Sábado, 19 de abril de 2008 - 12h34
O Ministério Público Federal no Espírito Santo (MPF/ES) denunciou pelo crime de tráfico de influência cinco pessoas investigadas pelo envolvimento com uma organização criminosa que atuava na importação subfaturada de automóveis e mercadorias de alto luxo. A pena para quem pratica tráfico de influência é de dois a cinco anos de reclusão. O MPF quer que os cinco também respondam na Justiça por formação de quadrilha, já que, para os procuradores que assinam a denúncia, eles se associaram em um bando para praticar o crime de tráfico de influência. Nesse caso, eles podem ser condenados a até três anos a mais de prisão.
Entre os denunciados estão o empresário Adriano Scopel, proprietário da Tag Importação e Exportação de Veículos Ltda., apontado como o chefe da quadrilha; os empregados da Tag Aguilar de Jesus Bourguignon e Ronaldo Benevidio dos Santos; o ex-senador e empresário em Rondônia Mario Calixto Filho; e Sebastião Lourenço, responsável por intermediar o contato de Adriano Scopel com Mario Calixto Filho. A denúncia foi ajuizada nesta quinta-feira, 17 de abril, na 1ª Vara Federal Criminal de Vitória.
O crime de tráfico de influência consiste em solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função. Nesse caso específico, quatro dos denunciados tiveram participação nas articulações que culminaram com o pagamento de cerca de 200 mil reais ao ex-senador Mario Calixto Filho.
O ex-senador se prontificou a interceder junto à Secretaria de Finanças de Rondônia pela retomada de um benefício fiscal da Tag que havia sido suspenso. Em outubro de 2007, Aguilar de Jesus Bourguignon e Ronaldo Benevidio dos Santos estiveram na empresa de Mario Calixto, em Porto Velho, para entregar a ele uma maleta com 50 mil reais em espécie. O restante do dinheiro chegou às mãos do ex-senador por meio de operações bancárias.
Para o MPF, as investigações não deixam dúvida de que Mario Calixto Filho recebeu dinheiro de Adriano Scopel em decorrência de um suposto poder do ex-senador de influir no Executivo de Rondônia. Os indícios da prática do crime de tráfico de influência praticado por Ivo Júnior Cassol e Alessandro Cassol Zabott são objeto de outra investigação do MPF.
Capitaneada por Adriano Scopel, proprietário da Tag, uma das maiores importadoras de veículos de alto luxo do país, a quadrilha utilizava o Terminal Portuário de Peiú, um dos mais importantes da Região Metropolitana de Vitória, como pátio de negócios. O detentor da exploração da concessão do terminal de Peiú é o pai de Adriano, o empresário Pedro Scopel, sócio do filho na empresa. O prejuízo causado pela atuação da quadrilha foi de pelo menos sete milhões de reais, só no último ano, em impostos que deixaram de ser recolhidos.
Veja quem são os denunciados:
- Adriano Mariano Scopel – empresário, apontado como o chefe da quadrilha
- Aguilar de Jesus Bourguignon – economista, diretor operacional da Tag Importação de Exportação de Veículos, apontado como o braço direito de Adriano Scopel
- Mario Calixto Filho - ex-senador da República, empresário em Rondônia
- Ronaldo Benevidio dos Santos - empregado da Tag Importação de Exportação de Veículos
- Sebastião Lourenço – responsável por intermediar o contato de Adriano Scopel com Mario Calixto Filho
Fonte: Ascom/Procuradoria da República/Gabriela Rölke
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