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Política - Nacional

Acesso à universidade aumentou, afirmam índigenas


Agência Brasil
Isabela Vieira

A estudante indígena de nutrição Samira Marcos Tribodowapré ainda nem se formou e já usa seus conhecimentos para melhorar a alimentação de seu povo.

Ela orienta as comunidades sobre como adaptar à alimentação dos índios os produtos industrializados, que fazem parte do cardápio das aldeias.

A futura nutricionista quer formar agentes multiplicadores quando concluir o curso. A idéia é evitar o aumento de doenças que têm crescido entre os índios como o diabetes, a hipertensão e o colesterol alto.

“As aldeias que podem produzir o próprio alimento sofrem menos, como as do Xingu, onde se come, basicamente, biju e peixe. Já as que ficam próximas às cidades, muitos recebem cesta básica e encontram com facilidade produtos industrializados. Tomam muito refrigerante, comem manteiga e doces com muito açúcar”, conta.

Os pais de Samira Marcos Tribodowapré trabalham na Fundação Nacional do Índio (Funai) e podem pagar uma faculdade para filha, que cursa a Universidade Católica de Brasília. Mas a estudante é uma exceção entres os universitários indígenas. Os jovens reconhecem que o acesso ao ensino superior melhorou nos últimos anos com as cotas, mas terminar o curso ainda é um problema.

“Não existe um incentivo. Os estudantes acabam enfrentando dificuldades para comprar comida, roupa, livros e o resto das coisas de que precisa”, disse o estudante de ciências sociais da Universidade Estadual de Londrina, Marciano Gurani, ao participar ontem (27) da Conferência Livre da Juventude, evento dos Jogos dos Povos Indígenas.

Além da falta de dinheiro, Guarani critica a falta de apoio pedagógico aos índios. “Juntando tudo isso [apoio financeiro e pedagógico], acaba afetando emocionalmente o indígena, que desiste de tudo.”

De acordo com o Ministério da Educação (MEC), existem no país cerca de 3 mil universitários indígenas. A maioria recebe uma bolsa de R$ 400 do governo federal e alguns ainda contam com uma complementação das universidades. Mas, mesmo assim, a evasão neste nível de ensino é de 80%.

“Além de a faculdade ser um ambiente hostil nos primeiros anos, pela própria relação de calouros e veteranos, um índio com cerca de 18 anos já tem família, filhos. Eles têm um compromisso com a aldeia. E uma parte desse dinheiro vai para casa”, explicou o representante da Coordenação de Educação Escolar Indígena do MEC Thiago Garcia, em entrevista à Agência Brasil.

Segundo Garcia, que é antropólogo, outro fator que contribui para a evasão é o choque cultural. “As universidades ficam na cidade enquanto a maior parte dos jovens saem de escolas dentro das reservas.”

Para resolver o problema, ele disse que o ministério busca ampliar vagas e implantar, em parceria com as reitorias, um programa de apoio nas universidades, nos moldes do que está em andamento no campus de Cascavel, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

Segundo Garcia, a idéia é que um professor acompanhe o desempenho acadêmico, enquanto um estudante de outra etnia acompanha e orienta os indígenas. “Também tentamos ampliar a parceria para oferecer mais vagas e ampliar a oferta de bolsas”, disse o representante do MEC. Em outras atividades, os professores visitam aldeias e os alunos apresentam suas tradições na universidade.

Durante o debate, no Ginásio Geraldão, os jovens também destacaram a escassez de profissionais indígenas nas áreas de saúde. “Apesar da dificuldade, do preconceito, precisamos de médicos, enfermeiros e fisioterapeutas”, disse João Terena, representante indígena no Conselho Nacional da Juventude, integrado por representantes da sociedade civil e do governo federal.

 

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