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Um sonho com o prefeito: Do café ao vinagre


Um sonho com o prefeito: Do café ao vinagre - Gente de Opinião

 * Romilton Marinho Vieira

Semana passada, tive um sonho com o prefeito e foi assim:

Como de costume, na árdua tarefa da advocacia, me dirigi a Vara de Execuções Fiscais para consultar um processo e tive duas surpresas: A primeira que o meu cliente foi agraciado com uma bela Decisão e a segunda que, enquanto olhava o processo, sem me aperceber, foi colocado à minha frente, um saboroso cafezinho, feito, penso, naquela hora.

Acredite, caro leitor, a gratuidade é ainda um valor que impera em nossa sociedade. Sem que tivesse pedido qualquer coisa, um cafezinho bem quentinho foi colocado à minha frente e estava uma delícia, saboroso! Só me restou um agradecimento genérico a todos que ali se encontravam e, disse ainda, que voltaria outras vezes, já que com um atendimento “vip” desse jeito, estaria ali toda semana.

Saindo à procura de meu carro me veio à mente uma lembrança. Vou à Prefeitura, que fica ao lado do Cartório, falar com o Prefeito Mauro Nazif. Preciso pedir providências em relação aos buracos de minha rua.

Cheguei a prefeitura, me dirigi até o gabinete e perguntei pelo prefeito. A secretária, muito gentil, me disse que ele não se encontrava. Ai indaguei: e o chefe de Gabinete? – O mesmo encontra-se viajando! disse a bela Secretária, entretanto, há um substituto. Siga aquele corredor e na penúltima porta procure o sr. Fulano de tal, ele o atenderá.

 Imediatamente me dirigi ao local indicado e me dirigi a um rapaz que se encontrava à mesa. - Gostaria de falar com o substituto do Chefe de Gabinete! O rapaz respondeu: - Aguarde um pouquinho, Doutor, que ele está atendendo e quando terminar o senhor será atendido. Ok. Obrigado!

Ainda sob os auspícios do delicioso cafezinho,  aguardei pouco mais de dois minutos; a porta se abriu e de lá saíram duas pessoas e o chefe. O funcionário então disse: - Esse senhor gostaria de falar com você! O chefe de imediato respondeu: - estou de saída, não tenho tempo. Mas, quando se dirigia à porta de saída, ele voltou-se para mim e disse: o que o senhor deseja?  Venha até minha sala!

O café que eu tinha tomado antes, delicioso, começara a se transformar em vinagre.

Comecei a falar: - sou um cidadão que mora a Rua Roberto de Souza, antiga Rua México, Bairro Embratel, que fica entre Avenida Calama e Pinheiro Machado, e gostaria de solicitar providências da Prefeitura para que arrume os buracos no asfalto  lá existentes! São inúmeros!. Inclusive diversos carros estão furando os pneus naquela localidade. Logo me interrompeu: Isso não é comigo é com o Secretário Municipal de Serviços Públicos! Indaguei: Você não poderia interceder com o Secretário, em nome dos moradores? Não! Não!   Estou de saída e se quiser você liga pra ele.

Nesse momento, caro leitor, cometi um erro imperdoável; disse a ele: - engraçado, na administração anterior, a nossa rua sempre era arrumada e antes que eu terminasse o chefe em tom desafiador me disse: - Isso eu não admito! Isso eu não admito! Vai então procurar o Sr. RS que ele vai arrumar sua rua e percebendo que errei, já que estava em torcida errada, pedi desculpas a ele e disse: - Me perdoe, cheguei em hora errada, o Sr. estava de saída, encontra-se estressado e não devia tocar em nome do RS neste local. Ee me retirei.

A fome apertava.  Pensei: vou pra casa comer aquela canjiquinha mineira, com costela de carneiro e depois de um sono tudo fica bem; e por azar, caro leitor, não consegui chegar em casa: o pneu do meu carro furou nos buracos da Rua Roberto de Souza (antiga México), que fica entre a Calama e Pinheiro Machado. Foi uma decepção só. O doce do café transformou-se num azedo vinagre.

Acredito que muitos leitores não poderão neste momento ler essa pequena crônica, já que estarão, sob o sol escaldante, consertando o pneu furado de seu carro, nos buracos da rua Roberto de Souza, que fica entre a Calama  e Pinheiro Machado.

O baque no buraco foi tão grande, que acordei.

* O autor é advogado militante em Porto Velho

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