Sábado, 21 de junho de 2008 - 21h51
Os setores financeiros divulgam que as fronteiras tornaram-se desnecessárias e porosas nas últimas décadas, uma vez que é possível transferir dinheiro e informação de um país a outro em poucos segundos, enquanto outros falam da crise do Estado-nação, porém é curioso notar que os Estados Unidos vigiem cada vez mais sua fronteira com o México e até ameacem a construção de um muro, ao mesmo tempo que aumenta a xenofobia na Europa em relação aos imigrantes africanos e o controle migratório. Desta forma, o Estado-nação vive atualmente o seu momento de maior importância e imprescindibilidade como organização política e conceito identitário, ao contrário do que apregoam alguns grupos defensores dessa porosidade. No Brasil, as fronteiras são mal vigiadas e, por isso, vítimas de transgressão; tema de que trataremos.
Dos países da América do Sul, o Brasil só não possui fronteira com Equador e Chile. Temos 23.086 km de fronteiras, sendo 15.719 km terrestres. Só para comentar o caso da fronteira com o Peru, nosso país tem sido invadido (não gosto deste termo, mas não achei outro melhor) por madeireiros que agem no estado do Acre desmatando as reservas e extraindo madeira com o objetivo de levá-las ao outro lado da fronteira de onde vieram. O controle por parte de nossos agentes migratórios é praticamente nulo, na mesma proporção em que os contrabandistas estão preocupados em ser surpreendidos. A medida, neste caso, é patente: conquistar o respeito fronteiriço com o envio, mesmo que temporário, de tropas do Exército brasileiro para realizar a patrulha.
O que acontece na fronteira com o Paraguai dispensa comentários, uma vez que é trânsito de contrabando e migração ilegal. Fracassada a intenção paraguaia de conquistar uma saída para o mar com a dolorosa guerra do Paraguai (1864-1870), hoje eles ao menos controlam metade do que se produz na hidrelétrica de Itaipu. Agrego que nosso país é o único na América do Sul que não tem base militar dos Estados Unidos, embora este país esteja ansioso por conseguir um espaço em Alcântara, Maranhão. Isto se deve a que, segundo os cálculos, gasta-se menos combustível para enviar foguetes próximo da linha do Equador e, segundo a suspicácia, esses abelhudos querem acompanhar de perto o que acontece na Venezuela, cujo governo lhe cutuca.
No Brasil, entra e sai qualquer um e a qualquer hora. Vimos o caso vergonhoso do jato pilotado por estadunidenses sobrevoando nosso espaço aéreo em altura e rota não autorizadas até derrubar o avião da Gol que matou 154 pessoas em setembro de 2006, no caminho entre Manaus e Brasília. No mínimo, o governo brasileiro deveria encaminhar um julgamento, mas ficou tudo no esquecimento. Nossas fronteiras são incomensuráveis, mal vigiadas e meramente geográficas; uma coisa leva a outra, pois a grandeza dificulta a patrulha. No mapa geográfico, parecem salientes e definidos os contornos do grande Brasil; na prática, poucos a temem. São vulneráveis e desrespeitadas até pelos que temos como irmãos do Sul, cuja relação é sadia, mas não deve ser cega.
Assim, deixamos o problema dos narcotraficantes na fronteira com a Colômbia para expor em outra ocasião. Para tratar do problema fronteiriço, nada mais adequado que o aperitivo da defesa brasileira para que o prato saia quentinho. No entanto, esse Exército defasado que temos, que dispõe de baixo investimento em armas, tecnologia e estratégia, só serve mesmo para cantar o hino e acompanhar outras cerimônias formais, embora seja uma instituição de prestígio e respeito. Mas, claro, por quê investir em defesa num país que não combateu a miséria, dentre outros males. Ao deixar de ser condescendentes, todavia, já poderíamos enfrentar esses problemas com a ousadia peculiar à magnitude deste país. Circunscrever e defender o que é nosso: eis um ponto de partida.
Fonte: Bruno Peron Loureiro é bacharel em Relações Internacionais pela UNESP (Universidade Estadual Paulista).
Segunda-feira, 8 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)
A política do tempo dos coronéis
Tem gente que acha que basta o presidente da República, o governador ou o prefeito escolher seu sucessor e todo mundo vai votar no seu candidato. Is

Não tem prefeito que dê conta de resolver os problemas da cidade que administra se os habitantes não colaborarem. Não se pode negar que Léo Moraes es

O Banco Master, do senhor Daniel Vorcaro, está no centro de uma crise financeira. Tudo indica que houve gestão fraudulenta. O Master oferecia taxas

Transporte Público Gratuito: 78 bilhões no colo do setor produtivo
O Governo não para de criar propostas mirabolantes para agradar o eleitorado com políticas assistencialista e prepara, mas uma festa. O “bolo”, poré
Segunda-feira, 8 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)