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Política - Nacional

Analistas: Dilma começa a 'controlar próprio governo'



Da Redação do G1

Com seis meses no governo, a equipe ministerial de Dilma Rousseff passou pelo seu primeiro “test drive” nesta semana. Duas das principais figuras do núcleo central do governo, Antonio Palocci e Luiz Sérgio deixaram os ministérios da Casa Civil e das Relações Institucionais, respectivamente, pressionados pelos principais partidos aliados. Ambos foram substituídos por duas escolhas pessoais da presidente: a senadora Gleisi Hoffmann e a ex-senadora Ideli Salvatti.

Para analistas ouvidos pelo G1, as mudanças dão a Dilma mais controle sobre o próprio governo, além de reforçar o rótulo de “governo feminino”, uma das bandeiras de sua campanha. Com a reformulação da chamada "cozinha" do governo, o Planalto terá três mulheres nos cargos-chave do governo.

“Isso é uma coisa interessante. O gabinete realmente adquiriu uma cara feminina. Nesse aspecto é bom. Reforça a própria condição das mulheres no processo político”, avalia o cientista político Leonardo Barreto.

Indicado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o governo de Dilma ainda na campanha eleitoral, Antônio Palocci foi coordenador da campanha petista em 2010 e, já no ministério, era considerado o homem forte do governo. Palocci, contudo, não resistiu a uma série de denúncias envolvendo o crescimento do seu patrimônio pessoal.

“Sai uma pessoa que tinha um papel importante nas decisões e não entra uma pessoa com o peso equivalente ao do Palocci. A Dilma passa a ter mais autonomia”, disse Barreto.

Sem Palocci, Dilma substituiu um nome de confiança do ex-presidente por uma escolha pessoal. Senadora em primeiro mandato, Gleisi Hoffmann (PT-PR) foi convidada para comandar o principal ministério do governo. "Sai o 'lulista' [Palocci] e entra uma candidata a 'dilmista", aposta David Fleischer, professor da Universidade de Brasília (UnB).

A opção de Dilma por Gleisi surpreendeu o aliado PMDB e o próprio PT, já que nenhum dos dois partidos foi consultado a respeito da troca. Durante a semana, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, admitiu “surpresa” com a escolha, mas disse que a substituição foi uma “surpresa boa”. Na análise do cientista político David Fleischer, isso é um sintoma de que Dilma decidiu imprimir a sua marca pessoal no governo.

“Dilma vai imprimir o logotipo dela e tentar colocar gente de confiança nos cargos-chave do governo. Mas precisa se envolver mais, deixou a política a cargo de Palocci e escanteou o PMDB, que, apesar de tudo, é essencial para governar”, disse o professor.

Poder feminino

Com as alterações feitas nesta semana, dos 37 ministérios do governo, dez estão sob o comando de mulheres. Na montagem do quebra-cabeças do Planalto, a idéia inicial da presidente era preencher os cargos na Esplanada com 30% de mulheres. A meta está perto, mas ainda não foi atingida.

“Dilma está conseguindo, neste segundo tempo do governo, imprimir mais a sua marca. Na posse, já havia sinalizado isso quando convidou sua turma de militantes, usou a bandeira na eleição”, relembra Fleischer.

Ideli Salvatti, petista de Santa Catarina, substitui o ex-ministro Luiz Sérgio (PT-RJ), que deixou o cargo após críticas de parlamentares sobre a articulação política do governo. Luiz Sérgio vai para o lugar de Ideli, no Ministério da Pesca e Aquicultura. Assim como aconteceu com Gleisi Hoffmann, os partidos aliados não foram consultados por Dilma a respeito da indicação da ex-ministra para o cargo.

A preferência do PMDB, por exemplo, era o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza. No entanto, Vaccarezza encontrava resistência dentro do próprio partido, como o grupo do presidente da Câmara, Marco Maia.

Para o cientista político da Universidade de São Carlos (Ufscar), Marco Antonio Villa, Dilma pode até formar o “clube da luluzinha”, mas, segundo ele, a marca é fraca para segurar um governo de 4 anos. A estrutura do governo vai depender muito da atuação das mulheres escolhidas por Dilma, avalia.

“Dilma pode até vender isso eleitoralmente, a questão do gênero, mas é pequeno deixar a marca por aí. O governo vive crise política com o Congresso Nacional. A crise não chama-se Palocci, chama-se Dilma Rousseff”, afirmou Villa.

Para o analista, Dilma erra ao não consultar aliados. "Ela não ouviu sequer o PT. Ela se trancou com um grupo e apresenta tudo como prato feito", disse. "Política é negociação, é ouvir o outro aliado, o adversário, trocar ideias. Politica não é passar como trator", disse Villa.
 

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