Segunda-feira, 28 de julho de 2025 - 08h25
Ouvindo um
rock and rol composto pelo Berlange Andrade, O Karapanã Infernal, e a crônica
de Arimar Souza de Sá, sobre os destemidos pioneiros de Rondônia, lembrei do
mais famoso guardião do mundo natural, antes da chegada dos homens da
civilização em terras desbravadas por Rondon nas bandas do que era então a Vila
de Santo Antônio: O Carapanã! Data vênia, historiadores cronistas, mas o
carapanã merece pelo menos umas mal traçadas linhas!
Dos supostos
30 mil homens que tombaram na construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré,
supõe-se que pelo menos 20 mil morreram de malária, doença braba inoculada pelo
inseto também chamado de muriçoca ou borrachudo.
Nesse tempo não havia calendário. As calendas foram inventadas para
situar o homem na sua insegurança histórica. Era um tempo em que não havia o
dia, senão o do império do sol, e não havia noite, senão a do reinado da lua,
porque a única invenção era eternidade.
Foi o Carapanã, fiel escudeiro do bioma
amazônida, quem teve a honra de recepcionar os emissários da Coroa Inglesa,
integrantes da primeira empresa a tentar construir a ferrovia. Com as bênçãos
do Imperador Dom Pedro II, o coronel norte-americano George Earl Chuch
contratou a empresa inglesa Public Works Construction Company para iniciar a
empreitada com um grupo de engenheiros, técnicos e operários.
A bem dizer, chegaram num dia e partiram no
outro, deixando para trás, com o rabinho entre as pernas, os corpos tombados
rentes às barrancas do caudaloso rio Madeira, que a tudo assistiu em inominável
pachorra!
Coitados dos ingleses! Contrabandearam
sementes de seringueira para Londres, porém não se deram conta de que, na mata,
tem a lei do mato, e o Carapanã é um dos integrantes do pelotão de elite deste
bioma abaixo do equador! Horrorizados com a capacidade mortífera do
guerrilheiro da floresta, os gringos sofreram pesada baixa e, com medo de que
não sobrasse ninguém para contar a estória, bateram em retirada, sem assentar
um único dormente sequer! O Carapanã e outras forças hostis da
natureza literalmente expulsaram os gringos dos barrancos guaporés!
Mas a luta do Carapanã com os homens da
civilização não parou por aí. Uma outra empresa, dessa vez uma empresa
americana, P&T Collins, iniciou as obras em 1878, mas logo em seguida pediu
pra ir beber água e nunca mais voltou, sendo seus trabalhadores também
ferozmente atacados pelos torpedos malignos do bravo Carapanã! A empresa faliu,
dizem os historiadores!
Já em 1907, após o Tratado de Petrópolis, a
turma do Percival Farquhar, de olho no montante de dinheiro que estava em jogo,
assumiu a construção da ferrovia. É verdade que chegaram lá, de fato a ferrovia
ficou pronta em 1912, mas o saldo da tragédia humana deixou um rastro de morte
cujos indícios históricos estão lá no Cemitério da Candelária! Nem o
sanitarista Oswaldo Cruz deu conta do recado!
O Carapanã ceifou a vida de milhares de homens
e mulheres, indistintamente, promovendo uma matança tão cosmopolita quanto a
mão de obra contratada pelo gringo Percival Farquhar ao redor de todos os
quadrantes do mundo!
Se alguém perguntar como foi isso, diria: não
sei, só sei que foi assim! O Carapanã Infernal postou-se como um vingador
frente a quem veio soerguer a Ferrovia do Diabo, num embate visceral e
antagônico entre as forças do mundo natural e os homens da Civilização!
Prestem atenção no rock and roll de Berlange!
O discurso em rompante simbólico da arte pode estar querendo alguma coisa que
tem a ver com o que acabamos de contar nesta prosa escalafobética!
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