mesmo tendo recebido apoio do governador Aécio Neves (PSDB) e do atual prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT). "O resultado de Belo Horizonte afetou bastante o cacife político do Aécio Neves, e se o PMDB ganhar vai ficar muito bem posicionado para retomar o governo estadual, daqui a dois anos", disse o cientista político.

Em relação a Salvador, onde o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA) liderava as pesquisas, mas ficou de fora do segundo turno - que será disputado entre o atual prefeito, João Henrique Pinheiro (PMDB), e o deputado Walter Pinheiro (PT-BA) -, Fleischer tem uma explicação religiosa: "A Igreja Católica se manifestou contrariamente à postura de ACM Neto, que divulgou fotos suas com o papa, com o bispo e usou muitos argumentos religiosos em sua campanha. Talvez isso ajude a explicar sua queda".

Acordo

Ricardo Caldas considera que o resultado de Belo Horizonte demonstra que o eleitorado não aceitou "um acordo de elite" entre o governador de Minas e o prefeito da capital. Para Caldas, Aécio Neves "colocou seus planos pessoais de disputar a Presidência da República acima de qualquer lógica e de qualquer interesse da sociedade".

O cientista político acredita que o resultado de Salvador foi "a maior decepção" que o DEM sofreu e obriga os partidos de oposição a reverem suas estratégias para as próximas disputas eleitorais. "Os nomes da oposição estão enfraquecidos e, se ela quiser ter chances em 2010, vai ter que rever parcerias e estratégias."

Fonte: Agência Câmara

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