Quarta-feira, 2 de julho de 2025 - 16h24
O alerta é claro: no Brasil, um estudo da OMS estimou que quase R$ 400 bilhões anuais são perdidos devido a doenças mentais que resultam em baixa produtividade, afastamentos e uma rotatividade de pessoal que prejudica a cultura das empresas.
Em um cenário onde cada dólar investido em saúde mental retorna quatro em ganhos de produtividade e bem-estar, como também aponta a OMS, e onde empresas que negligenciam o tema podem ver seus custos com saúde aumentarem em até 20%, a inação se torna insustentável.
Neste contexto, a Inteligência Artificial (IA) surge como uma promessa de solução, uma ferramenta capaz de processar dados, identificar padrões e, quem sabe, prever crises. A IA está disponível, é fato. Mas será que ela, por si só, é o que sua empresa realmente precisa para endereçar a complexidade da saúde mental e cumprir as diretrizes da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que estabelece as disposições gerais do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO)?
A resposta é um sonoro "não". A IA, nos estágios atuais é desprovida da inteligência similar a humana, da empatia e da capacidade de interpretação contextual. Por este motivo, pode se tornar uma ferramenta fria e ineficaz, gerando relatórios complexos que pouco ou nada contribuem para a construção de um ambiente de trabalho verdadeiramente saudável e seguro. A IA protagoniza uma excepcional possiblidade de ampliar a capacidade da liderança de atuar com este tema, como extensão analítica e aceleradora da coleta de informações. Portanto, complementarmente ao papel do líder.
A NR-1 exige que as organizações identifiquem perigos, avaliem riscos e implementem medidas de controle. Os riscos psicossociais, cada vez mais evidentes, são parte integrante desse escopo. E a liderança tem um papel insubstituível. Um gestor precisa planejar estrategicamente a integração de qualquer nova ferramenta, e com a IA não é diferente. Antes de implementar sistemas complexos, é fundamental questionar:
1. Qual o real problema em relação à saúde mental e
riscos psicossociais?
2. Como a IA pode, especificamente, ajudar a entender
e mitigar esses riscos?
3. Quais competências humanas (liderança, empatia,
comunicação) é preciso fortalecer para que a IA seja um complemento, e não um
substituto, da capacidade de cuidar das pessoas?
Tornar a utilização da IA mais humana significa, antes de tudo, colocar as pessoas no centro da estratégia. É usar a tecnologia para amplificar a capacidade humana de observação, diagnóstico e intervenção, e não para automatizar o descaso.
Uma empresa do ramo alimentício, consciente da pressão em suas linhas de produção, investiu maciçamente em programas de saúde mental. O diferencial? A criação de "agentes de saúde mental", colaboradores treinados na linha de frente para oferecer escuta ativa, acolhimento e direcionamento, humanizando o suporte no local onde o estresse acontece. A tecnologia pode apoiar no mapeamento de áreas críticas, mas a intervenção é humana.
Da mesma forma, uma instituição financeira, conhecida pelo ambiente de alta pressão, implementou ações de mindfulness corporativo e outras iniciativas focadas no bem-estar. O resultado? Além da melhoria perceptível no clima organizacional, observou-se uma redução na sinistralidade do plano de saúde. A IA poderia identificar correlações, mas a decisão de implementar mindfulness e a forma de engajar os colaboradores partem da sensibilidade e estratégia da gestão.
A construção de um PGR eficaz, em total consonância com a NR-1, demanda um olhar atento aos riscos psicossociais. A IA pode fornecer dados, mas são as lideranças e os especialistas em RH, que desenharão as ações efetivas: programas de conscientização, canais de escuta seguros, treinamento de líderes para identificação precoce de sinais de sofrimento psíquico, e a promoção de uma cultura organizacional que valorize o equilíbrio e o respeito.
A IA é uma ferramenta poderosa, mas sem a
inteligência, a sensibilidade e a visão estratégica humana, ela não passa de um
conjunto de algoritmos incapaz de promover a verdadeira mudança cultural
necessária para proteger a saúde mental dos trabalhadores e cumprir, em sua
plenitude, as exigências da NR-1. O futuro do trabalho saudável e produtivo
reside na sinergia entre o potencial tecnológico e a insubstituível capacidade
humana de cuidar.
*por João Roncati, CEO da People+Strategy- consultoria
brasileira reconhecida e respeitada por seu trabalho estratégico com a alta
liderança de grandes companhias. Mais informações em www.peoplestrategy.com.br
Como acompanhar odds de jogos no app da Novibet
Acompanhar as cotações das apostas esportivas pode parecer algo restrito aos apostadores experientes, mas com a ferramenta certa, qualquer pessoa po
O “curtailment” e o licenciamento ambiental
A participação dos combustíveis fósseis na matriz energética mundial é cerca de 82%, mas na matriz elétrica, o percentual é menor, cerca de 60%. No
Produtividade tóxica: quando o "fazer mais" nos desconecta de nós mesmos*
Vivemos em uma era em que “ser produtivo” virou quase uma identidade. A cultura do desempenho invadiu nossas rotinas e, muitas vezes, nossa autoesti
Entenda sobre o Transtorno Desintegrativo da Infância
O Transtorno Desintegrativo da Infância (TDI) é uma condição rara do neurodesenvolvimento que causa a perda de habilidades adquiridas, como linguage