Quinta-feira, 10 de abril de 2025 - 07h51
O rio Madeira está
muito cheio hoje. A régua de medição das enchentes está marcando quase 17 metros
em Porto Velho. Essa marca é a cota de alagação, segundo os “sábios” da Defesa
Civil. E é de fato uma das maiores cheias do rio. Políticos espertalhões se
dizem preocupados com a população ribeirinha no baixo, médio e até alto
Madeira. Autoridades municipais e estaduais dizem que vão mandar mantimentos
para toda a população afetada. São as “esmolas” que se doam em toda época de
enchente. As redes sociais são inundadas com relatos de ribeirinhos “sofrendo”
com mais este revés da natureza. O caos se abate de forma violenta sobre toda
essa gente. Tudo mentira, besteira, vitimização e também pura exploração de uma
situação que em si é um pouco caótica sim, mas que todo cidadão que mora às
margens do Madeira já está habituado a conviver.
Durante as enchentes a vida na
beira do rio Madeira é infinitamente melhor do que no verão e na vazante do
rio. Claro que há casos de perda quase que total de algumas plantações na área
ribeirinha como a banana, principalmente. Há também perdas menores de algumas
outras árvores frutíferas. E só! Melancia, por exemplo, só se produz durante o
verão quando o rio está seco. E óbvio que também existe o incômodo de se mudar
de sua casa, que foi alagada pela força das águas. Mas isto é feito lentamente,
uma vez que a enchente não chega de uma só vez como nas enxurradas. As águas
sobem a uma média de 10 a 20 centímetros por dia ou até menos. No inverno, tudo
é mais fácil. Os barcos navegam pelos paranás e furos encurtando as viagens em
muitas horas. Além do mais, quando o rio está cheio a correnteza fica mais
rápida e não há pedras nem bancos de areia.
Os ribeirinhos, de um modo geral,
amam as enchentes, pois sabem que em toda cheia, o Madeira vai irrigar com suas
“milagrosas águas” pedaços maiores de terras para as futuras plantações. Se não
fossem as enchentes, tudo seria mais pobre e a produção às margens desse “santo
rio” seria bem menor no ano seguinte. Isso sem falar na fartura de peixes que
estão subindo o rio por causa do alagamento dos igarapés e igapós. De tambaquis
a surubins, jatuaranas, piraíbas, pirapitingas, curimatãs, jaraquis e até bodós
infestam as margens piscosas do velho e abençoado Madeira dando ao ribeirinho a
sensação de muita fartura. Os peixes nessa época do ano estão todos gordos e ovados.
Bem diferente das sardinhas e mandis “tísicos” do verão. Aliás, é esse mesmo
verão que assombra o ribeirinho: água distante para se buscar, poucas frutas,
tudo esturricado e seco.
As prefeituras mandam, nas
“esmolas”, muita água mineral para os ribeirinhos. Quanta desfaçatez! Quanta
ignorância! O ribeirinho raiz bebe é a água do Madeira mesmo ou de qualquer
igarapé. Conheço muitas pessoas que têm 80 anos ou mais e sempre beberam água
do “rio das Madeiras” e ainda estão vivos e com muita saúde. A Defesa Civil, se
dizendo preocupada em salvar vidas, às vezes manda “homens treinados” para a
área ribeirinha. Só que já houve casos em que esses mesmos “guarda-vidas”
sequer sabiam andar de canoa. A cada enchente a vida se renova no Madeira. A
floresta fica mais irrigada e mais verde, as frutas abundam, os animais se
reproduzem e desaparece a fome. Até a casa do ribeirinho fica mais limpa, uma
vez que há água por todos os lados. Só que toda enchente é sinônimo de
emergência e de calamidade e o dinheiro caminha bem mais rápido. Não para os
ribeirinhos, mas para o político ladrão. Precisamos de mais enchentes!
Crônica de uma nulidade anunciada
O processo penal brasileiro não é estranho a operações grandiosas, superjuízes, desequilíbrio entre partes e nulidades. Já vimos esse filme antes. C
Homilias enfadonhas e sonolentas
Julgam alguns sacerdotes, que homilias prolongadas, recheadas de preciosa erudição, em estilo obscuro, fascinam mormente com crentes de elevada cult
O Corão e os Discípulos de Jesus
Sempre considerei absurdo contendas entre muçulmanos e cristãos. São execráveis. Ambos são crentes do mesmo Deus, e o Corão tem imensas afinidades c
Brasília: um sonho maçônico que precisa ser resgatado
Em 1956, quando Juscelino Kubitschek resolveu erguer Brasília, realizou uma cerimônia no local onde hoje está o Memorial dos Povos Indígenas. Com u