Sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010 - 18h23
Os mais humildes fazem o maior espetáculo da nação. Nada mais brasileiro, nada mais representativo que isso em nosso país. Colorida crônica de nosso múltiplo e generoso povo.
As comunidades carentes do Rio, depois de maquiadas e fantasiadas, podem descer o morro e conquistar a avenida, trazendo seu samba, seu deboche, sua dança. A permissão de acesso tem data e hora marcada, pois sua imagem vai entrar nas casas, no seio da família brasileira, ganhar o mundo, revelando o país que não existe.
É impressionante a capacidade de motivação que eles têm para se organizar e realizar um dos mais belos espetáculos do planeta. Fico imaginando se essa capacidade mobilizadora fosse usada para mudar a realizada social, cultural e física de suas comunidades. Ao contrário de realizar um espetáculo pueril, realizar um monumento perene à beleza e à superação, fazendo de suas vidas um eterno espetáculo, transformando suas vielas em iluminadas passarelas, seus morros na comissão de frente dos atrativos de uma cidade que já é maravilhosa. Da vida de seu povo, o destaque daqueles que um dia foram relegados ao total esquecimento social, cultural e político. Da educação e cultura de seus filhos, a porta-bandeira dos passos futuros.
A avenida não deveria ser tão distante, deveria ser a casa, a rua, a cidade de cada um. No entanto, eles fazem fora o que não têm dentro. Levam para a rua, o que não trazem para dentro de suas comunidades, de suas casas. Para justificar tudo isso, inventam personagens, confeccionam formas, como se fosse um prolongamento de seus próprios sonhos, de suas vidas. Ao fundo, o balanço de um samba falando de belezas, de sonhos, de feitos heróicos, dando um terceiro significado ao que não se vive plenamente. Tudo é tão significativo...
Enquanto batucamos nossa alegria na avenida, o estrangeiro - de camarote - desfruta nossa forjada beleza, apreciando a realidade que não vivemos, o luxo que não temos, a pobreza podre escamoteada por todos nós no dia a dia. É isso, o bloco dos garis, perfeita alusão aos dias da nababesca festa. Tudo ofertado em bandejas de ouro e prata, como sempre foi.
Nesta pujante e passageira “epidemia chamada carnaval”, todos se tocam, todos se beijam, como se fosse a última vez. É a febre da festa anunciada, uma grande fantasia com um doce gosto de ressaca.
Tudo é tão pequeno que pode chegar, no máximo, a uma sonora nota 10 e nada além disso. E, no dia seguinte, a fantasia jogada na sarjeta, esquecida, como algo que não tem nome, que não tem valor, como algo que ficou sem vida, como uma maquiagem caída, deformada pelo suor do tempo e da história. A vida vai longe... nós não, estamos presos aqui!
Petrônio Souza Gonçalves é jornalista e escritor - www.petroniosouzagoncalves.blogspot.com
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