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A Europa autodestrói-se se conduzida por uma visão unilateral americano-alemã


António CD Justo - Gente de Opinião
António CD Justo

Ministra dos Negócios Estrangeiros alemã fez má Figura na China

 

As últimas visitas da França (Emmanuel Macron) e da Alemanha (Annalena Baerbock) à China são sintomáticas e expressão de dois polos europeus (nórdico e latino) que, no fundo, se contradizem, quando seria da sua natureza complementarem-se. De um lado Mácron e do outro lado a ministra alemã dos Negócios Estrangeiros (1): o francês representando mais a diplomacia europeia foi recebido na China em festa e despedido honrosamente e a alemã mais representante dos anglo-americanos, foi recebida com distância e despedida sem sequer um aperto de mão, como se pode ver na conferência final de imprensa comum. A política alemã ao identificar-se com a política militar americana já não tem muito a dizer numa política mundial a delinear-se na multipolaridade. O fatal na questão não é tanto o problema alemão, mas o facto de com ele ser também arrastada a política europeia. Um vislumbre de esperança oferece a posição do presidente francês para a Europa que poderia levar os governantes europeus a deixarem de ser meros atrelados da visão anglo-saxónica.

A sobranceria do comportamento germânico repetidamente manifestada nas “aparições” da sua ministra Baerbock é descabida porque de facto, a Alemanha  não tem força nem peso militar, perdeu a energia barata da Rússia e com isso a força económica, não tem conceito político próprio,  tem uma cultura  cada vez mais enfraquecida com o paulatino abandono do idealismo alemão em benefício da anglo-saxónica (2);  na pessoa de Baerbock a Europa arvorou-se em juiz da China sem atender sequer aos bons  costumes da diplomacia seguindo as pegadas da arrogância provinciana e teatral de Zilenskyl! Baerbock e com ela a Alemanha pouco tem a dizer aos chineses e menos ainda quando reduzida (pelo menos exteriormente) a mera embaixadora da atitude militar americana. A China sabe que a administração americana não respeita ninguém e por isso pode permitir-se não tomar a sério a representante da Alemanha.

No que toca à guerra entre os EUA/OTAN e a Federação Russa na Ucrânia, a China sabe também que a opinião pública europeia se encontra equivocada devido a uma comunicação social europeia profundamente comprometida com os interesses americanos e por isso mais interessada em induzir em erro do que interessada numa discussão pública objecctiva.

Em nome de uma crise que nós mesmos provocamos com o boicote económico sacudimos do próprio capote os males que encomendamos ao, desavergonhadamente, explicar-se o encarecimento da vida com a culpa de outros! Vamos esperando que esta loucura passe.

No meu entender, a China ao contrário dos EUA tem apostado na economia e numa relaç1bo económica interesseira mas séria com outros países e não na força militar como cuidam os EUA; por isso a China que se transformou em primeira potência económica mundial tem a melhor posição para se tornar numa verdadeira medianeira da paz! Na Ucrânia os sinos já tocam a finados para a despedida do século americano no mundo! A má informação europeia relativamente à guerra da OTAN e da Federação russa na Ucrânia não tem em consideração o desenvolvimento das nações a nível de blocos no mundo nem a geopolítica a jogar-se na Ucrânia que não considera os interesses vitais da Rússia na passagem para o Mar Negro, contencioso semelhante ao que se está a preparar no estreito de Taiwan (Formosa) devido aos interesses do Ocidente no estreito, como estrada comercial importantíssima onde passa 50% das mercadorias mundiais. Só uma política de paz poderá resolver de modo a respeitar os interesses da Federação russa numa região e os interesses ocidentais na outra. Doutro modo a seguir à guerra na Ucrânia teremos a guerra na Formosa.

António CD Justo

Notas em: Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=8462

 

 

COMUNISMO E CAPITALISMO RESULTANTES DE DIFERENTES ÉTICAS - A CATÓLICA E A PROTESTANTE

Atualidade da matriz católica e da matriz protestante

A ideia leva à acção como garantia de desenvolvimento (1).

No atual conflito internacional (ocidente-oriente), também consequente da preponderância ocidental mundial, assiste-se à continuação do debate entre a matriz social/antropológica de cuno católico e a matriz social/antropológica de cunho protestante. Estes são como que os dois polos de uma mesma realidade no processo de desenvolvimento social e individual. Se por um lado no catolicismo se destaca o movimento centrípeto (a comunidade) no protestantismo e na sociedade anglo-saxónica acentua-se o movimento individual centrífugo em relação à comunidade.

A sociedade e a natureza deixam-nos livres, mas também presos; nelas se constata que a autonomia só é possível no relacionamento. Daí a emancipação ter de ser vista num relacionamento processual de maturação recíproca e como processo de complementaridade inclusiva.  

(Que seria da árvore sem a terra que a sustenta? A negação de uma significaria o fim das duas!).

Uma emancipação Voluntária (2) acontecerá entre a emancipação familiar/social/individual e a emancipação legal/institucional e não numa conexão de subjugação de uma em relação à outra...

A verdadeira emancipação (autonomia individual) não pode esquecer a sua natureza relacional, a necessidade de um habitat cultural (Deus, “Pátria” e Família) doutro modo transforma-se em meteorito, fora de órbitra, que se autodestrói devido à inércia e à resistência do espaço-tempo ou acaba num buraco negro que tudo sorve!...

O processo de autoafirmação em oposição à comunidade só poderá ser compreendido como fase adolescente numa conjuntura especial de individuação, mas não como atitude sã e equilibrada permanente (a tensão interpolar é o factor de desenvolvimento em intercâmbio) ...  

Enquanto a sociedade islâmica se apropria da singularidade individual subjugando-a à comunidade (aquisição de valor pela funcionalidade), a sociedade ocidental destrói as ligações à comunidade de maneira à pessoa se tornar num indivíduo sem características que o definam (e na consequência caminha-se para a anonimidade da pessoa como um abstrato funcional pragmático sem capacidade de autorresponsabilidade); na deficiência do caracter da comunidade ocidental afirmar-se-á o islamismo de maneira avassaladora na europa para ocupar este défice europeu...

.... Passo a referir-me às diferenças éticas (católica e protestante) para melhor se entender os diferentes ideários entre os povos nórdicos e os povos do sul da Europa e a luta a decorrer entre o polo ocidental e o polo oriental. Muitas vezes combatemo-nos esquecendo que somos irmãos gémeos e de quem somos filhos. Diferentes teologias deram origem a diferentes éticas (salvaguardem-se muitas interpretações e expressões diferentes).

Em geral, a ética protestante baseia-se na crença no trabalho árduo, na economia e na necessidade de se submeter à vontade de Deus (aqui está certamente um dos factores que levou os países protestantes a tornarem-se mais ricos). Se a ética protestante acentua a consciência individual baseada na Bíblia (o indivíduo), a Igreja católica baseada nos ensinamentos da Igreja Católica acentua a autoridade transmitida através da igreja (a comunidade) e das tradições. A ética protestante enfatiza a justificação só pela fé (aspecto individual) e a ética católica além da fé acentua também a importância das boas obras e da cooperação com a graça (aspecto comunitário). Se para o protestantismo o importante é o relacionamento pessoal com Deus (distinção individual) a ética católica afirma especialmente a importância da graça e dos sacramentos (timbre comunitário) e não esquece a relação pessoal directa com Deus na mística e a nível moral a consciência individual como juiz soberano. Também no que respeita às virtudes há acentuações diferentes; se a ética protestante acentua a importância de virtudes como diligência, economia e responsabilidade pessoal, a ética católica enfatiza a importância de virtudes como misericórdia, caridade e solidariedade. De resto, a ética protestante tem uma forte incidência no trabalho e acentua a responsabilidade pessoal pelo sucesso na vida, a ética católica acentua o amor e a misericórdia para com os outros e a importância da comunidade e de defender os fracos (justiça social). Neste sentido a ética católica frisa a importância de virtudes como humildade, paciência, modéstia, bravura e justiça e convida os fiéis a viver e expressar essas virtudes nas suas ações diárias; exorta os fiéis a expressar a sua fé por meio das suas acções e a usar a razão no que toca a tomar decisões morais!

Também a cultura europeia não deveria tornar-se propriedade nem presa fácil de sistemas alheios a ela nem de mundivisões internas de esquerda ou de direita. Os dois polos para continuarem a ser integrais europeus ou globais terão de respeitar-se como partes integrantes do todo: o combate recíproco serve a autodestruição e a absorção por forças alheias mais fortes. O partidarismo aferrado e não tático apressa a derrocada da cultura europeia...

A divisão da ética cristã abrangente em dois polos opostos estilhaça a unidade e a perfeição cristã e com ela a alma cultural da Europa. Temos de nos encontrar para voltar a reencontrar a Europa e as suas fontes e nela o mundo. O cristianismo não ideologizado continua a ser a oferta integradora de indivíduos e sociedades numa relação fraterna de povos, religiões e culturas. Comunidade e individualidade são as rodas de um mesmo eixo que proporcionam o desenvolvimento humano e histórico.

A matriz católica e a matriz protestante expressam uma certa atualidade nos motivos da guerra a decorrer na Ucrânia onde se debate o sistema individualista anglo-saxónico com o sistema comunitarista oriental. O modelo anglo-saxónico (egocêntrico) encontra-se em decadência tal como o modelo da Idade Média se encontrava no surgir do Renascimento.

António CD Justo

Texto completo e notas em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=8457

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