Quarta-feira, 17 de dezembro de 2014 - 09h54
Em 2003, camponeses organizaram o acampamento Canaã em terras públicas abandonadas, cortaram os lotes por conta, distribuíram entre si, construíram suas casas e iniciaram a produção. Segundo um antigo funcionário do Incra, o Canaã é a área camponesa mais produtiva de Rondônia. Toda semana saem 2 caminhões de banana e a produção diária de leite chega a 2.200 litros. Este ano foram colhidos 150 sacas de café e 600 quilos de cacau, apenas em uma safra. Produzem ainda vários outros cultivos, frutas e animais.
As famílias debatem seus problemas e decidem as soluções em assembleias, dividem tarefas, se organizam. Assim construíram e reformaram estradas e pontes e estão em vias de conseguir a energia e a construção de uma escola do pré ao 5º ano dentro da área. Trabalham coletivamente, alfabetizam jovens e adultos, realizam festas, atividades culturais e religiosas e vão aprofundando suas raízes e sua união.
Tudo o que conseguiram foi sem ajuda de governo algum, apenas com o esforço dos camponeses do Canaã e das duas áreas vizinhas Raio do Sol e Renato Nathan 2. Juntas, são mais de 200 famílias que enfrentam estradas péssimas, sem energia elétrica, sem assistência técnica e com o fantasma do despejo perturbando a paz dos trabalhadores.
Policiais atuam junto de pistoleiros a serviço de latifundiários em Buritis
Há mais de vinte anos o Incra criou assentamentos da reforma agrária nas Glebas Rio Alto e São Sebastião, que somam aproximadamente duzentos mil hectares e se estende por 7 municípios: Governador Jorge Teixeira, Campo Novo de Rondônia, Buritis, Monte Negro, Cacaulândia, Jaru e Mirante da Serra. As terras foram cortadas em lotes de 50 hectares e poderiam atender até 4 mil famílias. Mas nenhum camponês foi assentado, a maior parte delas hoje é latifúndio ou média propriedade. Comenta-se na região que latifundiários grilaram estas terras com ajuda de funcionários do Incra.
Cansados de esperar pela reforma agrária falida do governo, camponeses organizam tomadas de terra para conseguirem o sagrado direito à terra para nela viverem e trabalharem. Vários acampamentos foram organizados nestas terras, como o Rio Alto, Monte Verde e 10 de maio. Os trabalhadores são perseguidos e punidos com despejos violentos, agressões e ameaças de pistoleiros e policiais a serviço de latifundiários como Mirco Élis, o ex-deputado Jair Mioto, o delegado da Polícia Civil Antônio Garçon Sobral e o ex-presidente da OAB Hélio Viera, acusado de desviar recurso de fundo de professores estaduais.
No final de novembro, o camponês Luiz Carlos da Silva desapareceu de seu sítio, vizinho de uma propriedade do latifundiário Jair Mioto. Infelizmente, este não é o primeiro camponês que desaparece na região. A família do trabalhador registrou ocorrência, mas as polícias se negaram a procurá-lo. O cunhado de Luiz Carlos denunciou o descaso na televisão e pouco depois teve sua casa queimada. Familiares e vizinhos do camponês fecharam a rodovia RO-421 por várias horas e com isso conseguiram denunciar amplamente o desaparecimento. Só então, as polícias procuraram por Luiz Carlos, mas sem sucesso.
E agora a polícia está realizando rondas nas estradas, pressionando e intimando trabalhadores para depor, prendendo camponeses. Como sempre, nada foi feito contra latifundiários e seus bandos de pistoleiros.
Política agrária do governo federal é mais repressão aos camponeses
Durante a campanha presidencial, nenhum candidato sequer citou a reforma agrária, nem como demagogia. Assim que acabou a farsa das eleições, o governo Lula/Dilma/PT aumentou a repressão contra a luta camponesa. A indicação da líder da bancada ruralista, Kátia Abreu, para ministra da Agricultura assanhou ainda mais a violência dos latifundiários. E não podia ser diferente aqui em Rondônia, que ao lado do Pará, assumem o vergonhoso posto de campeões da violência contra camponeses.
A política agrária do governo federal é comandada por Gercino José, Ouvidor Agrário Nacional. Sua “Comissão Nacional de Combate à Violência no Campo” já teve quase 800 reuniões, com o objetivo declarado de combater violência dos trabalhadores e dos latifundiários. Mas na verdade, promovem, encobrem, avalizam e favorecem a violência do Estado e dos latifundiários contra os pobres no campo. As soluções que apontam são enviar tropas armadas para guerra, inclusive a Polícia Federal, Força Nacional de Segurança e o Exército, que tomam espingardinhas, motosseras e motos dos camponeses. Nunca latifundiários, seus gerentes e pistoleiros são presos, nem seus arsenais de armas modernas são apreendidos. O nome pomposo de tal Comissão é para esconder a realidade: durante os 12 anos de governo PT aumentou a violência contra os camponeses pobres, aumentou o número de assassinatos de lideranças e ativistas.
Enquanto isso, o governador Confúcio/PMDB e a presidente Dilma/PT estão atolados em escândalos de corrupção que desviaram bilhões dos cofres públicos...
Exigimos o fim da repressão e perseguições contra os camponeses em luta pela terra. Exigimos o fim do despejo e a regularização imediata das posses das terras pelos camponeses do Canaã e todas outras áreas camponesas. Exigimos a entrega de todos os lotes das Glebas Rio Alto e São Sebastião a camponeses sem terra ou com pouca terra. Exigimos a apuração e punição dos responsáveis pelo desaparecimento do camponês Luiz Carlos.
Assim como qualquer direito do povo, só conseguiremos estas exigências se lutarmos unidos, camponeses de todos acampamentos e áreas, estudantes, professores, trabalhadores da cidade, pequenos comerciantes, democratas e pessoas de bem. Ajudem a pressionar o governador Confúcio Moura, o Ouvidor Nacional Gercino José e a presidente Dilma, responsáveis diretos pela violência contra os camponeses.
Queremos terra, não repressão!
Lutar pela terra não é crime!
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