Quinta-feira, 25 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Política - Nacional

BELO MONTE: Povos indígenas condenam construção de complexo hidrelétrico de Xingu


Gilberto Costa
Agência Brasil


Brasília - Cerca de 200 participantes do encontro dos povos indígenas do Xingu, encerrado esta semana, em Altamira (PA), condenaram a construção de duas barragens (Belo Monte I e II) no Rio Xingu. Para as 17 etnias representadas e 18 organizações da sociedade civil mobilizadas no evento, "qualquer intervenção no Xingu provoca a extinção da caça, do peixe e afeta profundamente nossas terras e nossa saúde [dos indígenas]".

De acordo com o documento, resultante do encontro dos povos indígenas do Xingu sobre a construção do Complexo Hidroelétrico do Xingu", a construção de barragens irá atingir "os povos indígenas, as comunidades de agricultores, a floresta e afetar a biodiversidade prejudicando a vida na Bacia do Rio Xingu".

O encontro em Altamira foi articulado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ligado à Igreja Católica. Segundo o coordenador do Cimi no Pará e no Amapá, Claudemir Teodoro do Couto Monteiro, a discussão do projeto não está envolvendo os indígenas. "Toda vez que tem um projeto para a Região Amazônica, uma região bem complexa, com povos tradicionais e ribeirinhos, é necessário que todos sejam escutados", opina.

Claudemir Monteiro afirma que "os grandes interessados na construção de Belo Monte são a Vale do Rio Doce, que quer mais energia para aumentar sua produção, e a Alcoa que tem projeto de extração de bauxita para a produção de alumínio no município de Juruti".

Para o coordenador do Cimi, grandes empreendimentos não geram inclusão e o benefício é provisório e relativo ao momento da obra. "Você olha para a sede [do município] de Tucuruí e tem até pena", opina. "Não houve enriquecimento nenhum da cidade, apenas crescimento normal como qualquer outro município", rememora sobre a construção da segunda maior hidrelétrica nacional.

Os estudos de inventário hidrelétrico da bacia hidrográfica do Rio Xingu tiveram início em 1975. No começo de 2006, a Eletrobrás solicitou a abertura de processo de licenciamento ao Ibama. A autorização foi suspensa por meio de liminar na justiça e restabelecida em março deste ano pelo Supremo Tribunal Federal.

Após a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental e do Relatório de Impacto no Meio Ambiente (EIA-Rima) e licenciamento prévio e de instalação do Ibama, a Eletrobrás prevê a construção do complexo em 60 meses. Além do processo de licenciamento ambiental, a obra exigirá aprovação do Congresso Nacional.

De acordo com o artigo nº 231 da Constituição Federal "o aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei".

A reportagem da Radiobrás entrou em contato com a Eletrobrás, encaminhou perguntas pelo correio eletrônico, mas não obteve retorno. Segundo a página eletrônica da Eletrobrás, a construção do complexo criará um reservatório de 440 quilômetros quadrados (que inclui inundação de unidades de conservação e de terras indígenas) e irá viabilizar a geração média de 4.760 megawatts de "energia firme" ao ano. Mas a capacidade máxima de produção pode chegar a 11 mil megawatts, suficiente para abastecer uma cidade de 1.320.000 habitantes. A estatal prevê que a energia gerada abastecerá por linha de transmissão as regiões Norte, Nordeste e Sudeste.

Segundo a Eletrobrás, o Brasil tem a necessidade de aumentar a oferta de energia em 3.350 megawatts por ano até 2015 (para um crescimento do PIB em 5% ao ano). A Região Norte teria potencial hidrelétrico de gerar 112 gigawatts (43% do potencial nacional), atualmente apenas 8,9% é utilizado. De acordo com a empresa, a extração de energia hidrelétrica é 20 vezes mais barata do que a fonte solar e seis vezes mais em conta do que a captação de energia eólica (vento).

O Conselho Indigenista Missionário pretende organizar no começo do próximo ano um novo encontro em Altamira, para 1.500 participantes do Xingu e de outras áreas atingidas por barragem.


 
   


Gente de OpiniãoQuinta-feira, 25 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

STF tem maioria para determinar recálculo de cadeiras na Câmara dos Deputados

STF tem maioria para determinar recálculo de cadeiras na Câmara dos Deputados

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou nesta sexta-feira (25) maioria de votos para determinar que a Câmara dos Deputados faça a redistribuição do

Governo Federal se compromete a incluir plano de carreira da ANM na LOA 2024

Governo Federal se compromete a incluir plano de carreira da ANM na LOA 2024

O Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (SInagências) conseguiu uma solução direta do governo após intensa articulaç

Deputado estadual Pedro Fernandes será o relator da CPI das Reservas em Rondônia

Deputado estadual Pedro Fernandes será o relator da CPI das Reservas em Rondônia

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Reservas foi instaurada em Rondônia para investigar possíveis irregularidades nos processos de criação

Ministro Paulo Pimenta trata sobre parceria entre Rede IFES de Comunicação Pública, Educativa e de Divulgação científica com a EBC e o Governo Federal

Ministro Paulo Pimenta trata sobre parceria entre Rede IFES de Comunicação Pública, Educativa e de Divulgação científica com a EBC e o Governo Federal

Na tarde dessa segunda-feira (06), o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (SECOM), Paulo Pimenta, esteve r

Gente de Opinião Quinta-feira, 25 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)