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Confúcio participa da tradicional festa do Divino Espírito Santo


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O governador do Estado, Confúcio Moura, acompanhado da secretária dos Esportes, da Cultura e do Lazer (Secel), Eluane Martins, e do diretor do Departamento de Estradas e Rodagens (DER), Lucio Mosquini, participou no sábado (18), das comemorações de encerramento da 119ª Edição da Festa do Divino Espírito Santo, realizada em Pedras Negras, distrito de São Francisco, no Vale do Guaporé.

Na fronteira Brasil-Bolívia, às margens do Rio Guaporé, caboclos de origens indígenas e quilombolas mantém viva a tradição que se perpetua por mais de um século. Com duração de 50 dias, contados a partir da páscoa, a celebração ao Divino Espírito Santo envolve um verdadeiro exercito de soldados da paz, imbuídos da missão de levar a mensagem de amor e esperança aos mais recônditos cantos da Amazônia. 


 

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“É uma festa muito expressiva, emocionante, representa a autenticidade do nosso povo, mostra como ela foi a 119 anos preservando os rituais, as tradições. É realmente algo comovente que eles propagam de forma singular. Este é o segundo ano que venho e sempre gosto muito”, declarou o governador Confúcio Moura.

História

Aos 78 anos, Dionísio Faustino é o Imperador desta edição do evento. Responsável maior pela celebração e autoridade máxima dentre os personagens que compõe o cortejo, é uma pessoa simples, de fala pausada e forte. Seu olhar cansado transpassa a consciência do dever, também expressa na forma de falar. É ele quem conta um pouco das origens e alerta para que as tradições não fiquem para traz em meio a velocidade da evolução tecnológica.

De acordo com Dionísio, o culto ao Divino foi levado ao Guaporé por volta de 1894, por Manoel Fernandes Coelho, ao mudar de Vila Bela do Mato Grosso para a localidade de Ilha das Flores, trazendo a coroa e outros adeptos da irmandade. Todos os anos posteriores até o ano de 1932, o Divino foi festejado naquele local, sendo então, os festejos transferidos para Rolim de Moura.

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Em 20 de maio de 1934, na Capela de Nossa Senhora do Carmo foi aprovado o estatuto onde ficou decidido que as festividades seriam realizadas em Rolim de Moura enquanto não houvesse outra Capela ou Igreja no Vale do Guaporé. Em 1937 foi construída em Pedras Negras a Capela de São Francisco e no dia 23 de maio, realizado o primeiro festejo na localidade.

De 1937 a 1945 se alternaram as celebrações entre Pedras Negras e Rolim de Moura. Com o surgimento da Capela de São Miguel, na localidade de Limoeiro, as festividades foram realizadas também naquela local nos anos de 1945 e 1947. De 1948 a 1953 obedeceu um rodízio entre as localidades de Pedras Negras, Rolim de Moura e Limoeiro. 

Em 5 de junho de 1954 foi realizado o primeiro festejo na Capela de São José, em  Versalles, República da Bolívia e em junho de 1957 foram realizados pela primeira vez os festejos do Senhor Divino na Capela de São Sebastião de Costa Marques.

Atualmente a Festa segue o sistema de rodízio, atingindo a cada ano a localidades de Pedras Negras, Limoeiro, Costa Marques, Pimenteiras, Rolim de Moura e Versalhes na Bolívia. A escolha do Local é feita durante o encerramento dos festejos, através de sorteio sendo que em um ano acontece no lado brasileiro e no seguinte no lado boliviano.


Romaria

“Nosso trabalho já tem inicio logo após o sorteio do Imperador, da Imperatriz e da localidade. Temos que pensar nas formas de levantar recursos, ver as pessoas que irão participar e preparar as comitivas, tudo isso com a ajuda da imperatriz que é quem escolhe o encarregado do Batelão, o barco que leva a coroa, o cetro e a bandeira, que são os símbolos do Divino para percorrer o rio, comunidade por comunidade, tanto do lado brasileiro quanto boliviano”, explica Dionísio.

São 13 localidades, sete no Brasil e seis na Bolívia e um total de 36 pontos de parada que a comitiva percorre. “Tive que andar por todos eles falando da importância da festa, de não deixar a tradição cair”.
 
Com relação aos símbolos ele frisa “sabemos que é uma imagem, mas representam o Divino vivo e as pessoas acreditam se trata de fé. Algumas fazem promessas e cumprem direitinho e no outro ano dão testemunho das graças e curas alcançadas”. Referente ao seu trabalho ele afirma que “a pessoa que é sorteada entendemos que é a pessoa escolhida pelo próprio Espírito Santo e a pessoa tem que acreditar porque a coisa é séria, muito séria mesmo”.

 

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Tradição

Eram seis da tarde quando estrondou a ronqueira, uma engenhoca de madeira onde se coloca pólvora e dispara uma espécie de tiro, causando um enorme barulho ouvido por quilômetros de distância mata à dentro e nos barrancos ao longo do rio anunciando o reinicio das atividades. 

Aguardando em baixo da centenária mangueira, conhecido na comunidade como senadinho, onde as pessoas se reúnem para conversar quando estão sem nada para fazer. Eloina Miranda Paes aguarda a novena, aos 54 anos a senhora de origem indígena, conta que o intuito da ronqueira é despertar a comunidade para a chegada do Divino Espírito Santo, tais quais os trovões na morte de Jesus.
 
Acompanhando Eloina, sua nora Eliete José, conta que acompanha os festejos desde 2006, época em que conheceu a comemoração por intermédio da família do esposo. “Pra mim como católica e devota participar dos festejos representa a renovação e um fortalecimento para mais um ano”.

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Às 20 horas, a peregrinação se reuniu em frente a casa do Imperador e seguiu em procissão. Entoando cânticos, com velas na mão e rezas à boca, o cortejo se encaminha até o local onde o mastro com 18 metros de comprimento pintado de branco, vermelho e azul aguarda. Fogos de artifícios são estourados e palavras de exaltações ditas a todo pulmão. Pessoas se emocionam, pedem intercessão divina e outras agradecem as bênçãos alcançadas.

Ao chegar ao mastro, apenas os homens se posicionam. Ombro a ombro e em fileiras dividem o peso erguendo com uma mão cada, o tronco com mais de 300 quilos, é um préstito de fé, força e perseverança. Ao comando do mestre do mastro, tem inicio a caminhada até a frente da igreja, local onde será erguida bandeira.

A união é constante no desempenho da função e ainda assim braços estremecem e por vezes sucumbem ao cansaço e ao peso da carga. É nesse momento que tem inicio os revezamentos, pois o trabalho deve ser cumprido. O mastro deve chegar ao seu local e a bandeira do Divino erigida ao pico mais alto. É o verdadeiro exercício da fé e perseverança que se renova no auxilio entre iguais.


 

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Passo a passo o percurso é vencido, tem-se inicio a segunda etapa da missão, erguer o mastro. Antes, porém, palavras de força e exaltações são novamente entoadas revigorando os ânimos e o símbolo do Divino Espírito Santo, a bandeira vermelha com a pomba branca da paz é fixada no extremo do mastro.

Com a ponta do bastião no chão abre-se a ultima parte da tarefa, levantar o mastro. Parte que requer força, atenção e cuidado devido ao grande risco de acidente. As tesouras, varas com filamento de corda amarrada a ponta são utilizadas e novamente em grupos afixam as tesouras nas posições e pouco a pouco vão avançando conforme o posicionamento. 

Desta forma, a bandeira foi levantada, podendo ser vista a grandes distancias, levando a mensagem de luz, de paz e de amor aos moradores de todo o Vale do Guaporé. É feita ainda a vigília durante toda a noite e festa conclui com os sorteios do próximo Imperador, Imperatriz. A localidade escolhida nesta edição para aproxima festa no Brasil é Porto Rolim e seus habitantes comemoram.

 

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Apoio

“Para a realização do evento, contamos atualmente com o apoio do governo e deputados. Mas pelo ponto de vista, da comunidade, não vemos mais a integração dos irmãos como antigamente”, reflete o Imperador. “O governador estar aqui presente com a gente é muito bom e sentimos nele uma pessoa atenciosa, o vejo como alguém distinto”, complementa.

A festa tem um custo relativamente baixo, segundo a secretária da Secel, Eluane Martins, através de convênio firmado foram investidos R$ 70 mil reais para a realização do evento. “Eu achei muito bonita a manifestação de fé daquele povo que mantém essa tradição religiosa há mais de cem anos. Foi muito emocionante participar da chegada do santo e do mastro em Pedras Negras e pretendemos sim continuar apoiando eventos religiosos como esse sempre que for possível”, afirma.

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“Pras próximas gerações quero que elas continuem com a tradição. Penso em coisas simples como criar uma escolinha para que os mais novos aprendam os ofícios principalmente as musicas, o violão, o caixeiro, que hoje já estão ameaçados de se perderem com a partida dos mais antigos. São coisas que pra nós hoje são difíceis, mas com apoio do Governo podemos conseguir facilmente”, pede Dionísio.

Também estiveram presentes o líder do governo na Assembleia, deputado Estadual Káká Mendonça; a prefeita de São Francisco do Guaporé, Gislaine Lebrinha; e o prefeito de Costa Marques, Chico Território.

Fonte: Romeu Noé / Decom
Fotos: Daiane Mendonça

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