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Alto Madeira: Todos os ciclos em uma História


Por Júlio Olivar * 

Falar às atuais gerações trazendo em seu bojo toda uma gama de histórias contadas e com as quais se funde e se confunde.  Eis o Alto Madeira. Assume, com maestria, uma grandeza subjetiva pela sua resistência e superação. Já foi parte de um grande conglomerado, o lendário Diários Associados, mas, desde 1970, tem à frente os irmãos Tourinho. Nisso reside seu heroísmo! Mantém uma linha editorial oxigenada, atualizada e muito respeitável por justamente ser comandada por jornalista. E é raro um jornal cujos mantenedores são jornalistas.

Fazer um jornal diário exige uma enormidade de sacrifícios de pessoas que são mais do que profissionais. São sacerdotes. Não existe jornalismo sem idealismo. E um jornalista que se preza é um “romântico” em tempo constante, mesmo ante a premissa de se ser frio, calculista e até cáustico no exercício de sua atribuição maior: narrar de forma impessoal ou emitir opiniões que acrescentem no debate que legitima a democracia. O desejo de “mudar o mundo” no fundo está sempre vivo no pulsar do coração do bom profissional da comunicação social. O honorável jornalista Euro Tourinho é o estereótipo do que ora afirmo. Um sacerdote das letras. Um humanista. Um homem bom. São 60 anos dedicados ao Alto Madeira, sempre com probidade e compromisso com a memória, a cultura e a cobertura isenta e responsável dos acontecimentos locais e regionais.

Euro é o escriba-mor, conselheiro e patriarca digno de se sentar à cabeceira. Mas um jornal é feito a muitas mãos e mentes. De modo que todos merecem ser cumprimentados nesta data. Os atuais profissionais - e destaco os meus diletos amigos Ciro Pinheiro, membro do jornal desde 1967, José de Holanda, jovem competente  - e os antigos atores da redação do jornal fundado por Joaquim Tanajura em 1917. O labor da equipe começa desde a reunião de pauta, ao apuramento das informações, passando pela redação até chegar ao prelo e, finalmente, a distribuição do matutino.  E ainda tem a luta pela manutenção material que não é nada fácil e nem barata. São etapas de um cotidiano tenso que só quem é do meio é capaz de sentir.

O Alto Madeira foi o primeiro jornal a “falar” em português nestas bandas. Começou numa Porto Velho infante, arraial barranqueiro, de quatro anos apenas, miúdo, acanhado, de futuro incerto e cuja população era uma torre de babel por conta dos tantos migrantes, advindos de 50 pátrias, que aqui aportaram para a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.

O jornal sobreviveu a todos os ciclos – do da borracha, do Ouro, ao do das usinas –, e percorreu os caminhos da Porto Velho quando a cidade atendia pelo nome de Santo Antônio do Madeira. Depois, fora capital de território federal do Guaporé, em 1943, e capital do estado de Rondônia, em 1981. O AM esteva aqui, desde a dominação por norte-americanos e, quando a cidade era, oficialmente, parte da província do Amazonas (depois de pertencer ao Mato Grosso), até chegar ao que é hoje: a 46ª mais populosa e a capital que mais cresce economicamente no Brasil, conservando suas raízes cosmopolitas, indígenas e ribeirinhas. 

Enfim, o matutino-orgulho de Porto Velho se firmou no imaginário popular como um símbolo da cidade que tem raízes e tradições irrompíveis. O Alto Madeira é parte de uma odisseia que consiste a construção de uma cidade em plena Amazônia.  Tornou-se, pelo seu pioneirismo, um patrimônio histórico-cultural que deve sempre ser reconhecido como tal. Mais do que registrar os fatos, o Alto Madeira se inseriu e entrelaçou na construção do município e do estado. É parte viva e vibrante desta História que nos enche de orgulho.

 
*Júlio Olivar é diretor de Comunicação Social do Governo do Estado de Rondônia

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