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Feliz dia de quem matou os pais!


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Hoje é Dia dos Pais. Dia em que Suzane von Richthofen, condenada por assassínio de pai e mãe (foram mortos a pauladas), está de férias da prisão. Dia em que Alexandre Nardoni, sentenciado pelo assassínio de sua filha de 5 anos (de acordo com a condenação, a menina foi atirada da janela do sexto andar) está de férias da prisão. Mas, diga-se, a bem da verdade, este “saidão” do Dia dos Pais (já houve, anteriormente, o “saidão” do Dia das Mães) não beneficia apenas os condenados pela morte de pais ou filhos: estende-se a alguns milhares de pessoas condenadas por crimes diversos. E não se limita ao Dia dos Pais: no total, são nove dias de liberdade – após os quais há sempre uma porcentagem que simplesmente não retorna à prisão.

 

Uma dúvida: se estas pessoas podem circular livremente em certos dias do ano, por que passam os outros dias na prisão? Se oferecem tanto perigo que precisam ficar presas, por que são libertadas em períodos festivos? Ou oferecem risco (e, nesse caso, o tal “saidão” é estranho) ou não oferecem risco – e, nesse caso, o absurdo é mantê-las presas, ocupando as vagas tão escassas no sistema penitenciário já superlotado.

 

Parafraseando o notável político baiano Otávio Mangabeira, por mais absurdo que seja o acontecimento, no Brasil há precedente. Mas o “saidão” só encontra precedente numa antiga piada, cuja graça é o absurdo da coisa: a do rapaz que mata o pai e a mãe porque queria ir ao baile de órfãos. 

 

Forte…

 

Apesar de toda a campanha desencadeada contra ele, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, continua sendo a figura mais popular do Governo. Tem quase o dobro da popularidade do presidente Jair Bolsonaro. Neste momento, este é seu único trunfo: o apoio do eleitorado. Pois até agora o Governo não se mexeu para ajudá-lo a aprovar uma sequer das medidas que propôs. Talvez ser mais popular do que Bolsonaro lhe custe este preço.

 

… mas fraco…

 

Bolsonaro prometeu-lhe o Coaf, que monitora a movimentação de recursos no país. A Câmara Federal rejeitou a mudança (sem que nenhum participante do Governo se movesse) e, diante da possibilidade de que o Senado revertesse a decisão dos deputados, Bolsonaro resolveu deixar tudo por isso mesmo – e prometeu a Moro que Roberto Leonel, indicado por ele para a presidência do Coaf, continuaria no cargo. O Coaf ficaria na Economia mas Paulo Guedes seguiria a política de Guedes.

 

…e encolhendo

 

Agora, Guedes e Bolsonaro querem livrar-se da promessa. E Bolsonaro fala em passar o Coaf para o Banco Central, “exclusivamente técnico”. Bolsonaro quer a cabeça de Leonel, que protestou contra a decisão do ministro Tóffoli de cortar a ligação do Coaf com o Ministério Público e a Receita – decisão que livrou Flávio Bolsonaro, o filho 01, de incômodas investigações.

 

Moro também teve de concordar com Bolsonaro, que o mandou deixar o projeto anticrime em banho-maria até que seja aprovada a reforma tributária. Em resumo, Moro tem força entre os eleitores, mas não tem força alguma no Governo. Como um bifinho, encolhe quando frito.

 

A vida como ela é

 

Frase do presidente Bolsonaro sobre Sérgio Moro: “Eu sou técnico de um time de futebol, e ele é um jogador. Jogador conversa comigo, dá sugestão”. Mas fez questão de dizer que se aconselha com Moro. Agora só falta descobrir se Bolsonaro disse isso para elogiar Moro ou criticá-lo.

 

O fato

 

Como dizia Millôr Fernandes, um sábio, “livre-pensar é só pensar”. Pois pensemos: os quatro maiores bancos do país tiveram R$ 20,4 bilhões de lucro, o maior valor já amealhado num primeiro trimestre. Isso pode, talvez, nos ajudar a entender alguma coisa.

 

Onde estamos?

 

Dois fatos ocorridos em São Paulo mostram que a democracia está sendo solapada – no mínimo, já está com o cartão amarelo.

Primeiro: a PM paulista invadiu uma reunião de membros do PSOL, pediu a identificação dos participantes e informou que estava monitorando suas atividades. Não havia acusação nenhuma, nem perturbação da ordem, nada que pudesse dar motivo à intervenção da Polícia Militar.

 

Segundo: no estádio do Corinthians em Itaquera, SP, um torcedor estava gritando contra o presidente Bolsonaro e foi preso. Não bateu em ninguém, não ameaçou ninguém, só manifestou sua opinião. Este colunista não tem nada a favor dos alvos do arbítrio: só iria a uma reunião do PSOL para fazer reportagem e acha que o objetivo de ir ao estádio é torcer pelo seu time e ver o jogo. A política partidária deve ficar de fora. Mas todos exerciam seus direitos constitucionais. Por que a PM os incomodou? Falar mal do presidente virou crime? Com a palavra o governador João Doria.

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