Quarta-feira, 20 de abril de 2011 - 08h07
Páscoa é transliteração de termo aramaico “Peschá” e do hebraico “Pesah”. Era o rito do primeiro plenilúnio da primavera, no qual se imolava o cordeiro. A ideia inicial desta palavra era “saltar”, lembrando que javé passará adiante, isto é, “saltara” as casas dos hebreus, marcadas com o sangue do cordeiro, poupando assim da morte os que ali dentro se encontravam, como se lê no livro do Êxodo, capitulo 12. Todos os anos, na lua cheia da primavera, tinham os hebreus de reunir-se em família, ao entardecer, para a celebração ritual e festiva deste acontecimento.
Jesus e os discípulos, na véspera de parasceve, ao cair da tarde se reuniram para comer o cordeirinho de um ano, sem defeito, com ervas amargas, tendo os rins cingidos como se devessem partir. Recordavam assim a saída apressada do Egito, terra da escravidão, para a prometida terra da liberdade. Era a Páscoa.
Foi nesta ceia, na sala espaçosa e adornada, que Jesus instituiu a Eucaristia. Ao tomar nas mãos o pão e o cálice de vinho, disse: “Isto é o meu corpo”, “este é o cálice do meu sangue”. Daquele dia em diante, os cristãos têm uma Páscoa diferente da antiga. Já não comem o cordeirinho sem mancha, como os israelitas, mas o corpo sacrossanto de Cristo, cordeiro que tira o pecado do mundo. Não marcam as portas com o sangue do pequeno animal, tingem porém os lábios com o sangue precioso de Jesus.
A Páscoa cristã é por excelência a passagem da morte dolorosa de Cristo para a nova vida que Lhe veio pela ressurreição e que se perpetua incruentamente na Eucaristia. Por isto, a celebração do memorial da morte e da ressurreição do Senhor não é momento de aflição e de medo, de trevas e de fuga, como na saída do Egito. Mas festa de alegria pela vitória de Cristo sobre a morte. A Igreja não se cansa de repetir, cantando, o Aleluia da felicidade, que nos vem pela fé. “Cristo nossa Páscoa foi imolado” e se ofereceu por nós ao Pai.
Este memorável acontecimento leva-nos a realizar nossa passagem da morte do pecado para a vida da graça, por força dos méritos do Salvador. “Morrendo, diz a Liturgia, Ele destruiu a morte e ressuscitando nos deu a vida”. Páscoa, cristã é vida, ressurreição, graça, mistério. É o ápice da cristologia. Por isto a vida litúrgica da Igreja tem nela a centralidade de todas as suas ações. O esplendor do mistério pascal deve firmar nossa esperança naquela páscoa definitiva, luminosa e certa, quando – lâmpadas acesas para acolher o juiz supremo – fizermos a passagem de peregrinos terrenos para cidadãos do céu.
Desejo aos meus leitores uma Santa Páscoa!
Fonte: CNBB
Dom Benedicto de Ulhoa Vieira
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