Terça-feira, 19 de março de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Política - Nacional

Petrobras quer manter controle na Bolívia


Agência o Globo BRASÍLIA - A Petrobras sairá da Bolívia, em uma retirada traumática, caso o governo do país insista em desapropriar sem acordo as refinarias que a estatal mantém no país. A ruptura nas negociações é considerada inaceitável pelo governo brasileiro e levará a uma " deterioração " nas relações bilaterais, segundo avisou o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente boliviano, Evo Morales, em tensa reunião que tiveram na terça-feira, durante Cúpula Sul-Americana de Energia, na Venezuela. Lula apóia a decisão da Petrobras de recusar permanecer com as refinarias, se o governo local não lhe der o controle das operações. Uma ruptura levará o Brasil não só a cancelar os investimentos na Bolívia como a desaconselhar outros países a investir no país, alertou Lula a Morales. A Petrobras até aceita a decisão da Bolívia de assumir a maioria acionária nas refinarias Gualberto Villaroel, em Cochabamba, e Guillermo Elder Bell, em Santa Cruz de La Sierra. Mas, para permanecer no país, como sócia minoritária, a Petrobras exige manter o controle operacional das instalações. Caso contrário, sairá do país, levando consigo os programas de computador, de sua propriedade, que permitem a operação eficiente das refinarias. A data limite para um acordo, fixada por Morales, é 1 de maio. E as ameaças de ambos os lados mostram como a discussão sobre o controle das refinarias é tão ou mais importante, para a Petrobras, quanto o preço a ser pago pelas ações desapropriadas pelo governo boliviano. Sem os programas (softwares) da Petrobras, a Bolívia até poderá operar as instalações, mas terá de pedir ajuda externa, e, certamente, terá problemas e perderá eficiência. A nacionalização é um direito da Bolívia, mas a Petrobras não pode correr o " risco " de ter seu nome envolvido em algum acidente provocado por erros de operação das refinarias, argumenta um assessor direto do presidente Lula. É a reputação da empresa que estaria em jogo, na opinião dos ocupantes do Planalto, que tem dado apoio total à Petrobras, no endurecimento com os negociadores bolivianos. Para abrir uma janela de negociação, porém, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, foi encarregado de manifestar boa vontade do governo brasileiro em chegar a um acordo, e minimizar publicamente a crise entre os dois governos. Em La Paz, o próprio Morales negou que tenha sido tensa a reunião com Lula, questionando o relato do jornal " Folha de S. Paulo " , o primeiro a noticiar o conflito na reunião durante o encontro bilateral na Venezuela. " É totalmente falso, com o companheiro Lula temos muita amizade e coincidências " , garantiu Morales. " Não há diferenças que possam aparecer no Brasil como uma briga com o companheiro Lula " , disse o presidente boliviano, ao garantir ter " respeito e admiração " pelo brasileiro, segundo noticiou a agência oficial de informações da Bolívia, segundo a qual o encontro dos dois presidentes teria ocorrido em clima de " cordialidade e respeito mútuo " . O prazo apertado para uma solução em torno das refinarias assumiu o primeiro plano, mas há outros conflitos graves entre Brasil e Bolívia no processo de nacionalização. Está em vigor, na Bolívia, a resolução 255, de Evo Morales , que obriga a Petrobras a dar prioridade ao abastecimento interno. A resolução, segundo calcula a empresa, deverá provocar prejuízos para a Petrobras, ao multiplicar por dez o volume hoje fornecido ao mercado boliviano pelos campos de San Alberto e San Antonio, e exigir o corte de cerca de três milhões de barris no volume direcionado ao mercado brasileiro, que paga mais pelo produto. Na avaliação do governo brasileiro, a produção atual de gás na Bolívia é insuficiente para atender ao mercado interno e cumprir os compromissos já assumidos pelo governo boliviano, de abastecimento do Brasil e Argentina. A resolução 255 funcionaria, assim, como uma forma de obrigar a Petrobras a investir pesadamente no aumento de capacidade de produção, direcionar seu fornecimento ao mercado interno, mais barato, e deixar a fatia mais lucrativa do negócio, a exportação, com outras empresas, especialmente a Chaco, controlada pela British Petroleum. Lula disse a Morales que pensava ter resolvido esse problema, ao concordar com o aumento no preço do gás fornecido pela Bolívia ao Brasil, em acordo firmado há alguns meses. Morales prometeu a Lula que, se for necessário tomar as refinarias da Petrobras, isso será feito sem o aparato militar, com tropas do Exército, que foi usado quando anunciada a nacionalização do setor de hidrocarbonetos, há cerca de um ano. Lula recebeu a informação com irritação. Sem acordo com a Petrobras, o Brasil não investirá mais nem um centavo no país, segundo garante um bem situado auxiliar do presidente. Haverá deterioração nas relações entre os dois países, e consequências danosas para os investimentos internacionais na Bolívia, que deixariam de ser recomendados pelo brasileiro. (Sergio Leo | Valor Econômico)

Gente de OpiniãoTerça-feira, 19 de março de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

STF tem maioria para determinar recálculo de cadeiras na Câmara dos Deputados

STF tem maioria para determinar recálculo de cadeiras na Câmara dos Deputados

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou nesta sexta-feira (25) maioria de votos para determinar que a Câmara dos Deputados faça a redistribuição do

Governo Federal se compromete a incluir plano de carreira da ANM na LOA 2024

Governo Federal se compromete a incluir plano de carreira da ANM na LOA 2024

O Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (SInagências) conseguiu uma solução direta do governo após intensa articulaç

Deputado estadual Pedro Fernandes será o relator da CPI das Reservas em Rondônia

Deputado estadual Pedro Fernandes será o relator da CPI das Reservas em Rondônia

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Reservas foi instaurada em Rondônia para investigar possíveis irregularidades nos processos de criação

Ministro Paulo Pimenta trata sobre parceria entre Rede IFES de Comunicação Pública, Educativa e de Divulgação científica com a EBC e o Governo Federal

Ministro Paulo Pimenta trata sobre parceria entre Rede IFES de Comunicação Pública, Educativa e de Divulgação científica com a EBC e o Governo Federal

Na tarde dessa segunda-feira (06), o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (SECOM), Paulo Pimenta, esteve r

Gente de Opinião Terça-feira, 19 de março de 2024 | Porto Velho (RO)