Terça-feira, 3 de novembro de 2009 - 21h22
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) leu, da tribuna, artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso publicado pela imprensa no último final de semana. Para o parlamentar, o que o artigo traz de mais importante é "a identificação de uma vocação autoritária maquiada pela mentira governamental".
Com o título de "Para onde vamos", o ex-presidente diz que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva segue um "autoritarismo popular" que pode vir a moldar "um estilo de política e a uma forma de relacionamento entre Estado, economia e sociedade que pouco têm que ver com nossos ideais democráticos".
Citou a divulgação, pelo presidente Lula, do vencedor da concorrência que irá comprar aviões de combate antes da concorrência terminar; a imposição para o Congresso Nacional votar às pressas "uma mudança na legislação do petróleo mal explicada, mal-ajambrada"; e a ingerência governamental em uma empresa privada, que é a Mineradora Vale.
Também criticou a antecipação da campanha eleitoral e o fato de o presidente Lula "sem nenhum pudor, passear pelo Brasil à custa do Tesouro, exibindo uma candidata claudicante". Acrescentou que, com os partidos políticos devastados, a vitória na eleição da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, deixará como legado "um subperonismo lulista", que se sustentará em "partidos fracos, sindicatos fortes, fundos de pensão convergindo com os interesses de um partido no governo e para eles atraindo sócios privados privilegiados".
O ex-presidente afirmou que os fundos de pensão constituem a mola da economia moderna, mas os fundos de pensão brasileiros pertencem a funcionários de empresas públicas. Lembrou que o PT já dominava, nestes fundos, a representação dos empregados, e agora domina a dos empregadores, que é o governo. Para Fernando Henrique, "os fundos se tornaram instrumentos de poder político, não propriamente de um partido, mas do segmento sindical-corporativo que o domina".
Para Alvaro Dias, as reflexões de Fernando Henrique "são imprescindíveis quando muitos de nós consideramos ter chegado a hora de dar um basta". Citou a festa de posse do ministro José Antonio Dias Toffoli no Supremo Tribunal, paga pela Caixa Econômica Federal. Tal fato, para o senador, "se reveste da ausência absoluta de qualquer resquício de escrúpulo". Lembrou que, se fosse um senador, seria pedido que Toffoli fosse julgado pela quebra de decoro parlamentar. Sugeriu perguntar ao presidente da República qual seu posicionamento sobre este fato e também pediu que o STF e o Conselho Nacional de Justiça se posicionem sobre "este convescote sustentado com dinheiro público".
Alvaro Dias recebeu apartes de apoio dos senadores Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e Antonio Carlos Junior (DEM-BA). O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) contra-argumentou, ressaltando a ampliação dos programas sociais existentes. Exemplificou com o Bolsa-Família, que passou de 3,5 milhões de beneficiados no início do governo para 13 milhões, atualmente.
Fonte: Agência Senado
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