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Crônica

A Magia do Celular


A Magia do Celular - Gente de Opinião

Porto Velho teve a sua primeira experiência com telefone antes da criação do município, durante a construção da EFMM, nos primórdios do século 20. É bom que se saiba que o telefone é invenção de 1876 e chegou ao Brasil mais rápido do que em outros países do mundo, devido a curiosidade de D. Pedro II, que estava na feira de ciência americana, que apresentou o invento pela primeira vez como sendo fruto da capacidade de Alexander Graham Bell — depois  dele foram somados outros inventores que trabalharam com a criação de um aparelho eletroacústico, na mesma época.

Barbaridade Tchê, esse trem fala! Oxente, será verdade? Essa foi uma invenção pai d’égua, mas muita coisa ainda lhe seria acrescentada por conta da imaginação humana, que, ao se somar à vontade, conseguiu maravilhosos efeitos mágicos, inimagináveis ao séquito de Dom Pedrito, naquele não tão distante século 19. Lá no Brás a gente brincava de telefone com duas latinhas e um cordão a uni-las, palavra de Arnesto, um piá ouvia o que o outro falava, a dez metros de distância. Verdade, Pantaleão!

         Entre o telefone comum e o móvel, se passaram cerca de cinquenta anos, até chegarmos ao celular tijolão, inventado pelo laboratório Bell, em 1947. Daí pra frente ouve uma verdadeira corrida cartesiana e imaginativa entre americanos, japoneses, coreanos e, há pouco tempo, os chineses e a sua maravilhosa capacidade de copiar patentes, melhorando ou piorando tudo que estava/está sendo inventado nessa e em outras áreas tecnológicas.

Xi-xi né fácil, bobeou copiou: − tá pensando o quê? Qui nóis ia entregar o papel, a seda, a pipa e a pólvora, de graça, pro Ocidente? Aprendemos a lição TCC, “copiou/colou”. Hihihi, emoji com cara de chinês sorrindo.

O ser humano já foi dependente de drogas, manias e invenções: ópio, cigarro, veículos motorizados, aviação, etc. A partir do século 19, parece que o homem retirou do seu próprio cérebro, a penúltima capa da magia, desnudando a razão, a imaginação e a vontade, abrindo o horizonte ao inimaginável.

Falta a última capa, aquela que descobrirá todos os segredos da inteligência artificial: o homem será, enfim, comparado a Deus, cumprindo a última “profecia” de René Descartes, estabelecendo o fim da mortalidade e o primado da matéria. É da lei da evolução, que desde o início aponta a imortalidade como meta, a consequente independência do meio ambiente. Pena que já não estarei aqui.

Não está sendo surpresa a dependência do celular, para resolver os problemas da comunicação, entre os povos, os países, os namorados; no dia-a-dia das famílias, do trabalho, da picaretagem, et cetera e tal. Aliás fica difícil imaginar como as pessoas se comunicavam antes do celular. Como não se apaixonar por um aparelho que é telefone, tradutor, máquina de datilografia, de fotografia e de filmar, manda mensagens, grava áudios, é e-book, sala de cinema, de Tv, de aula; que lhe leva ao estádio de futebol e aos ginásios esportivos, toca música e obedece a um sem número de aplicativos, onde e quando quiser?  O bicho é tão bom que estraga. Emoji com cara de surpresa e satisfação!?!

A cada dia que passa um aparelho celular novo é lançado, superando o anterior em tecnologia, recursos e design. Estou esperando o celular que se comunicará pelo pensamento, independente da fala e dos fones de ouvido. É o celular mudo, com tela côncava e convexa, com comunicação intercerebral, ideal para brigas de casais, delação premiada, sermão pra um, conversas íntimas sem registros, etc. etc. Já chegou ao Nortewood. Emoji com cara de mentiroso!

Se você ainda não se rendeu ao uso dos dispositivos móveis, pode se preparar para entrar na corrida da tecnologia, no mundo do status tecnológico das redes sociais, onde o mais moderno se torna básico e obsoleto em poucos meses e o simples e básico nunca será o bastante, pois a mídia, enquanto veículo das empresas concorrentes, não se cansará enquanto não interferir no seu bolso e na sua vaidade. No início, o celular era o brinquedinho do adulto, hoje é o mascote, o talismã, o fetiche de todas as gerações:

Emojis com cara de crianças, adultos e velhos, todos sorrindo, satisfeitos.

Olha o carro, quer morrer, fio duma égua?

Me olhe nos olhos, com quem você pensa que está falando?

Filho, a mamãe te ama, mas não pode comprar esse celular, pede pro papai.

Amor, dá pra desligar o celular broxante? Ocê tá mais fria do que a tela.

Se quiser morrer não esqueça de desbloquear o celular…

Vamos iniciar a conferência, favor desligarem o celular, saíram todos!

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