Quinta-feira, 20 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Brasil

A farsa do complô estrangeiro sobre florestas do Brasil vem dos anos 1950


Morro do Diabo, no município paulista de Teodoro Sampaio, região do Pontal do Paranapanema - Gente de Opinião
Morro do Diabo, no município paulista de Teodoro Sampaio, região do Pontal do Paranapanema

A lengalenga do complô internacional para dominar florestas brasileiras não é recente nem começou com a Amazônia. Em um ótimo artigo no Blog da Companhia das Letras, o jornalista Claudio Angelo lembra a campanha de desinformação desencadeada nos anos 1950 para justificar a devastação dos remanescentes de Mata Atlântica no Pontal do Paranapanema. 

Na época, o fantasma era a multinacional petroleira Standard Oil, que estaria defendendo a criação de uma reserva florestal no extremo oeste do estado de São Paulo para impedir brasileiros de explorar uma suposta rica jazida de petróleo.

A principal fonte de Claudio Angelo é o magnífico livro A ferro e fogo: A história e a devastação da Mata Atlântica brasileira (1995), do historiador norte-americano Warren Dean (1992-1994). Além da fictícia conspiração estrangeira, a história teve também grileiros de terras apoiados pelo governo estadual, inclusive com anulação, pelo governador Adhemar de Barros (1947-1951), de decretos de criação de áreas protegidas.

A esta altura, a história já deve parecer familiar. Nas palavras do jornalista:

O espantalho do complô estrangeiro, brandido pelo presidente e seus áulicos, e a súbita preocupação do atual ministro do Meio Ambiente com a pobreza dos amazônidas, são parte de um script antigo. Nós já sabemos como o filme termina. A Mata Atlântica foi reduzida a 12% de sua cobertura original. O Pontal do Paranapanema foi entregue aos grileiros, desmatado até o último toco e depois tornou-se um bolsão de pobreza e violência no campo no Estado mais rico do país. Como a história é cheia de ironias, o ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro, que hoje contemporiza com grileiros e madeireiros na Amazônia, lançou-se candidato a deputado prometendo balas de fuzil contra o MST – movimento que ganhou corpo no caos social induzido pelo desmatamento no Pontal.

Logo no início de seu livro O Dezoito Brumário de Luís Bonaparte (1851-1852), ao comentar a afirmação de Friedrich Hegel (1770-1831) de que os fatos históricos se repetem, Karl Marx (1818-1883) escreveu: “E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”. Cada vez mais me convenço de que muitos desses fatos já foram farsas na primeira vez.


Leia o artigo “Para entender a crise ambiental brasileira”.

Gente de OpiniãoQuinta-feira, 20 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Presidente do Sistema Cofeci-Creci recebe Medalha Manuel Beckman durante sessão solene no Maranhão

Presidente do Sistema Cofeci-Creci recebe Medalha Manuel Beckman durante sessão solene no Maranhão

Nesta quarta-feira (5), o presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (COFECI), João Teodoro da Silva, foi homenageado com a entrega da

Incra RO atua na regularização de gleba na tríplice fronteira com Acre e Amazonas

Incra RO atua na regularização de gleba na tríplice fronteira com Acre e Amazonas

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Rondônia concluiu uma importante etapa de campo na gleba Euclides da Cunha, uma ext

Feira Regional da Beleza e 50 anos da Associação dos Cabeleireiros do Ceará movimentam o mês de outubro

Feira Regional da Beleza e 50 anos da Associação dos Cabeleireiros do Ceará movimentam o mês de outubro

Entre a chegada de mais de 200 caravanas de todas as partes do país, a movimentação de compras e palestras sobre as últimas tendências, a Feira Regi

Gente de Opinião Quinta-feira, 20 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)