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Carta de uma brasileira desiludida


Ao ler o jornal hoje de sexta-feira, fiquei aturdida com a notícia que vi. Li que o deputado Virgílio Guimarães, do PT de MG,  está propondo um reajuste de salário dos deputados de 26,49% e , ainda por cima, propõe o fim da prestação de contas de um percentual da verba indenizatória, atualmente em R$ 15.000,00 (quinze mil reais) a que todos os deputados têm direito. Então, junta-se aos R$ 16.200,00 (dezesseis mil e duzentos reais), diga-se 46,285 salários-mínimos – por deputado, por mês - , uma parcela dos R$ 15.000,00. Isto sem contar, que há deputados que fazem  seus empregados e assessores devolver parte do seu salário, para  "pagar dívidas de campanha" ou "para contribuição partidária".  Só esse aumento, aplicado a todos os deputados, representa aproximadamente 5.080,57 salários-mínimos mensais, sem contar o efeito cascata nas demais verbas e o efeito disso na folha de pagamento dos Estados, já que o salário dos deputados estaduais é, na maior parte deles, um percentual dos salários dos deputados federais.  Este país não pode ser sério!!!
 
Nem tudo que é legal, é moral e, neste caso,  é uma imoralidade o que o deputado está propondo. Os deputados federais ganham um salário de R$ 12.800,00 (doze mil e oitocentos reais) o que equivale a 44,8 salários-mínimos, fora outras vantagens, como passagens aéreas, verba para correspondência, combustível e outras.
 
Eles podem alegar que é difícil viver com um salário tão "baixo" e  afirmo que o difícil é termos que pagar com nossos impostos os altos salários de empregados ineficientes – sim, porque os deputados são empregados do povo. Afinal, são  pagos com os impostos de todos nós brasileiros -. Pergunto-me: se é difícil viver com um salário tão baixo, porque eles não abrem mão de seus mandatos e voltam a trabalhar na sua atividade anterior. Claro que não, não são bobos! Teriam que trabalhar todos os dias e talvez não tivessem o prestígio, o salário e poder que hoje detêm. Ah, o poder... Como ele modifica e seduz os homens.
 
Sabia que mais dia, menos dia, alguém proporia esse aumento. Em vez de legislarem em causa própria, eles deveriam propor uma lei que fizesse todos os parlamentares trabalharem de segunda a sexta-feira, em horário integral, isto é, 8 (oito) horas diárias, como todos os brasileiros,  para fazerem jus aos altos salários que recebem. Mas é impossível, porque todos têm que visitar suas bases... É uma bela desculpa.  Nada mal, trabalhar três dias na semana, ou seja, 12 dias ao mês, quando muito. Essa semana de, vamos lá, três dias era admissível quando não havia aviões (nem passagens pagas com o dinheiro do contribuinte) e os parlamentares voltavam às suas bases de carro ou, anteriormente, de trem ou de cavalo. Em pleno século XXI se eles tivessem vergonha na cara, trabalhariam todos os dias e para o bem do povo brasileiro e não para o seu próprio bem.
 
Estou enojada com tanta demagogia, estou enojada de ver políticos corruptos se reelegerem em todas as eleições. Eles são a vergonha do Brasil. O Brasil é chacota no mundo inteiro pelos parlamentares que tem; pelas CPIs que teimam em criar para "investigar" e que - servem somente para deixá-los expostos na mídia, visando à próxima eleição -, mas que na hora agá não pune ninguém.
 
E o povo? Ah! pobre e triste povo que os têm como "representantes" e no qual me incluo. Que se lixe o povo, que só é lembrado nas eleições e como massa de manobra. Isto quando seu voto não é comprado, porque o povo ignorante se deixa comprar, uma vez que vive miseravelmente - milhões sem ganhar ao menos o salário-mínimo - e qualquer trocado para aplacar a fome - de comida, não de poder –  é bem vindo, mesmo que seja em troca do voto. Afinal, a maioria dos que vendem seu voto sequer sabe para que elegem deputados, senadores, nem o que eles fazem depois de eleitos, qual a sua função social. Pobre povo ignorante, condenado a ser eternamente ignorante, porque isso torna mais fácil sua manipulação por governos e por parlamentares demagogos.  Usam o poder que lhes foi outorgado pelo povo para se locupletarem, mas tudo "em nome do povo" ou "para o bem do povo", vide vários exemplos na atual legislatura.
 
Sei que não vai adiantar nada, mas quero deixar registrado meu desencantamento com os rumos que estão sendo traçados para o Brasil. Este é um desabafo de uma brasileira que não se conforma com os rumos que os políticos querem dar ao Brasil. Pobre Brasil, pobre povo! Os políticos, em todas as esferas e de todos os partidos, acabaram ficando "farinha do mesmo saco", para nossa tristeza.

       Porto Alegre, 26 de março de 2007.

Ana Maria de Sá Marino

Fonte: Coluna do Claudio Humberto

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