Sexta-feira, 9 de julho de 2010 - 20h02
O Conselho Missionário Indigenista (CIMI), organismo vinculado à CNBB, lançou nesta sexta-feira, 9, na sede da CNBB, em Brasília, o relatório sobre a violência contra os povos indígenas no Brasil em 2009.
O presidente do CIMI, dom Erwin Krautler, ressaltou que o objetivo do relatório não é dizer se a violência contra os indígenas aumentou ou diminuiu, mas mostrar que há violência contra os povos indígenas. “Não se trata de estatística, porque nosso relacionamento é pessoal com esta gente”, disse dom Erwin.
A antropóloga, Lúcia Rangel, coordenadora do relatório, concorda com dom Erwin. “Os números contidos no relatório não são números que podem ser trabalhados estatisticamente. Nos últimos dez anos podemos falar de aumento de violência contra o patrimônio indígena, assassinatos, suicídio”, ressaltou Rangel.
“O sangue derramado dos indígenas clama aos céus”, disse dom Erwin. “Queremos que este relatório chegue aos Governos Federal e Estaduais para colocarmos um basta na violência contra os povos indígenas”.
Segundo o coordenador do CIMI no Mato Grosso do Sul, Egon Heck, neste estado, desde 2003, ocorre o maior número de violência contra os indígenas no país. Ele aponta a omissão do Governo Federal como causa desta realidade no estado.
Segundo o CIMI, os conflitos pela posse da terra é a origem da violência contra os indígenas. “No Mato Grosso do Sul prosperam as usinas do etanol que incidem sobre as terras indígenas, tanto as já identificadas quanto as que estão em processo de identificação”, disse Heck.
Sobre a política indigenista do Governo Lula, dom Erwin disse que o sentimento é de frustração. "Estamos frustrados porque a causa indígena ficou em 13º plano. Lula falou abertamente, em reunião com o governador do Mato Grosso, que os índios são um entrave para o desenvolvimento e acusou os ambientalistas e o ministério público de atrasar o desenvolvimento que ele está sonhando para o Brasil", criticou dom Erwin.
O presidente do CIMI não acredita que as causas indígenas farão parte da agenda dos candidatos à Presidência nas eleições de outubro. "A causa indígena jamais trouxe votos. Por isso, nos próximos meses (campanha eleitoral) e no futuro se silencia de novo sobre esta causa que, para muitos, é causa perdida. Nós não entendemos assim".
O relatório teve como fontes relatos dos missionários do CIMI e também dados divulgados pela imprensa. Por essa razão, segundo Lúcia Rangel, o relatório não a totalidade da realidade do território indígena brasileiro.
O documento tem quatro capítulos que tratam da violência contra o patrimônio indígena, contra a pessoa do índio, causada por omissão do Poder Público e contra os povos indígenas isolados.
Os dados
Em 2009 foram registrados 133 casos de violência provocados pela omissão do poder público. Entre as ocorrências, destaca-se, mais uma vez, o grande número de morte por desassistência à saúde, 41 no total. Deste número, 22 vítimas são do povo Xavante, da comunidade Parabubure, localizada no município de Nova Xavantina, Mato Grosso.
Outro dado alarmante é o alto índice de desnutrição. No ano passado foram registrados 90 casos na comunidade Guarani Kaiowá de Dourados (MS) e um registro de nove mortes de crianças em decorrência do baixo peso em São Paulo (7), no Tocantins (1) e no Paraná (1).
Criminalização
O Relatório aponta que há um crescente processo de criminalização de lideranças e uma intensificação de ações contra os indígenas em diversos estados do país. Os casos que mais chamam atenção foram os praticados contra os Tupinambá, na Bahia, e os Xukuru, de Pernambuco.
Em junho de 2009, cinco indígenas da comunidade Tupinambá da Serra do Padeiro, município de Buerarema, foram capturados e agredidos pela Polícia Federal. Durante a ação, eles foram algemados, imobilizados no chão e receberam fortes doses de um produto químico, conhecido como gás de pimenta, nos olhos. . Exames comprovaram ainda que três deles receberam choques elétricos na região dorsal e genital. Essas agressões, praticadas com requintes de crueldade e tortura, tinham por objetivo intimidar os indígenas para que saíssem da terra que tradicionalmente ocupam.
Fonte: CNBB
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