Quinta-feira, 13 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

Nos tempos da palmatória e do carroço de milho


Valdemir Caldas - Gente de Opinião
Valdemir Caldas

Se você tem sessenta anos ou mais sabe do que eu estou falando. Antigamente, o professor era uma figura admirada e respeitada pelos alunos, pelos país dos alunos e pelas autoridades. Hoje, o professor é desrespeitado por quase todo mundo, mas, principalmente, por governantes, que o veem como um coitadinho, que é obrigado a fazer bicos em várias escolas para completar a renda do mês, alguém que só é lembrado às vésperas e durante as eleições por caçadores de votos. Essa figura extraordinária, cuja palavra, no passado, tinha força e poder, já foi chamada de mestre-escola, o mestre de primeiras letras, ou, então, o mestre de meninos, até chegarmos aos professores universitários e doutores de hoje, não importa o nome que se lhe dê, a missão é uma só: garantir a conservação das artes e o progresso das ciências pelo ensino e pela pesquisa, preparando os jovens de hoje para serem os homens e as mulheres de amanhã.

Sou do tempo em que a palmatória e o carroço de milho eram usados como ferramentas pedagógicas. Quem não sabia a lição recebia uma quantidade de bolos. Primeiro na mão direita. Depois na esquerda. Quando o aluno chegava em casa, com as mãos inchadas, tinha que explicar o motivo aos país ou responsáveis e, de quebra, ainda pegava uma surra. Os valentões, do tipo faço e arrebento, que ficavam bagunçando, não prestavam atenção a aula, e ainda atrapalhava os colegas, ficavam de joelho em carroço de milho, de frente para a parede. Nem por isso ninguém morria. E não me venha com essa história de que isso é desumano, uma crueldade. Crueldade é um moleque entrar em uma escola, matar o professor, colegas e ferir outros tantos. Isso sim é que é desumano. Depois, é mandado para um desses centros de recuperação, cuja maioria não recupera ninguém, passa uma temporada e, quando sai, geralmente sai pior do que entrou. Os exemplos estão aí para quem quiser vê-los.

O resultado disso é o que acompanhamos nos jornais e nas mídias e redes sociais. Deus é o grande ausente de muitos lares. A educação familiar praticamente desapareceu.  Muitos país simplesmente deixam seus filhos na escola e exigem que o professor assuma a responsabilidade de educá-los visando sua formação moral, ética, espiritual, de cidadania, autoestima, entre outros valores, uma tarefa única e exclusivamente deles. Depois, ficam procurando bodes expiatórios na tentativa de justificar o injustificável. Bons tempos eram aqueles da palmatória e do carroço de milho.

Gente de OpiniãoQuinta-feira, 13 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Prisão preventiva: o erro judiciário que custou a vida de uma jovem

Prisão preventiva: o erro judiciário que custou a vida de uma jovem

Recentemente, foi noticiada a morte de Damaris Vitória Kremer da Rosa, de 26 anos, por câncer de colo do útero, dois meses após ter sido absolvida d

O Brasil que se acostumou a esperar pela catástrofe

O Brasil que se acostumou a esperar pela catástrofe

A catástrofe da violência no Rio de Janeiro produziu efeito no Congresso Nacional, como costumeiramente acontece, após a megaoperação policial que d

A “COP da verdade” e o teste de Rondônia: o que o Brasil precisa entregar além do discurso

A “COP da verdade” e o teste de Rondônia: o que o Brasil precisa entregar além do discurso

Belém (PA) — Na abertura do encontro de líderes da Cúpula do Clima em Belém, nesta quinta (6.nov.2025), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elev

Criando uma marca com propósito: do insight à identidade

Criando uma marca com propósito: do insight à identidade

Construir uma marca do zero é muito mais do que definir uma paleta de cores ou desenhar um logotipo. É um exercício de tradução: transformar a essên

Gente de Opinião Quinta-feira, 13 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)