Domingo, 17 de janeiro de 2010 - 10h27
Bruno Peron
A relação intergovernamental entre Colômbia e Venezuela não está nos melhores momentos. Apesar de parecerem dois irmãos que não se bicam, o discurso do presidente colombiano Álvaro Uribe reitera que a política exterior de seu governo preza pela irmandade entre os povos que habitam estas nações. É válido até este ponto. O conflito, de ser assim, situa-se na arena de interesses divergentes dos mandatários e projetos dissonantes de resolução de problemas internos e inserção internacional.
Enquanto Uribe se conforma com a aproximação da Colômbia aos países nórdicos e tidos por mais desenvolvidos, o estadista venezuelano Hugo Chávez profere contra as investidas do “Império” na América Latina e obstina-se em apresentar projetos alternativos de integração entre os países da região, como a Alternativa Bolivariana para as Américas (ALBA). Os dois governantes falam de irmandade, porém analistas retomam frequentemente as categorias de esquerda e direita para situar quem é quem.
É dúbia a política colombiana que visa à luta contra o narcotráfico e o terrorismo através da abertura à ingerência dos Estados Unidos, cujo país tem sido historicamente um dos responsáveis pela espoliação da América Latina. Um tratado entre Bogotá e Washington autoriza o uso de sete bases militares colombianas a fim de que forças armadas forâneas somem-se às internas no combate ao tráfico de drogas, ondas de sequestro, assassinatos e outras demonstrações de violência. As tropas dos Estados Unidos, no entanto, travam guerras desnecessárias no Oriente. Que esperaríamos deles?
A crise diplomática entre Colômbia e Venezuela não é um bom princípio de ano novo na região senão um processo que estes países não têm podido conter devido ao descompasso entre os ideais de seus governantes e à orientação de suas políticas exteriores. Voltam a valer as hipóteses de que atores forasteiros promovem a desintegração da América Latina. A instabilidade política na região afeta os que dependem do passo frequente na fronteira ou do comércio entre os países.
Em meados de 2009, Uribe acusou a Venezuela de embargar contra a economia colombiana nos moldes do que os Estados Unidos fazem com Cuba desde pouco depois do triunfo da revolução. Exageros à parte, os discursos mais recentes de Uribe desmentem qualquer plano de guerra ou retaliação contra a Venezuela. Afinal, segundo ele, os dois países são irmãos. Se dependesse do efeito das palavras, Chávez sairia convencido. A realidade, porém, é outra.
A perenidade dos conflitos internos na Colômbia, que se devem em parte à incapacidade de os governos atenderem à demanda de guerrilheiros do sul do país e outros grupos que não se sentem suficientemente representados na política, tem induzido o país a buscar auxílio externo. Os vizinhos Equador e Venezuela resistem em aceitar a estratégia de reconciliação interna elaborada por Uribe e acabam por denunciar suas políticas como uma ameaça à integração dos povos sul-americanos.
Sobre as tentativas de análise da relação diplomática entre Colômbia e Venezuela, prefiro não acreditar que exista um verdadeiro e um falso, embora haja enormes inconsistências entre o que os discursos pregam e o que a realidade demonstra sobretudo no caso colombiano. Certas categorias de interpretação são inadequadas numa situação tão complexa, delicada e que envolve a vida de milhões de cidadãos que efetivamente nunca se enxergaram fora da irmandade.
Antes de que os ianques pisem em solo colombiano a fim de lutar por causas mercenárias, é desejável que façam ao menos uma oração com as palavras de Simón Bolívar, herói da libertação e da integração latino-americanas. Na negativa, o arrependimento poderá ser mais doloroso.
Bruno Peron Loureiro é mestre em Estudos Latino-americano
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