Quarta-feira, 3 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Política - Nacional

HIDRELÉTRICAS: Fantasma de Balbina ronda Belo Monte


Procurador diz que usina no Xingu
pode repetir fracasso do Amazonas

O procurador da República no Pará, Felício Pontes Júnior, incorporou uma nova linha de argumentos jurídicos para questionar a construção da Usina Hidrelétrica (UHe) de Belo Monte.  Aos problemas sociais e ambientais se soma uma questão mais ampla, relacionada ao patrimônio público.  'Os estudos realizados por pesquisadores do setor elétrico apontam que a hidrelétrica não deverá gerar os anunciados 11 mil megawatts (Mw) previstos e sim apenas 1,3 mil Mw.  Então, devemos questionar a validade de investir tanto dinheiro público em um empreendimento que não terá a eficácia prevista', afirma o procurador, que também vê com apreensão o envolvimento de grandes empreiteiras nos novos estudos de viabilidade, em curso pela Eletrobrás.  'Vale ressaltar que não estamos tratando a questão de forma política.  Toda a minha linha de argumentação segue parâmetros jurídicos e técnicos', diz Pontes Júnior.  O procurador estava pronto para apresentar sua linha de raciocínio em reunião marcada para ontem, na Comissão de Infra-estrutura do Senado Federal, em Brasília.  A audiência, no entanto, foi suspensa, sem nova data marcada.

Para o procurador, todos os estudos acadêmicos feitos até o momento sobre a hidrelétrica sinalizam que Belo Monte tem tudo para se transformar em um fiasco semelhante a Balbina, Uhe localizada a 146 quilômetros de Manaus, no Amazonas. 

O fechamento das comportas de Balbina ocorreu em 1989 e, no projeto, foram gastos US$ 1 bilhão.  Cerca de 30 mil hectares de terras indígenas foram inundados.  A capacidade de geração é de 250 megawatts, mas essa potência plena só é atingida durante quatro meses por ano.  A usina amazonense foi instalada na bacia do rio Uatum㠖 considerado de baixa capacidade hídrica.

'É mais ou menos o que ocorre com Belo Monte.  O rio Xingu, para onde está projetada a usina, apresenta um ciclo de cheia de seis meses.  No período de seca há uma baixa muito acentuada do nível do rio.  Durante três a cinco meses, Belo Monte não gerará nenhuma energia, pelo menos da forma como está concebido o projeto', explica Pontes Júnior, acrescentado que esses estudos existem há pelo menos dois anos e, apesar da insistência do procurador, nunca foram contestados pela Eletronorte ou pelo Ministério das Minas e Energia.  'Essa falta de resposta chama atenção', avalia.

Para além dos problemas técnicos, o procurador vê dois problemas éticos no tratamento que está sendo dado à Usina e que envolvem a lisura no trato dos recursos públicos.  'Em primeiro lugar, a responsabilidade pelo projeto saiu da Eletronorte e foi para a Eletrobrás, que convocou três grandes empreiteiras, coincidentemente no grupo dos maiores doadores da campanha presidencial de Lula, para refazer os estudos', diz o procurador.  As empreiteiras são Norberto Odebrecht , Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.  'Essas terão acesso a informações privilegiadas, comprometendo, mais tarde, o processo de licitação.  É bom lembrar também que o ministro de Minas e Energia caiu sob suspeita de corrupção por ter se beneficiado de dinheiro recebido de empreiteiras', acrescenta o promotor.

ALTERNATIVAS
O procurador faz questão de desconstruir a idéia de que o Ministério Público é um 'atravancador' de projetos de desenvolvimento para o Brasil.  'O que fazemos não é nada mais do que assegurar que a lei seja cumprida e que sejam garantidos os direitos difusos da sociedade', afirma.  Pontes Júnior reconhece a necessidade de ampliar a oferta energética brasileira, mas questiona a concentração na matriz hídrica.  'A crise nergética é mundial, mas a solução não está só na matriz hídrica.  Existem muitas fontes alternativas, como as energias eólica, solar e a cinética, a partir do movimento das ondas do mar, que hoje é a menina dos olhos dos norte-americanos', conta.  Se o Brasil quiser continuar investindo em uma matriz hídrica, ainda assim, diz Pontes Júnior, 'existem alternativas menos danosas do que a construção de hidrelétricas', afirma.

Fonte: O Liberal

Gente de OpiniãoQuarta-feira, 3 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Maurício Carvalho defende isenção do imposto de renda para professores em audiência pública na Câmara

Maurício Carvalho defende isenção do imposto de renda para professores em audiência pública na Câmara

A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados realizou, nesta quarta-feira (12), audiência pública para debater o Projeto de Lei 165/2022, que prop

Sindicato dos Servidores do Ministério Público de Rondônia tem nova diretoria.

Sindicato dos Servidores do Ministério Público de Rondônia tem nova diretoria.

Nesta quinta-feira, (07/09) o Sindicato dos Servidores do Ministério Público de Rondônia  - (SINSEMPRO) realizou Eleições  para a escolha da nova d

Retomada do diálogo sobre a pavimentação da BR-319 é uma boa notícia ao setor produtivo, diz presidente da Fecomércio

Retomada do diálogo sobre a pavimentação da BR-319 é uma boa notícia ao setor produtivo, diz presidente da Fecomércio

O presidente da Fecomércio-RO e Vice-Presidente da CNC, Raniery Araujo Coelho, se manifestou nesta quarta-feira 16.07 sobre a retomada das discussõe

Governo Federal institui o Plano Nacional de Igualdade Salarial entre Mulheres e Homens e o comitê gestor

Governo Federal institui o Plano Nacional de Igualdade Salarial entre Mulheres e Homens e o comitê gestor

O Governo Federal instituiu nesta terça-feira, 8 de abril, a Portaria Conjunta que institui o Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral entre

Gente de Opinião Quarta-feira, 3 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)