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Artigo: A Porto Velho que (re)encontrei


 
Ironi Andrade

Resido na cidade de Passo Fundo, norte do Rio Grande do Sul. Conheci Porto Velho em 2002. De então, até 2005, foram sete viagens a esta terra que aprendi a admirar e (por que não?) amar também.

Entre 2005 e 2009, fiz uma pausa em minha peregrinação por estas bandas, porque minha agenda não permitiu que ministrasse mais cursos, treinamentos e palestras nesta região do Brasil.

Mas retornei agora, julho de 2009, e, confesso, surpreendi-me com tudo o que vi, ouvi e senti. Como Porto Velho está pulsante! Se, noutras épocas, o ouro brotou deste chão bendito, parece que, agora, o progresso emerge a cada instante e em cada canto.

Mas, para ser sincero, retornarei à minha terra levando comigo, também, algumas preocupações, sérias, seriíssimas.

Um verdadeiro surto desenvolvimentista toma conta da região, sem dúvida. E de Porto Velho, em especial. Mas há providências a serem tomadas rapidamente, muito rapidamente.

Eu, como simples observador, isento, portanto, de qualquer tendência político-partidária, sinto-me autorizado a fazer algumas observações.

Dentre todas, uma que julgo mais necessariamente urgente dirige-se ao poder público. Nesse sentido, faço um veemente, e quase desesperado, apelo: senhores governantes (municipal e estadual), não percam o trem da história. Preparem Porto Velho para a fartura que está aportando por aqui.

Se é verdade que o povo é incrivelmente cortês, prestativo, humano e, na minha opinião, altamente confiável, também é  verdadeiro que a prestação de serviços e a urbanização estão deixando muito a desejar.

Sem querer, absolutamente, jogar lama em tudo quanto, com muito zelo e incontido carinho, tem sido feito, sou obrigado a alertar que muito, mas muito mesmo, ainda está por se fazer.

E esse bastante ainda a fazer, parece-me, impõe pacificação de espíritos e união dos governos (estadual e municipal) a fim de equipar a capital rondoniense para a prosperidade que se avizinha.

De forma mais particularizada, vi o setor hoteleiro asfixiado e com atendimento não mais que apenas regular; observei o setor de restaurantes com filas enormes e profissionais deficientemente treinados; encontrei as vias públicas congestionadas, mal pavimentadas, (perdão!) sujas, com passeios (quando existem) perigosos e qualquer cuidado; notei que o patrimônio cultural (sobretudo aquele que reconta a história da viação férrea) deteriorando-se.

Essas coisas, perdoem-me, depõe contra tudo o que está acontecendo e o desenvolvimento que chega a este rincão. Um empresário, medianamente instruído, observa muitos detalhes antes de se decidir por investimentos vultosos em qualquer região do país.

É claro que potencial energético conta; é claro que entroncamento hidro-rodo-aéreo-ferroviário decide. Mas é claro, também, que o setor de serviços é um parâmetro para medir a possível mão de obra disponível e o bem viver, tão necessário à vida humana.

Vejo a necessidade de investimentos maciços em ampliação e modernização do aeroporto, muito acanhado e deficiente para quem pretende ser próspero. Sinto que a engenharia de trânsito tem de entrar em ação urgente, urgentemente. Se não houver profissionais, competentíssimos, disponíveis no mercado, que se os busquem onde eles estiverem. Não duvido de que o arruamento uniforme e o embelezamento de praças e canteiros públicos seduzem qualquer viajante e/ou empreendedor. Entendo que a prestação de serviços em hotéis, restaurantes, postos de revenda de combustíveis, táxi, ônibus e comércio fazem a diferença. Não consigo pensar em desenvolvimento numa cidade em que se leva (como levei) mais de uma hora para obter uma nota fiscal avulsa, porque fulano não compareceu ao trabalho e beltrano simplesmente desapareceu do posto.

Enfim, são muitas as providências a serem tomadas. O tempo é escasso. Hoje, mais do que nunca, em Porto Velho, o adágio “De boas intenções, o inferno está cheio” precisa ser sepultado. Nada de discursos; muita atitude. Um estado tão novo não há de descurar ante possibilidade de fartura tão evidente.

O estado e o município, independentemente de personalismos ou picuinhas político-partidárias, precisam dar-se as mãos e fazer o que tem de ser feito. É uma época tão especial na história de Rondônia que não se trata mais de ver de quem é a obrigação. É o bem do estado e a felicidade do povo que está em jogo.

É claro que, nesse mutirão que se haverá de fazer, a participação de entidades de classe, de faculdades e/ou universidades, do empresariado e de todos os organismos que, de uma maneira ou de outra, possam ser chamados a colaborar torna-se vital.

Não quero que me julguem mal. Hoje, e depois das oito viagens que fiz a Porto Velho, já não sei para onde meu coração em empurra. É, pois, por amor a um estado, a uma cidade e a um povo que faço este apelo: unam-se, todos, pelo progresso e pelo bem do povo, que se avizinham!

* O autor é  professor, advogado e palestrante

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