Sábado, 23 de abril de 2016 - 19h58
Os jornalistas estrangeiros estão querendo entender o que aconteceu no Brasil, com a recente condenação da Presidente da República pela Câmara dos Deputados. Não é fácil dar uma explicação cabal e satisfatória.
É típico episódio que nos deixa perguntando a quantas andamos na construção de nossa nacionalidade. E aí as perguntas aumentam o leque das causas que estão por trás dos acontecimentos.
É sintomático, por exemplo, que ninguém se deu conta que a data, 17 de abril, recordava o massacre de Eldorado dos Carajás. Certamente porque aquele episódio ainda incomoda, e deveria ser colocado no esquecimento. Em todo o caso, foi nítida a tendência de transformar uma votação carregada de consequências, em simples espetáculo a divertir uma plateia de dimensões nacionais.
Assim, para muitos, o domingo à tarde teve uma opção diferente de passar o tempo, para retomar na segunda-feira a faina de sempre.
O difícil é ler os acontecimentos, e perceber o que eles nos revelam sobre a situação do país. Pensar o país, eis o desafio. Superar a dimensão de espetáculo que diverte, para assumirmos a postura de quem se pergunta como viabilizar um projeto de país, que seja abrangente e adequado às circunstâncias que a realidade e a história nos proporcionam.
Pensar é laborioso. E muitos preferem deixar esta tarefa para outros. Ao passo que a primeira condição para construirmos um país é a participação consciente dos cidadãos, que precisa começar pela definição de um projeto que contemple todas as dimensões da convivência social.
Foi sintomático o que aconteceu na última assembleia da CNBB. Foi apresentado um subsídio, denso e consistente, com a finalidade de estimular a reflexão sobre o país, com o título: “Pensando o Brasil”. A reação dos bispos mostrou que a maioria rejeitava o texto, não porque discordasse do conteúdo, mas porque ele exigia um esforço de leitura e de reflexão. Quando se prefere não pensar, a situação fica perigosa, pois cedemos o espaço para quem pensa, rapidamente, na defesa dos próprios interesses, e não olha o bem comum.
Anos atrás a CNBB empreendeu um amplo processo de reflexão sobre “O Brasil que nós queremos”, ou “O Brasil que a gente quer”. Em termos de princípios, deu para chegar a uma definição abrangente, de um Brasil “politicamente democrático, economicamente justo, socialmente solidário, culturalmente plural, regionalmente diversificado, ecologicamente sustentável, e religiosamente ecumênico”.
Nas utopias é fácil ter consenso. O desafio é passar das utopias para a realidade. Aí se exige um trabalho atento, consciente, persistente, incansável, a partir da própria cidadania, para tornar possível algumas mudanças que são urgentes e estratégicas. A começar, finalmente, pela reforma política, onde deve ser proibida a doação de empresas para candidatos. Pois estas doações se tornaram em fonte principal do desvio de recursos públicos para interesses particulares.
Em todo o caso, cabe agora a cada um de nós, fazer do episódio de domingo um estímulo para continuar “pensando o Brasil”, e agindo de acordo com nossas convicções, que precisam ser partilhadas, em vista de chegarmos a grandes consensos, que são indispensáveis para o enfrentamento democrático dos graves problemas que ameaçam inviabilizar “o Brasil que nós queremos”.
A importância de um candidato não se mede pelo dinheiro que usa para fazer sua campanha. Mas sim pela consistência de suas propostas, e pelo testemunho de vida que ele apresenta.
Fonte: CNBB
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