Terça-feira, 12 de agosto de 2025 - 12h08
“Sem a confiança engendrada pela veracidade da palavra governamental, a
democracia perde sua transparência e se vê comprometida, encerrada dentro do
segredo e da mentira”
Hannah Arendt, filósofa e teórica política alemã
Por volta de 155 a.C., três embaixadores gregos liderados pelo filósofo
Carnéades de Cirene chegaram no Senado Romano, para negociar uma multa que
havia sido aplicada injustamente por Roma aos cidadãos de Atenas. Carnéades era
membro da Nova Academia, antiga trincheira do ceticismo, cujos integrantes três
séculos antes foram convencidos por Sócrates da necessidade do seu suicídio,
como forma de se livrar de seus argumentos.
Carnéades foi brilhante na defesa, argumentando com veemência a
importância da justiça e defendendo que ela deveria ser uma de nossas
principais motivações na busca da verdade para a evolução da sociedade. Os
romanos ficaram fascinados pelo carisma do orador: a força das alegações, a
eloquência do pensamento, a pureza da linguagem e a energia do grego tocaram a
todos. Entretanto, não era aquilo que ele queria provar.
No dia seguinte, Carnéades voltou mais enfático. Postulando a doutrina
da incerteza do conhecimento, e refutando tudo que defendera anteriormente, ele
se contradisse com argumentos não menos convincentes daqueles usados na
véspera. Com a mesma retórica, ele demonstrou que a neutralidade e a
objetividade do direito aumentam a probabilidade de uma verdade, e conseguiu
dissuadir a todos que havia convencido no dia anterior, evidenciando o quanto
de reflexão e questionamento é necessário para a pretendida justiça.
Esse incidente continua sendo emblemático pelo impacto que exerceu - e
exerce até hoje - sobre gerações de filósofos e teóricos. Carnéades foi um dos
céticos dos tempos clássicos, pensadores que professavam algo entendido como
“investigação” (significado original de ceticismo), ou seja, o exame rigoroso
dos prós e contras de determinada crença ou entendimento postulados como
verdade. Eles acreditavam que a busca da verdade traz conclusões com diferentes
graus de credibilidade, porque não existem respostas definitivas, mas sim
produtos – com maior ou menor probabilidade – frutos do processo de questionar
e explorar todas as possibilidades.
O ceticismo, prevalente entre os principais pensadores da Antiguidade, a
partir o Iluminismo começou de fato a ser usado como ferramenta jurídica de
metodologia crítica, não como um sistema de constatação da verdade, mas para
avaliar a plausibilidade das proposições e delimitar o alcance da razão. Embora
o advento das religiões monoteístas tenha trazido a crença na singularidade da
verdade divina, desde o Século XVIII é a “verdade do mais provável” que
prevalece nos dissensos jurídicos. Ao exigir dos juízos averiguações, certezas
factuais e provas materiais, o ceticismo inclusive passou a reforçar a tese do
"in dubio pro reo" (na dúvida, decide-se a favor do réu), evitando-se
sentença condenatórias onde o grau de probabilidade da “verdade” está aquém do
razoável.
Contudo, nos últimos cem anos, não só a verdade absoluta do dogma
religioso, mas também aquelas verdades factuais dos céticos, foram
definitivamente sobrepujadas por episódios de falsos apriorismos, narrativas
enviesadas, meias verdades e velhas mentiras convenientes, propaladas por uma
seita disfarçada de ideologia que passou a ser conhecida como comunismo.
Surpreendentemente, esse regime concebido por Marx no Século XIX,
praticado por Lenin, Stalin, Mao, Fidel, Ortega, Maduro e Xi Jinping,
responsável por centenas de milhões de mortes por onde foi vivenciado, tem
todos esses procedimentos doutrinários típicos disseminados no Brasil do PT, em
pleno Século XXI: a calúnia, a mentira, a desinformação, a deformação, o
casuísmo; a injúria difamatória, o
rótulo de fascista, colaboracionista ou até mesmo de genocida, aplicado a todos
aqueles que os contradizem; enfim, a afronta imerecida e insidiosa, a negação
dos fatos, e o abuso da falta da mínima razoabilidade nas narrativas continuam
sendo propalados como verdades pelo nosso Governo, sendo validados por
artistas, intelectuais e até a imprensa.
Na atual “democracia relativa” vigente no nosso país – uma espécie de
museu da história natural do comunismo primitivo mumificado – temos Ministros
do STF que declaram abertamente “seguir o que Lenin recomendava”, ou que
elogiam a capacidade de “fiscalizar as redes sociais” do regime chinês,
enquanto o próprio Presidente se orgulha de “ser cada vez mais esquerdista”.
Nosso comunismo tabajara capturou a maioria das instituições, e fechou a porta atrás
delas. E seguidamente estão nos apresentando suas “verdades”, como a “justa
causa de organizações terroristas”, ou a “regulação dos discursos de ódio da
internet”, com narrativas e argumentos inverossímeis, quando não ilegais e
desumanos.
Quanto de verdade tem uma tentativa de “abolição do Estado Democrático
de Direito” desencadeada por uma turba de ambulantes, senhoras idosas e
pequenos comerciantes, sem vínculos entre si, sem plano prévio, apoio militar,
armamento, ou liderança em campo, em um dia de domingo, e com todos os prédios
do Governo vazios?
Qual verdade é possível apurar num processo de escopo indefinido, com as
funções de investigação e julgamento concentradas num único magistrado, que tem
afrontado seguidamente o sistema penal acusatório, e bloqueado ilegalmente
perfis nas redes sociais?
Será que as buscas das verdades sobre a fraude no INSS, ou da provável
interferência dos EUA nas eleições brasileiras de 2022, vão receber a mesma
sanha persecutória que os acusados da terrível “trama golpista”?
Estão desmerecendo o razoável e desprezando a nossa inteligência,
cerceando direitos para “preservar as liberdades”, legitimando decisões ao
arrepio do devido processo legal, valendo-se da mentira para fazer
“justiça”.
Cresci em um Brasil onde todos podiam participar da busca pela verdade,
sem medo de que essa simples curiosidade pudesse nos levar a uma excomunhão, ou
pior, à prisão. Preocupo-me com o futuro de nossos filhos. Receio que quando
adultos aceitem naturalmente como verdade esse autoritarismo disfarçado de
defesa da democracia. Temo que eles já saibam o que “não devem falar”, porque
já viram jornalistas sendo expatriados, Oficiais do Exército com décadas de
conduta ilibada presos sem culpa formada, cidadãos tendo suas contas bancárias
e de suas famílias bloqueadas por crime de opinião, senhoras condenadas a
quatorze anos de prisão por escrever com batom frases sarcásticas – sequer
ofensivas – numa estátua em praça pública. No Brasil de hoje, as instituições
estão aviltadas pela mentira, e as verdades não passam das vontades de um
juiz.
Só nos resta uma opção: reconstruí-las – instituições e verdades - nós
mesmos. Ou não seremos perdoados pelos netos de nossos filhos.
Gen Marco
Aurélio Vieira
Foi Comandante da Brigada de Operações Especiais e da Brigada de
Infantaria Paraquedista
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“Brasil Mostra tua cara Quero ver quem paga Pra gente ficar assim Brasil Qual é o teu negócio O nome do teu sócio Confia em mim”. (Cazuza,