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A greve dos médicos


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O direito à greve é legítimo no Brasil, quando esgotados todos os meios de negociação e conciliação entre as partes, segundo ensina a Constituição Federal, em seu artigo 9º, cabendo ao judiciário punir os excessos. Longe de mim, por isso mesmo, considerar abusiva a greve dos médicos rondonienses, cuja declaração de ilegalidade ou não cabe ao Poder Judiciário, a quem compete analisar se o movimento paredista está ou não em conformidade com a legislação em vigor.

Infelizmente, na queda de braço entre governo e grevistas, quem mais sofre é a população, principalmente os segmentos mais carentes da sociedade, que dependem, exclusivamente, do sistema público de saúde, pois lhes faltam meios para pagar as altas mensalidades da rede particular. É como na briga entre o mar e o rochedo, quem leva a pior é o marisco, que é atirado contra as pedras.

O impasse está criado. É preciso que se comovam tanto o governo quanto os grevistas. A greve, repita-se, é um direito de todo trabalhador, mas passa a ser uma agressão contra esse mesmo trabalhador, se, no instante em que ele busca utilizar-se de serviço pelo qual paga, por meio de impostos, taxas e contribuições que recolhe, vê as portas se cerrarem diante de si.

Não é novidade para ninguém que os salários pagos aos médicos pelo governo de Rondônia, independentemente da especialização, estão entre os piores do Brasil. E não somente aos médicos, mas, também, aos demais profissionais da saúde.  O filho de um amigo meu concluiu o curso de medicina em Porto Velho. Trocou a capital por São Paulo, para ganhar três vezes mais.

Ao contrário do que muitos pensam, não é fácil concluir um curso de medicina, começando pelo preço da mensalidade, hoje em torno de R$ 10 mil. O médico precisa estar sempre atualizado sobre as novidades da medicina para oferecer um atendimento de qualidade à clientela, o que implica participar de congressos, palestras, seminários e conferências. E isso custa caro. Além do mais, o médico estuda para salvar vidas. Ele não tem o condão para realizar milagres, como exigem alguns governantes, sempre ágeis no gatilho na hora de cobrar resultados, mas lerdos como um cágado no momento de oferecer aos profissionais da saúde as mínimas condições salariais e de trabalho necessárias e indispensáveis para que eles possam realizar suas atividades com dignidade e eficiência.

Governo e grevistas precisam chegar a um acordo o mais rápido possível. Enquanto ninguém arreda um milimetro em suas aspirações, a população vai continuar sofrendo ainda mais os efeitos do movimento paredista.

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