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Política - Nacional

Começou o asfaltamento da Transamazônica


O ministro dos Transportes Alfredo Nascimento e a governadora Ana Júlia Carepa visitam, nesta segunda-feira (05), a obra de construção e pavimentação da Transamazônica (BR-230), no trecho de 84,4 quilômetros entre os municípios de Altamira e Medicilândia.  A partir das 9h, as autoridades estarão no canteiro da empresa Andrade Gutierrez para acompanhar o início do asfaltamento da pista, uma demanda antiga da população da região por onde passa a rodovia.  A obra conta com R$ 90 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Programa Piloto de Investimentos (PPI).  O trecho ficará pronto no final de 2008.

A qualidade da obra segue um padrão nacional, com pista asfaltada, drenagem, acostamento, sinalização vertical e horizontal e alto padrão de segurança.  Essa é uma exigência do Ministério dos Transportes que será conferida.  A espessura do asfalto é de 5 cm no meio da pista e 3 cm no acostamento.  No percurso, quatro pontes de concreto serão construídas, substituindo velhas pontes de madeira que já não apresentam condições de tráfego.  Para o evento, foram mobilizadas as prefeituras, câmaras municipais, sindicatos e associações de Altamira, Medicilândia, Brasil Novo, Anapu, Senador José Porfírio, Placas, Uruará, Porto de Moz e Vitória do Xingu.

Realidade

Para quem vive na região – oeste do Pará ou Xingu – ver um canteiro de obras com máquinas pesadas e usinas de asfalto é um sinal de que o asfaltamento da Transamazônica, depois de 30 anos de espera, sairá do papel.  Foi um amigo que convenceu Humberto Souza, de 62 anos, a trocar Belém por Altamira.  O primeiro lote “conquistado” foi na estrada de Vitória do Xingu, de onde caminhava 20 quilômetros para chegar em casa.  “Na maioria das vezes fazia o caminho em cima de animal, mas agora não tem mais isso.  A gente acha que vai melhorar mais.  É o que espero.  Minha roça fica a 60 quilômetros de Belo Monte, mais 9 quilômetros para dentro do travessão e quero alcançar mais rápido a sede”, explica.

Casado, pai de 14 filhos - dois ainda dividindo o mesmo teto -, "seu" Humberto trabalha na Feira do Produtor, em Altamira.  Na sua banca, vende verduras e legumes da horta do seu lote, onde mantém ainda a plantação de cacau com oito mil pés e 80 cabeças de gado.  No município, são comuns agricultores rurais que possuem uma produção diversificada, semelhante à do feirante.  “Na safra, em julho e agosto, consigo vender três toneladas de cacau.  Já o gado é fraco, o preço está em baixa e dá muita despesa.  Também tenho lavoura branca, mas é para consumo da família, de mandioca, arroz, feijão e milho”, disse.

O projeto de colonização da Transamazônica, do qual Humberto acabou participando, mesmo sem ter clareza, é o alvo da Fundação “Viver, Produzir e Preservar”.  Desde 2001, a fundação tenta resgatá-lo com uma proposta diferente de modelo de desenvolvimento.  O asfaltamento da rodovia era uma das bandeiras da organização, que teve seu embrião no Movimento pela Sobrevivência da Transamazônica.

Paralelo à infra-estrutura de transportes, houve conquistas nas áreas de saúde e educação.  “Em 1991, o movimento fez uma caravana com 300 lideranças à Brasília, quando conseguimos os primeiros recursos para recuperações pontuais da rodovia”, lembra Ana Paula Souza, coordenadora da Fundação.

Na educação, a organização é responsável pelo projeto da Casa Familiar Rural, um espaço para formação de jovens para consolidação da agricultura familiar em outros moldes.  Cento e cinqüenta meninos e meninas já concluíram os estudos, baseados na transversalidade dos temas, em que a teoria na sala de aula é aplicada nos lotes.  “As casas são construídas com recursos do BNDES, o governo do Estado paga os profissionais e as prefeituras custeiam as despesas de manutenção”, conta.  Paula acredita que com a formação os jovens gerenciarão melhor as suas propriedades para garantir a produção a ser escoada pela Transamazônica.  Ela é mineira, e foi de carro para Altamira em 1978, numa viagem que durou uma semana.

Planejamento

Segundo o deputado federal Zé Geraldo, para 2008, o governo federal prevê ainda o asfaltamento dos trechos entre Altamira e Marabá e de Itaituba a Rurópolis, que terão R$ 250 milhões disponíveis.  “Até 2010, o governo assegurou um cronograma de realização de obras e espera-se a conclusão do asfaltamento de toda a Transamazônica, com o recurso previsto no calendário de desembolso”, acredita o parlamentar.  Ele afirma que vários setores da economia se beneficiarão com o asfaltamento para o escoamento do cacau, café, grãos, produtos da bacia leiteira e gado de abate, além do incentivo a novas culturas, “gerando renda, emprego, mais arrecadação aos municípios, Estado e governo federal”.

De acordo com a Secretaria de Estado de Agricultura (Sagri), as prioridades locais nesta área são investimentos na verticalização e comercialização do cacau, do gado (leite e corte) e da alimentação (fruticultura e lavoura branca).  Atualmente, há em Altamira quatro cooperativas de produtores de cacau orgânico, e uma das ações da secretaria é equipá-las.  Em Medicilância uma ação é a produção de sementes para distribuição em todo o Estado.

Segundo dados de 2006, a produção de cacau da região é de 19,5 mil toneladas, incluindo os municípios de Altamira, Brasil Novo, Medicilândia e Uruará.  O maior produtor é Medicilândia com cerca de 10 mil toneladas.  O rebanho bovino é de 1,3 milhão de cabeças, nos municípios de Altamira, Brasil Novo, Medicilândia, Uruará e Vitória do Xingu.  Somente Altamira tem 365 mil cabeças.

Infra-estrutura

Somado ao asfaltamento da rodovia, a Secretaria de Estado de Transportes (Setran) está fazendo intervenções, a partir de investimentos próprios do governo do Estado, em estradas estaduais como as PA 415 (Altamira-Vitória do Xingu) e PA 167 (Senador José Porfírio- Transamazônica), que terão resultado imediato nos custos dos produtores, comerciantes e industriais locais.  Além dessas, o oeste paraense também será beneficiado com obras nas rodovias conhecidas como Transgarimpeira e a Transuruará.

A primeira foi aberta na corrida do ouro há mais de 20 anos e, atualmente, está abandonada.  Com o programa “Caminhos da Parceria”, desenvolvido pela Setran, são envolvidos empresários, a comunidade e a prefeitura, na recuperação da rodovia, num percurso de 206 quilômetros, principalmente os últimos 80 quilômetros, pois a situação no inverno é calamitosa.  Neste período, o litro do óleo diesel e do de cozinha custa R$ 10,00.  Na Transuruará, que será interligada à rodovia Santarém-Curuá Una, a comunidade também tem contribuído na fiscalização da obra e na guarida aos operários nos trechos.

Nas duas rodovias, as prefeituras se comprometeram a colaborar na recuperação das pontes de madeira.  Com esta economia obtida na parceria, a Setran aumenta o quantitativo de obras e atinge as regiões mais distantes, onde, no passado, a mão do governo do Estado não se fazia presente.

Fonte: Agência Pará

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