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Política - Nacional

Jornalistas cobram mudanças profundas do Congresso



Mário Coelho - Congresso Em Foco
 
O Congresso precisa ser mais transparente em seus atos e vencer urgentemente o corporativismo dos parlamentares, que impede a adoção de medidas moralizadoras, sob o risco de não se reconciliar com a sociedade. A necessidade de mudanças profundas na estrutura do Parlamento brasileiro conduziu as discussões da audiência pública Ética e Transparência nos Poderes da República, promovida hoje (18) na Câmara, com a participação de jornalistas, mais de 20 parlamentares de representante de uma ONG.
 
Para o consultor do Contas Abertas Gil Castello Branco, a falta de transparência nas informações públicas no Brasil ocorre por causa de uma confusão entre o público e o privado. Gil citou a declaração recente de um parlamentar, que afirmou que não vai colocar informações sobre os gastos do mandato na internet por acreditar que os recursos são dele mesmo. "Não são as coisas dele, são recursos públicos, que nós cidadãos geramos. É uma expressão muito clara da confusão entre o público e o privado", afirmou o consultor.
 
A resistência em divulgar seus gastos na internet explicita a falta de disposição dos parlamentares em ser fiscalizados, observou o jornalista Fernando Rodrigues, da Folha de S.Paulo, para quem a cultura da transparência não só nos poderes públicos, mas na sociedade em geral, é fruto de um processo longo. "Nenhum país nasceu transparente. Nos Estados Unidos, o ato de transparência só saiu 50 anos depois de a discussão começar", afirmou. Ele acrescentou que, somente após dez anos de pressão da sociedade civil, o Executivo enviou ao Congresso no dia 13 de maio projeto sobre transparência nas informações públicas.
 
Para o diretor do Congresso em Foco, Sylvio Costa, a ética não está mais na bandeira dos principais partidos. "Mudar a sociedade exige ética", afirmou. O jornalista lembrou que o PT, partido que antes de chegar ao poder tinha a questão como uma das prioridades de seu programa, abandonou esse discurso. "Esse discurso hoje é carregado por alguns deputados e por juízes, procuradores, promotores, jornalistas, servidores públicos", disse.
 
Sylvio Costa afirmou também que um número cada vez maior de pessoas, decepcionadas com o funcionamento dos poderes públicos, começa a questioná-los. Em sua opinião, isso ocorre porque as instituições, como o Congresso, apenas "fingem resolver suas mazelas", mas não o fazem. Um exemplo claro disso é a farra das passagens. "A Câmara precisa investigar as passagens. Mudou-se a regra na esperança de não investigar nada e até hoje não mandou Fábio Faria para a corregedoria", afirmou.
 
Propaganda
 
O professor de Jornalismo da Universidade de São Paulo (USP) Eugênio Bucci, ex-presidente da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), disse que os veículos de comunicação institucional da Câmara e do Senado funcionam mais como meios de propaganda dos parlamentares do que como canal de transparência dos poderes públicos. "Em época eleitoral, por exemplo, os candidatos não podem ter programas, mas os já eleitos podem aparecer na Voz do Brasil, e com isso conseguem projeção na opinião púbica que outros não têm", afirmou. Para Bucci, o mesmo ocorre com a as TVs Câmara e Senado.
 
Para o colunista do jornal O Globo Merval Pereira, ainda não existe na sociedade brasileira uma mentalidade clara do que deve ser o exercício de funções públicas. "É curioso que o presidente do Senado se espante com a cobrança da sociedade. É um exemplo de um Brasil que se recusa a mudar e não entende um mundo novo que já está na nossa porta, como a internet, que mudou totalmente a relação da sociedade com os poderes públicos e com os meios de comunicação", destacou.
 
"Essa audiência pública foi um exercício de ‘escutatória’. Precisamos fazer mais esse exercício", avaliou um dos autores do requerimento da audiência, deputado Chico Alencar (Psol-RJ).

O deputado Nazareno Fonteles (PT-PI) afirmou que a mídia "continua atrasada". Para ele, a prova é a importância dada na cobertura da imprensa aos trabalhos em plenário. "Hoje, o lugar do debate são as comissões", comentou. O petista, no entanto, concordou com a crítica feita pelos participantes da audiência. "Esta Casa precisa cortar na própria carne. Precisamos aumentar a transparência de todos", afirmou o parlamentar, que ontem (17) recomendou ao Conselho de Ética a cassação do mandato do deputado Edmar Moreira (sem partido-MG) por quebra de decoro.
 
"Transparência ajuda a combater a corrupção, mas não podemos atribuir um poder que ela não tem", ponderou o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ). Segundo Gabeira, é preciso fazer todo um trabalho de conscientização e educação para o combate a corrupção. Já o tucano Luiz Carlos Hauly (PR), acredita que Congresso é o poder mais transparente no país. "O Executivo tem que ter mais transparência", afirmou.

Fonte: Congresso Em Foco

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