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ACM Neto diz que carlismo não acabou e que quer ser governador da Bahia


Catarina Alencastro - Agência O Globo BRASÍLIA - Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), o quinto deputado mais votado do país, diz em entrevista ao GLOBO ONLINE que quer fazer um bom segundo mandato e ser governador da Bahia. Cauteloso, porém, ele joga para frente esse projeto. Aos 27 anos, ACM Neto diz que o tempo conspira a seu favor e por isso não se permite fixar datas. Meses depois da eleição do petista Jaques Wagner na Bahia, uma das maiores surpresas eleitorais deste ano, o deputado reeleito diz que o carlismo não acabou e fala "com cuidado" sobre sua possível candidatura à liderança do PFL na Câmara. A seguir, os principais trechos da entrevista: O GLOBO ONLINE - O PFL perdeu espaço na Bahia com a vitória do PT no estado (que será governado por Jaques Wagner). Como será a participação do partido a partir de agora? O senhor assumirá a função de refundar o carlismo ou de fundar um novo movimento? ACM NETO - Eu acho o seguinte: nós perdemos. E se perdemos é porque cometemos erros. Se perdemos é porque não imprimimos nessa eleição o mesmo sucesso de eleições anteriores, que representou um feito histórico na democracia brasileira para um grupo político que foi vencer todas as eleições majoritárias no seu estado para o governo e para o Senado durante 16 anos. Mais cedo ou mais tarde, não tem como não perder. A derrota é inevitável. Claro que nenhum de nós esperava perder agora. Sobretudo da forma como aconteceu (o petista foi eleito no primeiro turno, derrubando todas as pesquisas que indicavam um segundo turno entre ele e o candidato pefelista a reeleição, Paulo Souto). Foi uma surpresa. Depois de uma derrota é preciso ter muita paciência, calma, aguardar, ter serenidade e procurar examinar os principais erros que cometemos e corrigi-los. É claro que o PFL baiano vai precisar passar por um processo radical de mudança. É claro que o partido vai precisar rever uma série de procedimentos, corrigir rumos. Já estamos até discutindo internamente como fortalecer o partido, como ter uma agenda de oposição no estado, dar espaço também na Bahia a essa renovação política. O GLOBO ONLINE - Este não é o fim do carlismo? ACM NETO - Claro que não. E quem apostar nisso vai errar também. Até porque o senador Antônio Carlos Magalhães continua, graças a Deus, com muita vitalidade e disposição para trabalhar. O nosso grupo num primeiro momento se abateu, e não podia ser diferente, mas já procurou a reunir forças sob um pilar de unidade de ACM com Paulo Souto. E vamos com o tempo reestruturar o partido e construir novas vitórias. Nada melhor para superar uma derrota do que a construção de uma nova vitória. O GLOBO ONLINE - E essa reestruturação passa por uma convivência harmoniosa com Jaques Wagner? ACM NETO - Depende. Nenhum de nós deve torcer pelo insucesso do PT na Bahia. Eu, antes de tudo e acima de tudo, amo o meu estado. Mas o PT na Bahia agora é governo e o PFL, oposição. Então nós vamos manter uma relação sempre civilizada, que é uma exigência da democracia, mas deixando claro que seremos oposição ao governo, que nossos projetos são distintos, nossa forma de ver o mundo é diferente da dele (Jaques Wagner), mas nunca torcendo contra o estado. Se existirem coisas que sejam importantes para a Bahia, nós vamos apoiar, independentemente de serem conduzidas pelo PT ou qualquer outro partido. Não seremos sectários jamais, mas na oposição, claro. O GLOBO ONLINE - Qual é o seu projeto político? ACM NETO - O meu projeto político é fazer um bom segundo mandato de deputado. O GLOBO ONLINE - Deputado, o senhor tem 27 anos, é natural que tenha projetos de médio, longo prazo. O que o senhor quer ser quando estiver com 40 anos, por exemplo? ACM NETO - Eu primeiro acho que política tem que ser feita com os pés no chão. O horizonte ao qual você deve se permitir enxergar deve ser sempre um horizonte limitado. Não adianta ficar fazendo muitos planos para o futuro porque a política é mutável demais. Mas claro que todos devem se permitir sonhar. E eu me permito sonhar. O meu sonho um dia é poder ser governador do meu estado. Isso me realizaria como homem público e como cidadão. Agora, o tempo conspira a meu favor. E eu tenho que saber trabalhar com essa conspiração. Então, por que iria me precipitar? Não quero dar nenhum passo antes do momento certo. Daí o motivo pelo qual não me permito estabelecer prazos. Quero, quando for o momento, poder governar a Bahia. A partir daí, o resto, ainda está muito fora de qualquer espectro visível. Acho que dá para enxergar até o governo do estado, sem marcar data, me permitindo sonhar. A partir daí é muito mais destino. O GLOBO ONLINE - E o horizonte logo ali, no curto prazo, o senhor quer ser o novo líder do PFL na Câmara? ACM NETO - Eu tenho muito cuidado ao tratar desse assunto porque acho que qualquer deputado tem o direito de querer ser líder. É saudável até que tenha pretensões, que queira participar ativamente da vida de seu partido, que queira ser o interlocutor de sua bancada, o porta-voz dos seus colegas. Se eu lhe disser agora: 'eu quero ser líder', isso pode ser confundido com um anúncio de candidatura imediata, o que eu não quero fazer. O que eu estou realmente interessado é em construir a unidade do partido, que temos que esgotar nossa capacidade de dialogar para definir o que é melhor para o partido. Seria muito egoísta de minha parte lhe dizer agora que sou candidato a líder. E o resto do partido, como é que fica? É preciso ver quais são as missões que o partido vai apresentar a cada um de seus membros. Evidente que se estiver reservada para mim a missão de líder, eu não me furtarei a ela e procurarei exercê-la com o máximo de dedicação. Agora, não coloco uma candidatura neste momento na mesa porque não quero me preocupar apenas com o meu problema. Eu quero me preocupar com o problema do partido.E para isso é preciso que cada um tenha cuidado em conduzir suas pretensões pessoais. O GLOBO ONLINE - Mas para chegar até o seu segundo mandato com a quinta maior votação do Brasil, o senhor deve ter trabalhado bastante, não? O senhor vai trabalhar para ser líder? ACM NETO - Eu tenho procurado conversar com todas as forças do partido, sentir o desejo de todas essas forças e insisto: acho que a gente tem que conduzir esse assunto com muito cuidado .Até porque o foro de debate não é a imprensa. A gente tem que se entender internamente, harmonizar o interesse de cada um e aí sim, ir a público, com decisões já tomadas, fruto de consensos construídos. O partido não ganha levando esse assunto para as páginas dos jornais. Não adianta agora dizer: 'sou candidato e pronto'. Não, acho que esse não é o caminho. E sim levar qualquer tipo de discussão para dentro de casa e na hora certa levar o entendimento da bancada para o conhecimento da opinião pública. O GLOBO ONLINE : Com a saída do senador Jorge Bornhausen (presidente do partido que fez no plenário seu discurso de despediu da vida pública esta semana) do PFL, abre-se caminho para que jovens como o Rodrigo Maia (líder na Câmara) e o senhor ocupem posições chave no PFL? O partido caminha para uma renovação? ACM NETO - Esse processo de renovação, de dar oportunidade a novos quadros, sempre foi uma tônica do PFL. E o maior exemplo disso é que um parlamentar como eu pôde chegar aqui no primeiro mandato e assumir missões delegadas pelo partido, ter visibilidade, construir um trabalho. À medida que o tempo passa, vai havendo uma confiança maior nesses novos quadros e isso permite que as missões sejam cada vez mais significativas. O PFL terá talvez a mais baixa média de idade de deputados de toda a Câmara (na próxima legislatura). É claro que esse processo de renovação tem quer vir casado com a consciência dos mais jovens, que permanentemente devem estar atentos aos conselhos dados pelos mais experientes. Ela tem que ser uma renovação inclusiva, na qual a nova geração possa ter espaço, mas sem desprezar a contribuição que os mais experientes podem dar para o partido. E essa renovação que o partido desenha irá se refletir na oposição que o PFL planeja fazer no segundo mandato de Lula? Sob o comando de Jorge Bornhausen, o PFL teve a regra e o compasso de como agir na oposição. E esses quatro anos foram fundamentais para consolidar o partido como um partido programático, ideológico, e serviu para derrubar uma série de preconceitos que setores conservadores sempre quiseram impor ao partido, que não eram justos, mas que só conseguiram ser vencidos depois do exercício da oposição. Quatro anos atrás, quando eu cheguei na Câmara, muitos me perguntaram: 'Mas o PFL vai conseguir mesmo fazer oposição? Sempre foi governo, sempre se ajustou às estruturas de poder'... E nós mostramos que é possível fazer oposição e estar na Vanguarda da oposição. Porque o PFL protagonizou a oposição no Congresso, sem querer desmerecer a atuação dos outros partidos, o PFL foi o partido que liderou todo esse processo de combate aos desvios de conduta do governo, de denúncia de corrupção que tomou conta do governo, de trabalho nas CPIs. Eu acho que agora, pelo fato de o PFL não ter tantos governadores de estado (o partido só elegeu o governador do DF), o partido fica mais livre aqui no Congresso, não tem essas amarras institucionais, que às vezes alguns governos de estado demandam, para continuar pontuando como o principal partido de oposição. O PFL acumulou conhecimento, tem know-how, não há mais divisão dentro do partido, houve um amadurecimento interno de todas as correntes. Fazer oposição não é mais novidade pra gente. O GLOBO ONLINE - E esse amadurecimento interno é convergente com a oposição que o PSDB indica estar preparado a fazer, que parece ser uma oposição mais light do que essa que você apresenta como a do PFL? Primeiro você tem que compreender que o PSDB e o PFL são partidos completamente distintos. E o PFL, na minha opinião, tem que protagonizar o trabalho de oposição, como fez nos últimos quatro anos. Isso significa que o partido deva estar na linha de frente, ditando o tom. Agora é fundamental reconhecer, até do ponto de vista numérico, que precisamos ter um alinhamento estratégico com o PSDB. Tanto na Câmara, como no Senado. O fato de termos apenas um governador dá mais liberdade ao PFL, que ao PSDB. Mas não adianta fazer um trabalho contundente de oposição, se você não tem número. Não estou discutindo alinhamento eleitoral para o futuro, isso é outra história. Mas que sempre que os dois partidos possam, eles se aproximem e tentem construir pontos de convergência para fortalecer a oposição. Agora, provavelmente o PFL vai estar um degrau acima dando o tom.

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