Quinta-feira, 7 de setembro de 2023 - 10h01
O
escritório de meu pai era, também, atelier de pintura. Nele havia duas pesadas
poltronas e três extensas estantes de pinho, enegrecidas, recheadas de livros.
Uns, trajavam fina pele, com letras gravadas a oiro; outros, meio-amador, e
ainda outros, simples plebeus, brochados, que eram a maioria.
Eram
milhentos, rondavam os dois mil volumes, que adquirira ao longo da vida. De
tudo havia, mas primavam pela ausência de critério.
Nas
derradeiras décadas, com o convívio de homens de letras, abandona o parecer de
críticos, quase sempre mais políticos, que letrados.
Aposentado,
peregrinava diariamente, pelo ardor da tarde ou pela frescura do entardecer,
mesmo com céu taciturno, as livrarias preferidas.
Iniciava
pela “Internacional”, na Rua de Santo António (Porto,) onde adquiria, livros em
francês; passava pela “Divulgação”; e desembocava na Praça, na “Figueirinhas”,
onde todos eram amigos, desde modesto empregado, aos proprietários.
Cumprimentava
o Sr. Ferreira – chefe de balcão, – e encafuava-se no interior da livraria,
catando nas colossais estantes, os volumes que mais lhe aguçavam a curiosidade.
Não
comprava a eito. Lia o indexe e morosamente folheava a obra; na dúvida,
levava-a na condição: se não lhe interessava, devolvia.
Na
velhice, pouco lia, relia, os que considerava fundamentais. Junto ao leito
havia estantezinha, onde perfilavam os preferidos; mal passavam da dúzia.
Era
a "tenda de campanha", expressão que o terso Camilo usava para os
livros inseparáveis.
Muitos
homens de cultura recomendam pouca leitura, mas muita releitura, porque, em
geral, os livros se repetem.
Marco
Aurélio dizia: " Rejeita a sede dos livros.", e o mesmo
recomendam: Sertillanges, Fulton Sheen, Jean Guitton, André Mourois, Ignace Leep,Karl
Jaspers e igualmente o nosso Mário Gonçalves Viana.
O
problema está em selecionar os tomos fundamentais. Bom professor de português
é, em geral, bom mestre, mas corre-se o perigo de indicar só autores da sua
ideologia política ou religiosa...
Boa
seleta, pode ser ponto de partida. A idade, o convívio com homens de cultura,
ajuda a criar, e de que maneira, a nossa " tenda de campanha".
Fala-se de paciência como se fosse um adorno moral, uma virtude de vitrine. Mas, no íntimo da vida real, ela é mais do que palavra repetida em sermõ
Conhecem os políticos as dificuldades do povo?
Durante o tempo que fui redator de publicação local, e realizei várias entrevistas a figuras notáveis.Certa ocasião, entrevistei conhecida deputada.
Crônica do futuro nuclear brasileiro
"A nova era nuclear: uma etnografia da retomada do programa nuclear brasileiro — ou uma crônica do futuro". Este sugestivo título da tese de doutora
"Isso é em Portugal e na Europa!..."
Estando na companhia amiga de meu cunhado, a almoçar suculenta feijoada brasileira, onde não faltava boa farofa, couve guisada e abundante carne, tu