Quarta-feira, 24 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Política - Nacional

Capixaba e outros acusados na máfia das ambulâncias retomam suas atividades


 
Eduardo Militão
Congressoemfoco

Dois anos depois de serem denunciados à Justiça, os principais acusados da máfia das ambulâncias continuam em liberdade. Só alguns tiveram seus bens bloqueados. Um deles já ocupa cargo de primeiro escalão na administração pública de Rondônia. E conversam entre si “futilidades” sobre os processos a que respondem e as eleições.

O empresário Luiz Antônio Vedoin cursa direito numa faculdade de Cuiabá. Seu pai, Darci José, e a irmã, Alessandra, trabalham em empresas da família. O ex-deputado Lino Rossi (PP-MT) voltou a criticar políticos em seu programa de rádio e prepara uma nova volta à televisão. O ex-deputado Nilton Capixaba (PTB-RO) virou assessor em Brasília, casou de novo e agora é o sub-chefe da Casa Civil do governo de Rondônia. 
      
A Operação Sanguessuga revelou que a empresa Planam, dirigida pela família Vedoin, comandava um esquema de venda superfaturada de ambulâncias, com recursos do Ministério da Saúde, para prefeituras e ONGs do Brasil inteiro. Para viabilizar a fraude, eles contavam com a ajuda de emendas de parlamentares amigos. Em troca, pagaram R$ 9,46 milhões em propinas a deputados e assessores. 
      
Lino Rossi, que apresentou o “esquema” aos congressistas, recebeu 117 pagamentos que totalizaram R$ 3,037 milhões, segundo relatório da CPI dos Sanguessugas. Nilton Capixaba, com R$ 631 mil em 47 pagamentos, foi o segundo maior beneficiado com as propinas, de acordo com a comissão de investigação. 
      
Como resultado, Luiz Antônio, Darci, Rossi e Capixaba e a Planam respondem, isoladamente ou em conjunto, a 15 processos e 39 inquéritos policiais só na Justiça Federal de Mato Grosso e de Rondônia. Basicamente, são ações penais e de improbidade administrativa movidas pelo Ministério Público. Há também execuções fiscais movidas pelo governo para cobrar impostos. 
      
As acusações são de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, peculato, crime contra a administração pública, fraude em licitações, crimes contra a ordem tributária, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Há ainda sete procedimentos administrativos no Ministério Público Federal. 

      
“Capi” 
      
Longe dos holofotes, Nilton Capixaba nunca deixou os cargos públicos. Depois do escândalo de 2006, o presidente estadual do PTB viu minguar sua pretensão de se tornar o senador mais votado por Rondônia. Tentou renovar o mandato na Câmara. Mas, com apenas 14 mil votos, só conseguiu a suplência para deputado federal. 
      
Mesmo assim, foi apadrinhado pelo governador Ivo Cassol (sem partido). Tornou-se servidor da representação do governo estadual em Brasília a partir de 1º de fevereiro de 2007. “Trabalhava na área de ministérios”, conta Capixaba. No Congresso, ele circulava com o broche de parlamentar e era chamado de “Capi” por alguns parlamentares rondonienses. 
      
O ex-deputado participou da negociação para liberar emendas suas para Rondônia, como obras no Hospital Regional de Cacoal (RO), com R$ 4,3 milhões em recursos do Ministério da Saúde. 
      
Há 15 dias, Capixaba foi alçado ao posto de sub-chefe da Casa Civil do estado. Passou a semana passada em Cacoal e avisou colegas da repartição que assumiria nos dias seguintes. “Já assumi”, avisa o ex-deputado ao Congresso em Foco. Mas ele não sabe quais serão suas novas funções. “Eles é que vão delegar o que querem que eu faço.” 
      
  
Casamento prestigiado 
      
No início de janeiro, dois fatos importantes aconteceram na vida de Capixaba. Ele se casou com a jovem Hosana, numa cerimônia prestigiada pelo governador Cassol e pelo presidente nacional do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson (RJ), cassado em meio ao escândalo do mensalão. No evento, Jefferson, que costuma cantar óperas, não fez por menos. Abrilhantou o casório de Capixaba com a bela música “Eu sei que vou te amar”, de Vinícius de Moraes e Tom Jobim. 
      
Capixaba diz que o fim de sua antiga relação com a ex-servidora da Câmara Lucimar Balbino nada teve a ver com o escândalo dos sanguessugas. “Eu já estava separado desde 2001, 2002”, afirma. 
      
O fato é que, uma semana antes do casamento com Hosana, Lucimar foi à delegacia de Cacoal queixar-se de uma suposta agressão cometida pelo ex-deputado. Ela afirma que apanhou depois que reclamou por não ter sido ouvida pelo ex-marido sobre a venda de cabeças de gado do casal. 
      
Capixaba diz que a ex-mulher só fez isso por causa da proximidade de seu novo casamento. “Isso não existe. Foi na época em que eu iria casar. Nunca fiz mal a um mosquito.” Num grampo telefônico de dezembro de 2005, a Polícia Federal flagrou um assessor de Capixaba conversando com Luiz Antônio Vedoin sobre a possibilidade de assassinar um jornalista que fazia reportagem sobre a máfia das ambulâncias. 
      
Os bens do ex-deputado e atual sub-chefe da Casa Civil de Rondônia continuam livres. “Não tenho bens, sou de uma família pobre”, argumenta Capixaba, contrariando sua declaração de patrimônio feita em 2006 à Justiça Eleitoral. Lá, consta uma relação de bens de R$ 356 mil: uma casa e uma empresa agrícola em Cacoal, além de dinheiro depositado em conta corrente.
     
     
Pensamento eleitoral 
      
Ele afirma que as acusações só serviram para acabar com o cenário político de sua candidatura a senador. Capixaba nega qualquer relação com a família Vedoin. “Eu nunca tive nada com esse pessoal”, garante. 
      
O ex-deputado pensou em sair candidato a prefeito de Cacoal este ano. Lino Rossi diz que encontrou um entusiasmado Capixaba no aeroporto de Cuiabá. “Ele me disse que ia ser candidato a prefeito e que ia ganhar”, contou Rossi ao Congresso em Foco. Os dois não se entendem: Capixaba nega o encontro. 
      
O fato é que ele desistiu da candidatura para apoiar a vereadora Glaucione Neri (PSDC), contra o petista Padre Franco. “A gente fez um acordo. Se saíssemos nós dois, íamos dar a eleição para o adversário”, afirma Capixaba, que não informa qual a contrapartida do entendimento. Ele diz que não sabe ainda se sairá candidato a deputado federal novamente nas eleições de 2010.
     
     
Absolvição 
      
Capixaba nega o recebimento de propinas dos Vedoin para fazer emendas para a compra superfaturada de ambulâncias. “O parlamentar só coloca emendas no orçamento. Se uma empresa ganha a licitação, você não tem nada a ver com isso”, defende-se. 
      
Para ele, o Judiciário vai provar que as acusações do Ministério Público e da Polícia Federal não procedem. “Muitos serão absolvidos. Vocês vão ver que não é bem assim. Isso só se vai saber quando forem apurados os fatos”, afirma Capixaba.

Gente de OpiniãoQuarta-feira, 24 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

STF tem maioria para determinar recálculo de cadeiras na Câmara dos Deputados

STF tem maioria para determinar recálculo de cadeiras na Câmara dos Deputados

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou nesta sexta-feira (25) maioria de votos para determinar que a Câmara dos Deputados faça a redistribuição do

Governo Federal se compromete a incluir plano de carreira da ANM na LOA 2024

Governo Federal se compromete a incluir plano de carreira da ANM na LOA 2024

O Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (SInagências) conseguiu uma solução direta do governo após intensa articulaç

Deputado estadual Pedro Fernandes será o relator da CPI das Reservas em Rondônia

Deputado estadual Pedro Fernandes será o relator da CPI das Reservas em Rondônia

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Reservas foi instaurada em Rondônia para investigar possíveis irregularidades nos processos de criação

Ministro Paulo Pimenta trata sobre parceria entre Rede IFES de Comunicação Pública, Educativa e de Divulgação científica com a EBC e o Governo Federal

Ministro Paulo Pimenta trata sobre parceria entre Rede IFES de Comunicação Pública, Educativa e de Divulgação científica com a EBC e o Governo Federal

Na tarde dessa segunda-feira (06), o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (SECOM), Paulo Pimenta, esteve r

Gente de Opinião Quarta-feira, 24 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)