Quarta-feira, 14 de maio de 2025 - 17h11
Frigoríficos
que supervisionaram com o Ministério Público Federal (MPF) o Termo de
Ajustamento de Conduta (TAC) da Carne Legal e contrataram auditores
independentes apresentam apenas 4% de irregularidades em suas operações na
Amazônia, enquanto empresas que não contrataram auditorias – e, por isso,
tiveram seus dados analisados por verificações automáticas – registram 52% de
não conformidade, uma taxa 13 vezes maior.
A conclusão faz parte do segundo ciclo unificado de
auditorias na cadeia pecuária da Amazônia Legal. Foram avaliados 89
frigoríficos dos estados do Acre, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia e
Tocantins. Realizadas em 2024 e 2025, as auditorias analisaram o cumprimento de
critérios socioambientais nas compras de gado realizadas de janeiro a dezembro
de 2022. Acompanhe a apresentação dos resultados no Canal do MPF no Youtube
.
O
TAC da Carne Legal é uma iniciativa do MPF que visa garantir que a carne
oferecida ao mercado consumidor – nacional e internacional – tenha origem
legal, evitando o comércio de animais provenientes de áreas com desmatamento
ilegal, trabalho escravo, invasões a unidades de conservação e terras indígenas
ou quilombolas.
A apresentação dos dados
, na sede da Procuradoria-Geral da República (PGR), em Brasília
(DF), é parte das ações preparatórias para a participação do MPF na 30ª
Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será
realizada em Belém (PA).
Resultados por estado
– Em Mato Grosso, dos 14 frigoríficos que têm acordos
firmados com o MPF, nove concluíram o processo de auditoria, representando 82%
do volume de abate e exportações no estado. O índice médio de conformidade dos
animais auditados foi de 97,8%, sendo que as empresas Marfrig, Minerva e Vale
Grande alcançaram 100% de conformidade.
No
Acre, dois dos 13 frigoríficos convocados auditados, representando 32% do
volume de abate/exportação. O índice médio de conformidade foi de 90,38%.
No
Amazonas, três dos nove frigoríficos que firmaram a TAC com o Ministério
Público concluíram a auditoria (37% do volume de abate/exportação), com índice
médio de conformidade de 64,7%. Agropam e Frigotefé alcançaram 100% de
conformidade.
No
Pará, estado com maior número de frigoríficos com acordos firmados com o MPF
(56), 15 concluíram o processo de auditorias, além de um frigorífico não
convocado, representando 81% do volume estadual. O índice médio de conformidade
foi de 91,7%, e as empresas Agroexport, Frigol, Mafrinorte, Masterboi e Minerva
atingiram 100% de conformidade.
Em
Rondônia, dois dos três frigoríficos convocados foram auditados, além de um não
convocado, representando 41% do volume estadual. O índice de conformidade médio
foi especificado alto: 99,9%. Minerva e Mafrinorte alcançaram 100% de
conformidade.
No
Tocantins, seis dos sete frigoríficos convocados concluíram a auditoria (73% do
volume estadual), com índice médio de conformidade de 98%. Tiveram 100% de
conformidade com as empresas Cooperfrigu, Masterboi, Minerva e Plena.
Diferenças de conformidade
– Um dos principais achados do ciclo é a disparidade de
conformidade. Considerando todos os estados, as auditorias contratadas pelos
frigoríficos signatários dos TACs apresentaram um índice de irregularidade de
apenas 4%. Em contrapartida, análises automáticas – realizadas sobre compras de
empresas que não contrataram auditorias – indicaram um índice de 52% de
irregularidades.
No
Pará, estado com o maior volume de abatimento, a diferença foi semelhante:
8,24% de irregularidades nas auditorias contratadas contra 58,3% nas análises
automáticas de empresas não signatárias ou que não declararam auditorias.
Fornecedores indiretos
– O MPF também revela dados preliminares sobre
o monitoramento de fornecedores indiretos (nível 1), que representam um desafio
adicional para a transparência da cadeia. Nas análises realizadas entre janeiro
de 2020 e dezembro de 2021, 38% do gado de fornecedores indiretos estava em
conformidade, 27% apresentava potencial não-conformidade e 35% não tinha
correspondência com o Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Entre as não conformidades identificadas nos
fornecedores indiretos, destacam-se o gado com desmatamento (38%), o gado de
área com embargo (23%), o gado em áreas protegidas (3%) e o gado associado ao
trabalho escravo (menos de 1%).
Para
fortalecer o monitoramento e ampliar a adesão aos compromissos, o MPF adotará
medidas como o auxílio de ações contra empresas sem TAC e o envio de
funcionários para órgãos ambientais para fiscalização prioritária das empresas
sem auditoria. Propõe ainda a implementação de um sistema de pré-auditoria para
todas as empresas e o desenvolvimento de um protocolo para rastreabilidade de
fornecedores indiretos.
Atuação em parceria -
A coordenação dos trabalhos relativos ao TAC da Carne Legal é feita pela Câmara
de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural (4CCR) do MPF, por meio do Grupo de
Trabalho Amazônia Legal. O projeto conta com a cooperação da organização Amigos
da Terra – Amazônia Brasileira (AdT) e do Instituto de Manejo e Certificação Florestal
e Agrícola (Imaflora), por meio do programa Boi na Linha. Também integram a
Câmara Técnica de Apoio ao TAC o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia
(Imazon), a Universidade de Wisconsin-Madison (UW) e a Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG).
Para a coordenadora da Câmara Ambiental do MPF,
Luiza Frischeisen, os resultados deste segundo ciclo unificado de
auditorias demonstram o amadurecimento e a capilaridade do programa Carne
Legal. “A 4ª Câmara do MPF continuará a contribuição dessa agenda, que não
apenas combate o desmatamento e outras ilegalidades na Amazônia, mas também
promove a justiça socioambiental e fortalece a economia sustentável”, declarou.
Integrante do GT Amazônia Legal, o procurador da
República Ricardo Negrini afirma que a iniciativa consolida
a eficácia do TAC da Carne Legal como ferramenta crucial para a transformação
da pecuária na Amazônia. “Os dados são claros: empresas comprometidas e
auditadas têm um índice de conformidade 13 vezes maior. É um recado direto ao mercado
e aos consumidores sobre quem está, de fato, investindo em uma produção
responsável e transparente, essencial para o futuro da floresta e para os
objetivos que levaremos à COP30”, avalia.
Outro membro do MPF integrante do GT, o procurador
da República Daniel Azeredo, concorda que os números deste ciclo reforçam a
importância das auditorias independentes para verificar o cumprimento dos TACs
na Amazônia. "No Pará, por exemplo, enquanto empresas auditadas mostram
avanços, as análises automáticas em outras apontam inconformidades alarmantes.
O MPF não apenas informa a sociedade, mas intensificará a responsabilização das
empresas que não se adequarem, utilizando todas as ferramentas legais para
proteger a Amazônia e promover uma cadeia de carne verdadeiramente legal e
sustentável."
Para Pedro Burnier, diretor do Programa de Cadeias
Agropecuárias da Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, o segundo ciclo
unificado é uma grande conquista para a transparência e o controle eficaz da
cadeia pecuária da Amazônia, demonstrando que a atuação conjunta do MPF com
organizações, universidades e empresas tem permitido aperfeiçoar os mecanismos
de monitoramento e ampliar a responsabilização de frigoríficos. “Divulgar esses
resultados não é apenas uma prestação de contas, é também um sinal de que o
mercado está mais próximo de atender o consumidor, nacional e internacional,
que tem o direito de saber de onde vem a carne que chega à sua mesa”, pontuou
“A transparência é fundamental para provar
informações de valor, e os procedimentos adotados devem evoluir para responder
ao desafio da universalização do TAC, tornando-o um requisito de reconhecimento
das empresas comprometidas com a conservação dos biomas brasileiros e com a
promoção de uma agropecuária sustentável”, afirma Lisandro Inakake, gerente de
projetos em Cadeias Agropecuárias do Imaflora, que apoia o MPF, por meio do
programa Boi na Linha, na qualificação dos procedimentos de auditoria e
monitoramento necessários à implementação do TAC.
Link para os
dados na íntegra
Link para o
evento no YouTube
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