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Congresso Nacional – de Casa do Povo para Casa da Mãe Joana


Congresso Nacional – de Casa do Povo para Casa da Mãe Joana - Gente de OpiniãoPor Edilson Lôbo do Nascimento

Sem dúvida alguma, dos povos que habitam o planeta terra, o brasileiro é provavelmente, o que mais sabe “tirar sarro” da própria desgraça e dos infortúnios que os afligem a cada dia. Funciona como se fosse uma maneira mitigadora de aliviar as angústias, as tensões e as grandes decepções que lhes são causadas, nas suas mais variadas formas.

Li recentemente numa dessas mídias, algo que fora colocado e que confirma muito bem esta situação. Eram frases bem jocosas sobre o Congresso Nacional, que se expressava da seguinte forma: se murar vira presídio; se gradear vira zoológico; se der descarga, não sobra ninguém; se colocar uma lona por cima, vira circo e se colocar luzes vermelhas, vira prostíbulo.

Prostíbulo é uma das variantes que evoluiu na estória, para designar “Casa da Mãe Joana, a partir dos ensinamentos de Câmara Cascudo. Bastante emblemático...

Essas frases que soam como um desabafo, dão bem a dimensão do apreço que o Congresso brasileiro desperta, no seio da sociedade brasileira.

Porque tanto escárnio, tanta aversão, tanto “desrespeito” e até desprezo por aquela Casa de Lei?

Certamente razões não faltam. Os parlamentares eleitos para representarem legitimamente os seus mandatos, entronizados pela vontade popular e tendo como principal objetivo serem depositários da vontade e das aspirações dos que os elegeram; nas suas trajetórias, convertem-se em representantes de si mesmo ou de grandes interesses, que não guardam nenhuma simetria com os da população que ainda acredita que os políticos são capazes de fazer alguma coisa por ela.

Não é preciso muito esforço para fazer uma catalogação dos absurdos cometidos pela maioria dos congressistas, tudo em nome das boas condições que o parlamentar tem que ter, para melhor legislar. As vantagens pessoais parecem não ter limites. Vão desde a remuneração de empregados domésticos pagos com as verbas de representação. Festival de passagens e diárias, nepotismo, atos secretos que possibilitavam toda espécie de irregularidades para que fossem auferidas vantagens em nome de parlamentares ou de seus entes mais próximos.

No plano coletivo, a coisa é mais escabrosa. Estão sempre em jogo as disputas por espaço de poder. É um poder que não é legitimado pelas questões mais republicanas. É um poder marginal. Obtuso e que fere os melhores princípios. Aí, não existem regras muito lícitas para os contendores. A coisa beira ao mais baixo nível de degradação que o ser humano pode alcançar. É um vale-tudo.

Relembremos apenas alguns casos mais recentes. Sanguessuga, CPI do Bingo, CPI do Esporte, Mensalão, Caso Cachoeira, e uma série de tantos outros que dão bem uma dimensão da patifaria que corre solta as expensas dos recursos públicos, que infelizmente sangra da arrecadação que é feita do bolso de cada contribuinte.

O mais recente caso, envolve a eleição para a presidência da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara, o Pastor evangélico Marco Feliciano – PSC/SP.

O que se comenta nos bastidores, é que a bancada rural, que não é nem um pouco boba, negociou com os evangélicos esse cargo, na perspectiva de contar com os seus votos, para aprovar as questões envolvendo o agronegócio. Sabe-se que os temas aprovados sobre questões do agronegócio esbarravam na comissão de Direitos Humanos. Agora tendo a bancada evangélica como aliada, a situação fluiria com melhor desenvoltura.

Quanto às articulações que os partidos fazem para aquinhoar vantagens nos processos que são necessários a disputa pelo voto, nada mais legítimo que cada um a seu modo, procure apoio em outras bancadas para satisfazerem seus intentos.

Mas o que se espera em tais circunstâncias, é que o processo possa correr dentro da mais irretorquível lisura, já que estamos tratando de um poder que encarna a terceira força de equilíbrio dentre os poderes que constituem a estrutura de uma Nação. Ledo engano. O “pilantra” eleito, não é merecedor de um mínimo respeito pela sociedade brasileira, de ser representante de uma Comissão da maior importância, como a dos Direitos Humanos.

Travestido aqui na terra de mensageiro do Senhor, o parlamentar usa e abusa da ignorância, ingenuidade e boa fé dos devotos que frequentam a sua igreja.

A quem porventura, destinar um pouquinho do seu tempo para assistir algum vídeo, o Pastor na sua pregação, exorta o nome de Deus, para auferir de uma classe totalmente desprovida dos recursos mínimos para sua sobrevivência, a maior vantagem possível, numa flagrante forma de extorsão. É de causar náuseas...

Numa algazarra de fiéis voluntários, ávidos para cumprir a sua missão de fervorosos colaboradores à causa da igreja e de Deus, sobre a liderança desse “embusteiro”, percebemos, o quanto frágil é o ser humano, quando na sua ignorância se deixa enganar facilmente, pela sedução malévola de um falso Pastor.

Como se falar de metas, de sacrifícios, milagres na plataforma, na perspectiva de retirar dos fiéis incautos, o maior possível do seu menor necessário...?

Chega a ser revoltante, ouvir desse pastor propostas infames. Vou repetir: propostas infames. Frases do tipo: a maioria das pessoas que estão no vermelho, não está porque ofertou, como a sugerir, que um pobre fiel, se tivesse se despojado dos seus míseros quinhões, a misericórdia de Deus, o teria recompensado. Sem qualificação.

Outras pérolas: “Doou o cartão, mas não forneceu a senha, depois não vai pedir um milagre, dizer que Deus é ruim...”.

O lema é: “tem que acreditar, tem que dá um jeito, vale até cheque pré-datado, para 30, 60, 90 dias...”.

Mas o que enoja mesmo, e ver um “discípulo do Senhor Jesus” usurpando cinicamente de um pobre cadeirante, a módica quantia de Hum mil reais, e vendo neste, o regozijo de poder contribuir na fé, um “servo de Deus” que aos olhos dos que tem capacidade de enxergar, não possui o menor escrúpulo.

Isso é Igreja ou mercantilização da fé? Na verdade se trata de um negócio. E negócio dos mais vis, pois trata de ludibriar a fé dos menos favorecidos, retendo pra si, quantias fabulosas. A quem cabe fiscalizar o destino dessas vultosas somas...?

Some-se a tudo isto, o lado homofóbico e preconceituoso do Pastor, como é de domínio público, face a veiculação de determinados vídeos, nos meios de comunicação.

É justamente uma personagem como esta, que é eleita, com a conivência dos seus pares na Câmara, uma Comissão, que deve ser constituída por parlamentares que primam pela retidão de caráter, exemplos de uma vida digna, sobretudo, pela responsabilidade de quem tem de presidir, uma Comissão que deve ser pautada pela ética, pela coerência, pela decência, pela equidade e justiça.

Infelizmente os exemplos colhidos pelos meios de informações o desqualifica. Sobra a sensação de uma conivência de grupos interessados em marcar suas posições e lograr o melhor êxito possível nas votações onde seus interesses estejam colocados em disputa.

ISTO É O NOSSO BRASIL
 

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