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Crônica

A janela da imaginação (O dia do livro)


A janela da imaginação (O dia do livro) - Gente de Opinião

Das janelas cerebrais a que mais projeta vistas ilimitadas é a da imaginação, mais até que a do conhecimento, e a única que singulariza o ser humano no reino animal. Imaginação e fabulação são irmãs siamesas no mundo das artes literárias, que usam a mamãe criatividade na hora de liberar do cérebro o potencial das ideias.

O dia de hoje foi escolhido como o Dia Mundial do Livro em homenagem aos escritores Miguel de Cervantes, Inca Garcilaso de la Vega e William Shakespeare, que morreram em 23 de abril de 1616. Nesse dia, grandes obras da literatura mundial são relembradas, discutidas e reverenciadas. É uma oportunidade para celebrar os títulos de autores consagrados.

Quando adolescente fui um apaixonado pela escritora inglesa Agatha Christie, romancista, contista, poetisa e dramaturga, falecida em 12 de janeiro de 1976, aos 85 anos. A mim impressionava como ela movimentava as personagens dentro da trama, como se cada uma tivesse um cordão preso às costas e se deixasse puxar pela criatividade e imaginação. Os finais de suas histórias sempre escondiam uma surpresa, segredos que desafiavam o leitor a descobrir o assassino, antes que lesse as últimas páginas ou o último parágrafo. Um desafio que nos instigava à leitura de outros títulos.

Conhecer Hercule Poirot, um policial belga aposentado, maior personagem da escritora, foi um prazer à parte, algo como ser apresentado à materialização da inteligência. Não havia casos policiais complicados que o detetive baixinho, careca, pernóstico e vaidoso de seus bigodes encerados, não desvendasse. Um verdadeiro talento, engendrado nas sinapses cerebrais criativas da genial escritora.  Só Shakespeare e a Bíblia venderam mais que Agatha Christie, traduzida para mais de cem idiomas.

Eu li cerca de trinta títulos dos mais de oitenta livros publicados pela Dama do Crime, muitos se perpetuaram na memória como Os Crimes ABC, Hora Zero, Assassinato no Beco, Cai o Pano, Assassinato no Expresso Oriente, O Homem do Terno Marrom e O Caso dos Dez Negrinhos, a obra de romance policial mais vendida da história, além de figurar na lista dos livros mais vendidos de todos os tempos, independentemente de seu gênero, Ten Little Niggers, foi escrito em 1939.

Uma janela literária, com tantas vistas memoráveis, incentiva a escrita em nosotros, escritores de meia tigela, como um exemplo de imaginação e criatividade na arte da fabulação.

Ainda carrego comigo uns vinte exemplares da genial escritora, dormem mofados nas prateleiras de meu escritório, de vez em quando eu acaricio um, leio um capítulo de outro, e logo sou obrigado a cheirar álcool para parar de espirrar, mas compensa o esforço saudosista, ao menos para lembrar de um tempo em que não havia computadores e muito menos celulares, nem por isso as pessoas deixavam de se divertir.

Nos dias de hoje, os meus versinhos escolares, aprendidos com a professora Maria, “Quem não Lê, Mal fala, Mal ouve, mal vê”, foram trocados por: “Quem não tem Facebook, Instagram, Whatsapp e Twitter, Quem não assiste o Youtube e a TV, Mal vive, Mal se integra, Mal vê.    

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