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Política - Nacional

'Os índíos têm também o direito de mudar', diz antropólogo


Josy Fishberg - Agência O Globo RIO - O antropólogo Samuel Maurício de Oliveira Wanderley morou por alguns anos na terra indígena Caramuru-Catarina Paraguaçu, aldeia dos índios Pataxó-Hãhãhãe, no sul da Bahia. Formado pela Universidade Federal da Bahia, ele chegou ao local para realizar um projeto de ação etno-ambiental pela universidade. Hoje, Samuel trabalha com a ONG Thydewas, responsável pelo projeto "Índios on-line", coordenando uma oficina de etno-economia. O GLOBO - Qual é a importância da internet para os índios Pataxó-Hãhãhãe? Samuel Maurício - Ela é importante porque permite o contato com o mundo. Os índios podem expor seus pontos de vista de uma maneira nova. Antes vinham antropólogos e jornalistas, que relatavam o que se passava por aqui e as histórias desses índios. Agora são eles próprios que falam. Além disso, a internet, neste caso, dá a possibilidade de um contato inter-étnico muito forte, já que são várias etnias participantes. É possível dizer que ao longo dos anos, com as expropriações e retomadas de terra na região, os Pataxó-Hãhãhãe perderam parte de suas tradições? SM - Eles não perderam a identidade, é importante que seja dito. Mas todas as culturas mudam, nenhuma cultura é estática. Não se pode achar que os índios vivem todos no mato e andam de tanga porque eles estão em contato com o resto do mundo. Hoje o mundo é globalizado e nós mudamos. Por que eles não têm o direito de mudar? Isso não quer dizer, em hipótese alguma, que deixaram de ser índios. Eles "ressimbolizam" os elementos externos trazidos para o ambiente indígena. Eles estão "indianizando" uma porção de coisas. Um exemplo: esses índios estão reincorporando, hoje, as áreas que estavam nas mãos de fazendeiros. Já existe uma estrutura fundiária implantada, uma região dividida em fazendas, e é desta forma que a terra é devolvida para eles. Eles estão procurando trazer isso para dentro da realidade indígena. Há ainda muito preconceito? SM - Os índios Pataxó-Hãhãhãe, assim como todos os do Nordeste, foram os primeiros a ter contato com o homem branco. Os da Amazônia tiveram um contato posterior. Por isso, eles ainda trazem traços culturais que remetem ao passado, são sociedades que mudam mais lentamente. O preconceito nas cidades grandes vem de não conhecer o objeto. As pessoas olham esses índios e se assustam porque esperavam encontrar índios amazônicos. Então, o primeiro contato é chocante. O índio usa celular, relógio, computador. E isso é ótimo, não tem que ser visto como algo ruim.

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