Sexta-feira, 3 de julho de 2015 - 07h01
Por Humberto Pinho da Silva
Vivo de saudade, dos vivos e dos mortos. Dos vivos, que se perderam no turbilhão da vida; dos mortos, que conheci…; e até das casas e lugares que desapareceram, sinto saudade…
Saudade do menino que fui, do tempo de infância, quando pela mimosa mão de minha mãe, ia à cidade.
Como gostava de passear pelas ruas do Porto! …As montras iluminadas, os carros deslizando pela calçada, as pessoas, a confusão, a luz, as cores vistosas dos vestidos … Tudo para mim, para meus olhos de criança, era um encanto.
Certa ocasião, ao dobrar a rua das Flores – então conhecida pelo ouro, – para os Loios, minha mãe escorregou. Quase caiu. Amparei-a.
Virando-se para mim, muito séria, disse: - “ Se não fosses tu, tinha caído…” – Fiquei orgulhoso! …Teria seis anos. Não mais.
Saudade dos meses quentes de Verão, que passei na Vilariça, na simpática “ Quinta do Bem “…
Dos animais, da vida agrícola, mormente do tanque de pedra, de água corrente, toldado de densa parreira, convidando-me à preguiça; à delícia da sonolência…nas cálidas tardes de Estio.
Saudade do Nero. Canzarrão meigo, amigo sincero, que sempre permanecia junto de mim. De noite dormia estendido na soleira da porta, porque não o deixavam entrar.
Saudade da velha e amiga cidade de Bragança, onde permaneci quatro longos anos, que foram os melhores e os piores da minha existência.
Saudade, saudade que lasca o coração e se enraizou na memória, sinto daquela que foi para mim, a melhor amiga:
Tinha nos olhos sorrisos e ingenuidade. Boca pequenina. Lábios cor-de-rosa. Por eles saíam ternas palavras que faziam sonhar…
Por que boa fada não encantou, para sempre, num sonho perpétuo, o quadro familiar?! … - Ela sorrindo, eu, enlevado na beleza, na graciosidade de uma criança amorosa…
Saudade das tardes de sábado, quando visitava velhas senhoras. Poder correr livremente ao redor do pessegueiro, sentido o perfume adocicado de roseiras floridas, e a glicínia, de grandes e vistosos cachos roxos, espiando a rua, debruçada em tosco muro de pedra.
Saudade de certo mês de Dezembro, que passei na Parede. Época dolorosa, mas que despertou sentimentos que não conhecia…
Saudade do Manuel Maria, e dos amenos passeios por velhos becos e vielas tripeiras…
Saudade de Roma. Do reconfortante silêncio do claustro, vendo monges deslizarem pelos corredores, envoltos numa luz misteriosa e silenciosa. - “ Aquele fraterno é um santo…como já não há!...” – Disse-me o meu companheiro.
Saudade de Frei António, sempre prestável, sempre afável, a mostrar-me belos rincões da Cidade Eterna.
Saudade da Pauliceia. Das pessoas que conheci, e das figuras simpáticas que me apresentaram: - “ Você é português?! … Então é quase brasileiro…” afirmou-me arquitecto de Porto Alegre.
Saudade de Itanhaém. Da casinha amorosa, que ficava perdida, em verduras, na Praia dos Sonhos…
Ai, nesse bocadinho de terra abençoada, convivi com a que se tornou companheira de jornada.
Saudade do velho prédio de alforge, que tinha quase duzentos anos, onde nasci…e da humilde casinha de Sumaré…
Saudade dos mortos, que legaram o que sou e o que sei.
Tudo e todos vivem dentro de mim…. Neste corpo envelhecido, que sofre dia e noite…
Todos me deixaram um pouco. Devo-lhes o que fui e o que sou.
A todos agradeço. Todos se encontram entranhados neste cansado coração…
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