Terça-feira, 18 de outubro de 2022 - 08h49
Acabo
de saber que minha neta Margarida, recebeu lindo diploma, por ter concluído o
" curso", no Jardim-de-infância.
Teve
direito a tudo: chapéu de formada e passeio de finalista, por dois longos dias.
O
ensino está tão divulgado – e ainda bem, – que até as menininhas imitam os que
concluem licenciatura.
Dizia
Marden, e com razão:" Dá-se mais importância ao diploma, que
representa sabedoria fictícia, do que à verdadeira sabedoria sem garantia do
diploma." (1)
Se
no tempo de Marden era assim, agora é pior. Quem não possui "
canudo", dificilmente consegue singrar em qualquer profissão.
E
para que todos possam obter diploma, criam-se Faculdades e Escolas, sobre tudo
e nada.
Certa
ocasião o jornalista da RTP, João Adelino, foi indicado para moderar debate. O
seu assessor informou-o que um dos intervenientes recusava-se a entrar no
estúdio, porque o moderador não o tratava por "Doutor". (2)
A
ideia piramidal de transformar a Universidade em fábrica de licenciados,
tornou, segundo Karl R. Popper, o estudo desinteressante. Numa conferência
realizada em Zurique, em 1958, disse: " Para os estudantes da minha
geração, sem recursos, a luta pelo saber constituía uma aventura, que exigia
pesados sacrifícios, o que conferia aos conhecimentos obtidos, valor singular."
(3)
Como
se sabe tudo que se obtêm sem sacrifício, nunca é devidamente apreciado.
A
facilidade, no ensino, torna, em regra, abundância de licenciaturas, mas nem
sempre abundância de bons profissionais.
Os
diplomas, são"Hábitos", como disse Diogo Couto, na carta que dirigiu
a El-Rei:
"
Não peço a S. Majestade que me faça fidalgo nem que me dê o hábito de
Cristo, porque o mundo está tão cheio deles, que ainda hei-de ser conhecido por
homem que não tem hábito (4)
E
na mesma obra, declara: " (...) Homem que não é fidalgo não é
chamado para nada".
É
o que acontece nos nossos dias em concursos públicos (e não só,) que, em regra,
requerem licenciaturas, para quase tudo.
Por
isso é que todos andam atarefados para alcançarem o almejado diploma, seja em
que for, e da forma que for. Até ilustres autodidactas, tiram licenciaturas,
para que lhes reconheçam os conhecimentos, pelo diploma...
E
o Estado, conhecedor dessa ambição e necessidade, vai facilitando o ensino.
Ter
diploma dá prestigio, e satisfaz a vaidade... e algumas vezes até dinheiro...
Bem
disse Mário Soares: " Em Portugal, o doutor é qualquer coisa de
extraordinário, quase um título de nobreza. " (5)
*
1
- " Poder da Vontade" - Livraria Figueirinhas
2
- " Jornal de Notícias" - 14/04/12
3
- Em Buscar de um Mundo Melhor" - Editora Fragmentos
4
- Prólogo do " Soldado Prático" - Livraria Sá da Costa
5 - " O Primeiro de Janeiro" - 21/07/92
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