Sexta-feira, 30 de dezembro de 2011 - 08h47
BBC Brasil
Ivan Lessa
O mundo é irresenhável. Tem muita gente nele naquela pose pobre e estúpida de acenar para as câmeras quando está sendo filmada ou fotografada.
Neste ano que passou, em meio à enxurrada habitual de fatos e coisas sem importância, à luz de 40 watts da história de nosso bisonho planetinha, fomos dar de inventar que uma balinesa, ou indochinesa, uma bobagem dessas, tanto faz, pariu o sétima bilionésima pessoa do mundo.
A arbitrariedade foi muito discutida. Em Jequetira, Rio Grande do Norte, um casal de retirantes da classe C, a caminho dos sonhos dourados de onipotência da "classe média" brasileira, jurava por todos os orixás do mundo e uma Bíblia sem capa e nunca lida que a sétima bilionésima pessoa a vir agraciar os trabalhos desta Terra que temos o mútuo desprazer de compartilhar seria sua rebenta, Rocimara Prazeres Caldeirão.
O troço foi levado a juízo e, neste ano entrante, deverá sair uma solução salomônica, como sempre é o caso conosco.
Retirantes a caminho da "classe" média. Suas lutas e dificuldades, sonhos e desilusões. Uma cadela, a Baleia, tem morte pungente e é o fato que mais mexe com o eventual (bota eventual nisso) leitor.
Está aí um bom enredo para uma atualização de Vidas Secas, de Graciliano Ramos, a quem só os acadêmicos brasileiros de letras razoavelmente vivos têm o direito (mais: a honra) de se referir como "o velho Graça", como se com ele tivessem tido o prazer e o privilégio de tomar uma pinga, fumar um cigarro barato e cuspir no chão do bar vagabundo.
Faço tudo para evitar uma "resenha do ano". De batata mesmo, só citei que somos agora 7 bilhões de pessoas passando mal e desejando o pior possível para seus semelhantes.
Deste barro malcheiroso somos feitos. À exceção óbvia de Eike Batista (oitavo homem mais rico do mundo segundo empresas jornalísticas norte-americanas), sempre acompanhado de sua marina no Aterro do Flamengo, na verdade, como se ela fora – aqui outro toque literário – "Baleia" também, com um jeitão daquela brancona do Herman Melville.
Somos feitos de carne e coincidência, como apontou o falecido (para muitos) poeta russo Mayacovsky.
Coincidência o ano de 2011 ter caído logo depois de 2010 e antes de 2012 ou eram os deuses realmente astronautas? Ainda é cedo para dizer. Só o tempo, essa esfinge quimérica e boquirrota, revelará na época que julgar própria.
Mas eu não poderia deixar de encerrar esta resenha do que foi o ano que passou sem mencionar a "primavera árabe", que teve início – quem diria, hem? – na Tunísia, com um um tipinho dramático se autoimolando, como se fosse um isqueiro Ronson defeituoso, e chega a 2012 com a Síria fazendo tudo que se esperava dela e, no clube Monte Líbano, do Rio, se comentava com língua ferina sobre o Sírio-Líbanês.
Por essa e por outras é que eu preferia frequentar o Iate Clube, onde o clima era mais fino e ocasionalmente podia haver uma amolação com a filha de um banqueiro, mas nunca uma imolação.
As controvérsias, para encerrar numa nota (oitava diminuída) foram presença marcante no ano que passou. Há os que afirmam que o macaco do Tarzan, Chita, ou Cheetah, como preferem aqueles que optam por bullying, não era o verdadeiro, o original do primeiro filme do esplêndido Johnny Weissmuller.
Que Chita ou Cheetah foram muitas e tombavam como moscas logo após os rigores das puxadas filmagens.
Outros defendem, como no caso de JFK, uma possível trama diabólica só que para sair do nada e chegar a parte alguma. O que não é o caso da malhação de Quaddaffi, ou Khadafi, e até mesmo Chita ou Bully, como preferem outros. Foi ou não foi suicídio? Rúbea rosa ou malévolo massacre?
As dúvidas, e 58 bilhões, 197 milhões e 581 mil e 238 mortes ocorridas (a maior parte sem a menor importância ou impacto) no ano que passou, no momento em que escrevo, 8 da manhã de 30 de dezembro de 2011 (dominus tecum para todos), segundo as autoridades contrárias a fazer contas de nascimentos, persistem e persistirão.
Uma coisa é certa, e googlei para não passar adiante dado capenga: até a manhã de 30 dezembro, sempre do ano corrente, o mundo consumiu 471 bilhões, 135 milhões, 303 mil e 689 latas de Coca-Cola.
Lá vai mais uma. E outra. Mais outra. Qual! Querem saber de uma coisa, resenha do ano é a mãe, ocá?
Domingo, 7 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)
A política do tempo dos coronéis
Tem gente que acha que basta o presidente da República, o governador ou o prefeito escolher seu sucessor e todo mundo vai votar no seu candidato. Is

Não tem prefeito que dê conta de resolver os problemas da cidade que administra se os habitantes não colaborarem. Não se pode negar que Léo Moraes es

O Banco Master, do senhor Daniel Vorcaro, está no centro de uma crise financeira. Tudo indica que houve gestão fraudulenta. O Master oferecia taxas

Transporte Público Gratuito: 78 bilhões no colo do setor produtivo
O Governo não para de criar propostas mirabolantes para agradar o eleitorado com políticas assistencialista e prepara, mas uma festa. O “bolo”, poré
Domingo, 7 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)