Segunda-feira, 20 de outubro de 2025 - 08h10

As tensões da geopolítica contemporânea se
exacerbaram nos últimos anos, colocando em risco a segurança internacional. As
disputas por poder, o que significa conquista de territórios (preferencialmente
ricos em petróleo&gás e minérios estratégicos) tem levado a guerras, ao
intervencionismo, as violações diretas da soberania dos países. A lógica colonialista,
imperialista tem prevalecido diante do medo do Ocidente de uma nova ordem
internacional, onde o multilateralismo ditaria as regras.
O declínio da hegemonia dos Estados Unidos, a
ascensão da China, a formação de um mundo multipolar são os ingredientes
internacionais em que o Brasil está inserido como uma potência energética
renovável, com uma abundância extraordinária de terras raras e com uma
diplomacia que tem conduzido as relações com outros países através de meios
pacíficos, promovendo os interesses nacionais, defendendo sua soberania,
buscando a paz e a cooperação internacional, e resolvendo conflitos de forma
pacífica. Tudo ancorado nos princípios do Direito Internacional e na tradição
de neutralidade e mediação.
É esta doutrina pacifista que tem prevalecido e
levado o país a sua atual posição de liderança e reconhecimento internacional.
E não será possuindo armas nucleares, se utilizando da dissuasão como
estratégia que manterá a paz. Em vez de evitar conflitos, a disponibilidade
de armas de destruição em massa é um convite, pois ao invés de dissuadir
um primeiro ataque, pode convidar a um primeiro ataque. As armas nucleares
criam desconfiança e desviam recursos financeiros que poderiam ser aplicados,
por exemplo, em acabar com a fome global, e outras mazelas que atingem a
maioria da população mundial.
Diante do atual contexto internacional a gravidade
da ameaça nuclear paira sobre toda a humanidade, e não somente devido às armas
nucleares, mas também ao fato da disseminação de usinas
nucleares produzirem elementos radioativos que são altamente prejudiciais
à vida no planeta, e que podem ser utilizados para a fabricação de artefatos de
destruição em massa.
Hoje no mundo nove países possuem armas nucleares:
Estados Unidos, Rússia, França, China, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e
Coreia do Norte. E outros países podem dispor de armamentos nucleares através
de pactos e acordos de defesa mútua com países detentores destes artefatos,
burlando assim o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), o Tratado de
Proibição Completa de Testes Nucleares. Recentemente o Paquistão (não
signatário dos tratados de não proliferação) assinou um pacto de defesa mútua
com a Arábia Saudita, o que pode significar que mais um país do Oriente Médio
terá armamentos nucleares. No comunicado de ambas chancelarias está dito
claramente que qualquer agressão contra qualquer um dos países será considerada
uma agressão contra ambos.
Mais recentemente o Ministro de Minas e Energia, o
ministro que tem “boas ideias”, defensor da expansão de usinas nucleares no
país e de uso da energia nuclear para a defesa, tem declarado, depois
desmentido, novamente declarado, que o Brasil deveria usar a energia nuclear
para fins de sua defesa (não diz fabricar a bomba, mas utiliza eufemisticamente
o termo segurança nacional), justificando a necessidade de defender o país.
Nesta mesma direção começa a avançar entre parlamentares (lembrando que o atual
Congresso nacional, o pior desta geração, está repleto de parlamentares fascistas),
a ideia de que a mudança no cenário geopolítico e a atual corrida armamentista
global fará o Brasil ter que debater o assunto em algum momento.
Neste mês de outubro um deputado da extrema direita
anunciou que está em via de apresentar um projeto de emenda constitucional
(PEC) que autorizará o Brasil a produzir armas nucleares. Para que a emenda
seja protocolada, são necessárias assinaturas de 171 deputados, que estão sendo
recolhidas. Atualmente, a Constituição Federal de 1988 determina que "toda
atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins
pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional". A proposta altera
este trecho, retirando a menção "fins pacíficos".
Mas, por ora, não há mobilização política
relevante para fazer o projeto avançar. Desde 1998, o país é signatário do
Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. Todavia membros da classe
dirigente e entre políticos extremistas o assunto começa a tomar corpo, e como
sempre sem a participação da sociedade.
Historicamente a relação entre o uso da energia
nuclear para fins energéticos e para fins militares é muito estreita. O
Programa Nuclear Brasileiro surgiu durante a ditadura cívico-militar e até
hoje atende demandas de setores da Forças Armadas fascinados pelo poder
que a energia nuclear lhes traz. Utilizam a justificativa da necessidade de
proteção e de segurança das nossas fronteiras, e de nossas riquezas.
O Brasil domina a tecnologia do ciclo do
combustível nuclear, mas não fabrica armas nucleares, pois além do veto
explícito na Constituição Federal, também é signatário do Tratado de Não
Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e do Tratado de Tlatelolco que
estabeleceu a América Latina e o Caribe como Zona Livre de armas nucleares. O
que preocupa, é que segundo a World Nuclear Association, o Brasil é uma das 13
nações capazes de enriquecer o urânio, utilizado predominante nas atuais bombas
atômicas. Para a fabricação da bomba tupiniquim seria necessário realizar uma
reconfiguração, aumentando o número de centrífugas na fábrica de Combustível
Nuclear (FCN) da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), localizada em Resende
(RJ). Além da mudança constitucional e o abandono dos tratados internacionais
que é signatário.
Diante da composição do atual Congresso Nacional, infestado
de fascistas da extrema direita raivosa, com tentativas de mudança
constitucional, e com ministro do governo Lula encampando a necessidade de
fabricação da bomba, a luz de alerta acendeu. Enquanto país pacifista devemos
nos posicionar e agir contra a bomba tupiniquim e contra as usinas nucleares.
Artigo publicado no site da jornalista Tania
Malheiros
https://taniamalheiros-jornalista.blogspot.com/2025/10/bomba-atomica-do-ministro-alexandre.html
___________________
*
Professor associado aposentado da Universidade Federal de Pernambuco, graduado
em Física pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP/SP), mestrado em
Ciências e Tecnologias Nucleares na Universidade Federal de Pernambuco
(DEN/UFPE) e doutorado em Energética, na Universidade de Marselha/Aix,
associada ao Centro de Estudos de Cadarache/Comissariado de Energia Atômica
(CEA)-França. Integrante da Articulação Antinuclear Brasileira.
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