Quinta-feira, 24 de julho de 2025 - 14h56
São
tantas as vistas naturais do universo e suas consequências no emocional, que as
pessoas, entre exclamações e interrogações, diante do mar, de rios e igarapés,
da floresta, de um jardim, da fauna, de uma cachoeira, do pôr do sol ou da
aurora, até esquecem das janelas e vistas artificiais, edificadas, ao longo do
tempo, pelo conhecimento, pelo saber, verdadeiros alicerces do ser e daquilo
que chamamos de humano.
Ah! se
todos tivessem a perspicácia intelectual de ver o mundo através de janelas
artificiais, deixar de olhar apenas até onde a vista alcança e, com olhos
invertidos, mediante estudos, buscar outros horizontes, na literatura, no
cinema, no teatro, nas artes plásticas, na música... Ah! como o mundo seria
diferente!
Imaginem
se a grande maioria da humanidade pudesse abrir as janelas de Shakespeare, deixando-se
invadir pela “invenção do humano” através das vistas de Hamlet, Rei Lear,
Otelo, Romeu e Julieta, e tantos outros personagens sugestivos, oriundos da
verve do bardo saxônico. Ah! como o mundo seria diferente!
Imaginem
quantos ais de prazer reverberariam ao longo do tempo se todos os estudantes,
especialmente os universitários, ganhassem significativa experiência,
absorvendo as vistas das janelas de escritores, como Cervantes, Balzac, Júlio
Verne, Victor Hugo, Tolstói, Dostoievsky, Machado de Assis, Hemingway, Neruda,
Fernando Pessoa, William Haverly Martins, Viriato Moura, José Dettoni, Júlio
Olivar, Walter Barianni, Délcio Pereira, Celeste Souza e tantos outros, feito
aperitivo de um grande “porre intelectual”, uma espécie de ponche de letras,
mistura inebriante não só de romancistas, contistas, cronistas e poetas, mas
também de filósofos, sociólogos, historiadores... Ah! como o mundo seria
diferente!
Imaginem
se todos os humanos, ao adentrarem salas de cinema ou da TV de sua casa,
entendessem a linguagem cinematográfica, compreendessem a releitura crítica de diretores,
ao filmarem romancistas de todas as épocas, sem esquecer a obra de grandes e
criativos roteiristas. Imaginem se todos percebessem a linguagem dúbia, às
vezes sarcástica, cômica, criativa, interativa e vidente do teatro. Ah! como
o mundo seria diferente!
Imaginem
se as artes plásticas realmente preenchessem os vazios humanos, e se deixassem
admirar pelos olhos da alma, ao longo dos anos, como se fossem espelhos
mágicos, que ao serem mirados, refletissem a estética, enquanto estudo da
natureza, do belo e dos fundamentos da arte. Ah! como o mundo seria
diferente!
Imaginem
se todos tivessem acesso à composição erudita, ou, pelo menos, à música de boa
qualidade, como a bossa nova, a tropicália, o baião, o samba de raiz, o forró,
a ciranda, o quanto acrescentariam ao intelecto, pelas vistas das janelas artificiais
de grandes compositores.
Imaginem
gratificar os ouvidos com clássicos como Bach, Vivaldi, Wagner, Beethoven,
Mozart, Tchaikovsky, Rachmaninoff e outros gênios da música, interpretados em
salões ou praças públicas, por grandes orquestras sinfônicas.
Ah!
como a vida seria diferente se vivêssemos num mundo, como se fosse um grande
país, com isonomia total, sem fronteiras intelectuais, sem guerras, tendo as
artes, como um todo, distribuídas democraticamente por todas as classes, dando
ao material o orgulho do “humano”, a principal vista da janela do possível
criador da perfeição.
Ah, se
isso fosse possível, todas as janelas seriam, simbolicamente, resumidas a uma
única, e nós seríamos a vista singular da imagem e semelhança de Deus.
Mas
porém todavia entretanto, me incomoda a palavra TODOS: apesar da aparência e
comportamento divinos, seríamos criaturas apáticas, sonolentas, iguais, vivendo
feito zumbis do bem, pelos corredores do paraíso. É a diferença que nos torna
grandes e agradáveis, a vitrine inspiradora. É o esforço pelo aprimoramento nos
estudos que aviva nossa vaidade cultural e estimula nossa vontade de viver; que
nos proporciona o ter, que protege e melhora o ser.
Mesmo
que os governos proporcionem oportunidades iguais e garantam bons índices de
desenvolvimento humano, é praticamente impossível a janela do ser gerar vistas
artificiais completas e satisfatórias a todos e em todos os lugares. Cada
cabeça é um mundo. Cada qual segue suas preferências, fazendo escolhas
diferenciadas, ainda que exista um senso comum direcionador, capaz de
interferir no gosto de cada um, mostrando qual vista artificial deve ser
seguida, qual pode atapetar as vias da existência.
Mesmo
que não atinja a todos, nossa luta deve continuar, pela paz, por melhores
condições de vida, advindas das administrações governamentais, dos estudos e do
adjutório das artes, de tal forma que as vistas das janelas naturais e
artificiais, nascidas a partir dos sentidos, possam caminhar juntas, uma
olhando para fora, outra para dentro, desnudando as vistas prazerosas das
janelas das utopias.
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